04/06/2008

Soldados do Exército cercam prédio da Rede TV para prender militar gay

Apu Gomes/Folha Imagem
Primeiros militares a assumir homossexualidade, sargentos Fernando Alcântara de Figueiredo e Laci Marinho de Araújo aguardam prisão na Rede TV!; soldados do Exército cercaram prédio da emissora para prender Araújo

Militar que assumiu relacionamento gay é preso em SP

O sargento Laci Marinho de Araújo, de 36 anos, foi preso na madrugada de hoje sob acusação de deserção (crime militar caracterizado por oito dias seguidos de falta ao trabalho). Ele saía dos estúdios da Rede TV!, onde havia concedido, junto com o companheiro de farda sargento Fernando Alcântara de Figueiredo, de 34 anos, entrevista ao vivo ao programa Superpop. Araújo alegou ter se ausentado do Exército devido a problemas de saúde e argumentou estar sendo vítima de preconceito. Os dois sargentos assumiram recentemente, em entrevista à revista Época, manter um relacionamento amoroso desde 1997.
Araújo permanece preso no Hospital Geral de São Paulo, no Cambuci, que também é uma unidade militar, onde é acompanhado por seu parceiro, o sargento Figueiredo, e assistido pelo advogado Ariel de Castro Alves, secretário-geral do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe). No hospital, será feita avaliação do estado de saúde de Araújo. Só então poderá ser tomada uma decisão da Justiça Militar. Durante entrevista ao programa Superpop, os sargentos denunciaram casos de corrupção no hospital militar. Ao fim do programa, eles foram surpreendidos por policiais do Pelotão de Investigações Criminais (PIC) da Polícia do Exército, que foram buscar Araújo.
Segundo o coronel Cesar Augusto Moura, chefe da Comunicação Social do Comando Militar do Sudeste, foi emitido um mandado de busca e captura de Araújo, que é considerado desertor e foragido da Justiça Militar desde o mês passado. Araújo afirmou sofrer de problemas neurológicos, com sintomas de esclerose múltipla. Em 2007, ele passou seis meses fora do trabalho, sob alegação de problemas de saúde. A doença, segundo ele, começou em 2003 e se agravou em 2006. Nesse período, o sargento diz que o Exército lhe concedeu dispensas.
Em 2006, porém, após o médico que cuidava de seu caso ter se afastado, começaram as perseguições. Um dos motivos para a perseguição, segundo ele, seria o fato de que o sargento faria sucesso em Brasília como cover da cantora Cássia Eller. "Forjaram um laudo há 15 dias de que ele estava apto a trabalhar. Mas não tem um neurologista entre os médicos que assinaram o laudo", afirmou seu parceiro. Após esse laudo, Araújo teria de ter se apresentado novamente ao Exército, caso contrário seria considerado desertor. Araújo não se apresentou.
Fonte: Agencia Estado/G1

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