15/12/2008

Pivetta Metida!

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Pivetta Metida!

Pivetta Metida!


Tinha que ser uma Pivetta com dois tês mesmo, Metida! vinda da periferia para colocar o dedo na questão e produzir o maior "acontecimento cultural" contemporâneo. Duas declarações da Pivetta me chamam a atenção: uma) Eu não faço arte para as pessoas gostarem, mas para "olhar". a outra)"A gente não queria estragar as obras "deles", mesmo porque não tinha obra. A obra, "ali", nós que íamos fazer".

Carol, não tà nem ai pra quem acha interessante ou não o que ela faz, ou pra quem acha que ela exagera mais do que deveria no argumento do que na tinta, bem de acordo com o bom-gosto. Mas ela faz para "ver" ao contrário daqueles que fazem coisa para "gostar"...e trocar talvez por dinheiro.

Ela, não é artista primária, faz Arte Visual das boas e tem conseguido reinscididamente usar as forças da visibilidade necessárias às suas ações em repetidas situações no dito "circuito da arte", uma universidade, uma galeria e uma bienal. Porquê tratà-la como criminosa? desclassificando-a como pixadora e não respeitando à sua reividicação de artista que produz uma obra? usando as estratégias de inserção proprias em uma atitude afirmativa que geralmente nos interssa em um artista? Tem beleza corporal nas imagens da Pivetta, de uma agressividade honesta.



O Ministro da cultura ja reconheceu publicamente que foi uma "intervenção grafica" num "evento cultural", portanto um campo, un site especifico da arte como a escola e a galeria, e portanto, um espaço que lhe é de direito.ou não?

E quem protege os direitos constitucionais da Pivetta? A indignação diante da prisão de Carol vai de encontro à liberdade de expressão, um ato cultural, por sinal uma garantia constitucional. Apagar de imediato a inteferência já seria um erro, imagine-se prender um artista ou uma pessoa qualquer por causa de uma visão limitada que não enxerga nenhum significado no ato de Carol, poderiam ter chamado pelo menos o pintor de paredes e não a polícia para prendê-la. Se o curador não quisesse tal prisão era só ter dito aos policiais que soltassem a garota, pois sua manifestação, conforme o divulgado pela imprensa, estava dentro da proposta do evento.


"Esses dias na prisão são ruins para a cultura, a Bienal e o Brasil; ela não destruiu um patrimônio público, ela pichou uma sala vazia numa Bienal em que o público foi convidado a interagir" disse o ministro. a Cultura é um Patrimonio? que patrimonios, então, prendem a Pivetta?

acentuar os limites profissionais, dizendo que "não têm nada com isso", querendo restringir seus serviços à exposição e tentando abrigar-se nos limites da profissão 'curador' quando podemos ver em suas figuras verdadeiras representações da 'bienal arcaica e familiar burguesa', que diz que os Sustos na bienal foi crime contra o Patrimonio Publico Tombado e que não pode fazer nada, pois o espaço publico tombado nao é com ela, O governador diz que não é com ele, O ministro quer a liberdade de Sustos, mas so pode fazer o pedido e não soltà-la. e os curadores dizem que não podem fazer nada, nem deve fazer nada", pois os mesmos são somente contratados para fazer um serviço terceirizado, um projeto para uma abstrata Instituição Patrimonial, num circulo que começa com a uma abstração que contrata o seviço de curadores que dizem que não podem fazer nada, nem devem fazer nada, mas que que assustados com a pivetada chamou a policia, e depois se recusa a assumir responsabilidade dizendo que não pode fazer nada,nada,nada! sem contar as declarações que beiram ao esnobismo institutucional dizendo que não tem que prestar satisfação à artista nenhum. E nem sequer se sabe ao certo se spray sobre " muro de bienal" é considerado como dano ao patrimônio pelos Orgãos de Defesa do Patrimônio? Mas os policiais prenderam a Pivetta porque foram chamados e porque acharam que ouve danos à Arte que se confunde com a história de ver e ela faz arte justamente para as pessoas verem. Mas de que arte se fala? Carol declarou que lá não tinha arte e que ela ia fazer. E fez. Arte das boas, vibrantemente vinda da periferia em vivo contato com o mundo. afetado por ele e afetando todo o mundo. canalizando energias em uma mobilização que hà muito não se via. A Pivetta consegui inscrever institucionalmente o seu gesto através do reconhecimento do Ministro da Cultura. arrebatando um reconhecimento e uma visibilidade no circuito da arte incontestável, sendo ja citada por outros artistas, que mesmo "convidados" reconhecem que a pichação Sustos foi o melhor e maior acontecimento de bienais dos últimos tempos, uma critica real e apaixonada à forma instituida de todas as bienais, inclusive esta, com suas conversas entre amigos em forma de debates. E produziu uma agitação e discursão enooorme, jà reconfigurando algumas posições nesse campo dado da Arte. Isso é o que importa em vez de discussões desinteressantes em defesa do patrimônio familial. Mesmo para quem não acha legal a pixachação, pode achar detestàvel a atitude da 28a Bienal de São paulo e de quem a representa, mesmo que se escondam por detràs das criticas às açoes de "vandalismo", para mascarar o fato de que "não quer" tomar posição. Restam então os dois pontos de justificativa para mantê-la presa: não ter emprego fixo ou renda, nem ter residência comprovada. E desde quando ser morador de rua e desempregado são pretextos para prender alguém? essa discussão faz-se necessária pois têm-se multiplicado os casos de criminalização de artistas que se utilizam do grafiti pelo mundo a fora. geralmente jovens, estudantes ainda ou que deixaram de estudar por questões econômicas, mas que em vivo contato com suas realidades fazem uso dos elementos visuais mais próximos, e por isso mesmo, são expulsos de suas escolas, com seus titulos escolares confiscados como em tempos de AI-5, como bem lembrou Zé Celso: "os agentes culturais são, de repente, os agentes policiais, como era os militares em 1968". Quem prendeu piveta foi o Patrimônio, pois que a solte. Talvêz seja necessário rediscutir a relação da arte com esse patrimônio desumano que prende, contrata, faz e acontece, que pode mais que o governador eleito pelo povo, tirando a força de todos, de ministro, de governo, de artistas, de curadores, de professores e acima de tudo do cidadão e do direito de expressão. Que odeia artista pobre, ou com consciência suficiente para não se prestar a produzir belezas de bom gosto para o consumo burguês. Valeu piveta! mexeu com todos as forças da sociedade e de seu sistema desumano através da imagem, increvendo-se na linhagem de artistas brasileiros porretas, como o Hélio Oiticica quando levou os passistas da escola de samba Mangueira para o MAM, e foi impedido de entrar. E o Hélio, mostrou num belo discurso a impossibilidade da cultura polpular entrar em contato no autoproclamada Alta-cultura, com seus muros-museus-patrimônios, seus agentes culturais policiais, que não somente excluem, como expulsam, prendem e transforma em criminosos, aqueles que não são como nós=eles", reproduzindo o hino de Sarah Palin a respeito do mulato Obama.


Nos tempos de Ai-5 o Cildo fez a pergunta: "Quem matou Herzog?", nos tempos atuais cabe-nos perguntar "Quem prendeu Pivetta?.


bom domigo,


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edson barrus




dimanche 14 décembre 2008

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