Por Antônio
Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas que já tem a forma de nosso corpo e esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares. È o tempo da travessia, se não ousarmos fazê-la,
teremos ficado, para sempre "a margem de nós mesmos".
Fernando Pessoa
beijos
Resposta
Caro Antônio Pinheiro,
Quando ainda menino, ali por volta dos 12 anos de idade, tinha o meu corpo como um pedaço de papel, era sobre o meu corpo que eu escrevia
Ocultava minhas palavras sob as roupas, por isso usava blusas de manga comprida
Assim o meu livro escrito no corpo continuava inédito
Os rapazes adoravam meu livro (gargalhadas)
Não posso sorrir no momento, esqueci-me que no momento não estou a sós, podem achar estranho esta minha estridente gargalhada,
É que pensei estar a sós no momento
Do que mesmo que eu sorri?
Ah sim, do meu livro
Todos tinham curiosidade por minhas inscrições no corpo
Ao tomar banho o livro era apagado, as palavras eram levadas água abaixo
Eis aqui uma possibilidade de ocupação do vazio
O banho apagava todas as palavras
Com o corpo limpo, o livro apagado, sentia a necessidade de escrever um novo livro, isto que faço até hoje, escrevo e apago, escrevo e apago, por isso dias atrás escrevi e apaguei umas frases, o Edson Barrus me perguntou porque eu havia deletado meu texto, isto foi durante o coletivo "Quarentena Bienal", na verdade eu havia apagado tudo por irritação com o excesso,
ficar em branco novamente e, sobre o espaço branco, começava tudo de novo
No dia seguinte eu estava lá novamente
O Porto dos Homens, onde todos os homens da cidade podiam ficar nús, era um espaço adequado
Eles adoram meu livro
Apenas os homens podiam ficar nus
PS: no Porto dos Homens não rolava sexo, apenas desejo(s)
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