Parece milagre, a Conferência da Comunicação está acontecendo apesar do boicote ferrenho das 6 famílias que formam um cartel e mandam no pedaço. Os barões do café, que migraram para o setor midiático e hoje monopolizam a informação, não aceitam mesmo a concorrência, a democracia, a abertura do mercado.
Esta conferência já demonstra que teremos pelo menos um resultado positivo: o de traçar um retrato deste cartel que tem o poder de traçar os destinos deste país, que, é claro, tem o destino que eles traçarem. Este comportamento do baronato da mídia, inclusive os que tentaram boicotar o evento desde o começo, é de estarrecer.
Nesta noite a Globo informou no JN que ela(Globo), Folha, Estadão, Veja, representadas pelas entidades de classe que elas dirigem, resolveram não participar da conferência porque ali seriam aprovadas o controle sobre a comunicação, inclusive o Conselho Federal de Jornalismo que, como tal como o Conselho Federal de Medicina monitora o exercício da medicina, o de jornalismo fiscalizaria os jornalistas, o que o baronato não aceita. Eta gente que tem medo de perder a mamata.
Ainda assim se dizem defensores de princípios como ética, democracia, concorrência, etc. Na verdade, estes que formam o cartel da mídia não gostaram de se ver debatendo a mídia neste País. Inclusive no momento da abertura, ao se elaborar o regimento interno da CONFECOM, o empresariado do setor tentou retirar-se.
A Família Saad, que controla a TV Bandeirantes e Rede TV, ameaçou deixar a CONFECOM caso não fosse dado ao empresariado ali representado, boicotar qualquer proposta polêmica, leia-se, mudança nas regras de concessão, direito de resposta, criação do Conselho Federal de Jornalismo para monitorar o setor, etc.
O direito de veto ao empresariado já havia sido dado ao empresariado no momento da votação final, ou seja, na plenária da CONFECOM. Ocorre que eles queriam mais e conseguiram que eles (empresários) vetem qualquer proposta "polêmica", já nos grupos de trabalho. Que estranho é, 10 pessoas debatendo um assunto num grupo e uma destas pessoas ter simplesmente o poder vetar ali qualquer proposta a ser apreciada numa plenária final.
Gente, cá prá nós, que medo heim. Não sei o motivo pelo qual o baronato da mídia não quer soltar a rapadura. Não sei mesmo. Ou sei? Agora sei. É que a rapadura é muito doce.
A seguir, relatos sobre a abertura da CONFECOM:
Por pouco, Abra deixa a Cofecom
Por Miriam Aquino, 14 de dezembro de 2009
A 1ª Conferência Nacional de Comunicação (cofecom) quase enfrentou uma baixa de última hora: os representantes da Abra (Associação Brasileira de Rádio e Televisão) ameaçaram deixar o ringue na tarde de hoje, quando se discutia o regimento interno. Depois de muita discussão o movimento social e as operadoras de telecomunicações acabaram aceitando a posição do radiodifusores e aprovaram que os " temas sensíveis" poderão ter veto no grupo de trabalho, e não apenas na plenária como se pretendia inicialmente. "Aceitamos as mudanças para não criar um impasse de última hora", afirmou representante das teles, para quem a mudança não interfere na decisão final. "Estamos discutindo a moldura, e não o conteúdo", retrucou representante da Abra, que reune a rede Bandeirantes de Rede TV!.
Pelo regimento interno, as propostas com menos de 30% serão rejeitadas automaticamente e as com apoio de mais de 80% serão aprovadas sem precisar passar pela plenãrio. Sete propotas de cada um dos 15 grupos irão para deliberação final dos delegados.
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Lula abre a Confecom e elogia empresários que ficaram
Por Lúcia Berbert , 14 de dezembro de 2009
O presidente Lula abriu hoje à noite a 1ª Conferência Nacional da Comunicação (Confecom) destacando a importância do debate sobre um novo marco regulatório do setor, que resgate os acertos e corrija os defeitos, que seja suficiente para enfrentar os desafios da convergência de mídia, que estimule a diversidade e evite monopólios e oligopólios. Ele disse que essa tarefa não pode ser feita só pelo governo, nem por um único setor, mas com a contribuição de todos, num diálogo aberto e franco.
Lula fez um agradecimento especial aos empresários que continuaram na conferência, apesar da “sabotagem” de outros grupos empresariais que, segundo ele, saíram “sabe-se lá com medo de quê”. Falou do esforço do governo em lançar o Plano Nacional de Banda Larga, que leve o acesso à internet a casa de todos os brasileiros a um preço razoável e defendeu maior cuidado com as rádios comunitárias, que estão sendo usadas indevidamente por grupos políticos.
Antes de Lula, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, destacou o caráter inédito da Confecom entre as 60 conferências realizadas nesse governo. O presidente do FNDC (Fórum Nacional de Defesa da Comunicação), Celso Schroeder, disse que a conferência servirá para romper o silencio com que a mídia trata a própria mídia; tirar o véu sobre as comunicações e própria debate de forma pública sobre o modelo de comunicação que se quer. A secretária de comunicação da CUT, Rosane Bertoti também destacou a importância do evento.
O presidente da rede Bandeirantes, Jonny Saad, falou em nome dos empresários e fez críticas veladas às Organizações Globo que, segundo ele, funciona como um porteiro da radiodifusão, impedindo o crescimento de todos. Somente os empresários ligados à Abra (Bandeirantes e Rede TV!) e à Telebrasíl (telecomunicações) participam da Confecom.
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