31/01/2010

Capitalismo predatório (Cherisma - I, Glossário, letra C)

Dias atrás tive o prazer de passar uns dias numa pequena propriedade rural, próximo à cidadela de Bela Vista- Goiás.
Fácil acesso, entrei num ônibus a uns 100 metros daqui de casa e, de baldeação em baldeação, cheguei a Bela Vista, onde peguei um ônibus e entrei mato adentro.
Uma agradável viagem.
Na fazendinha da Dona Divina foi vida boa, pés de jaca repleto de frutos, mangas, minas d´agua, bichos cantando e muito verde ao redor.
Eles plantavam de tudo, tudo orgânico, sem uso de pesticidas, além de algumas galinhas e porcos.
A labuta é grande mas eles se disseram satisfeitos.
Falaram dos benefícios trazidos pelo governo federal recentemente:
energia através do programa Luz Para Todos,
médicos através do Programa de Saúde da Família,
venda do excedente da produção através de um programa da CONAB (que compra o excedente, carnes, veduras, leite, etc, para fornecer a aslos, escolas, creches).
Só não gostei do estrago feito nas redondezas pelas plantações de soja.
Notei a ausência de pássaros e aves silvestres que deveria estar por ali e não estavam, e a causa disso são os herbicidas utilizados pela indústria da soja.
De fato, na beira da estrada, vi extensas plantações de soja onde pude ver galões vazios, abandonados, claro, contaminados e pondo em risco o meio ambiente, pois que venenos poderosíssimos, como por exemplo o Furadan, merecem todos os cuidados do manuseio.
Um agricultor que colocou os pés no solo contaminado pelo Furadan ficou inválido, outros com certeza morreram devido ao avassalador dos pesticidas.
Destruição construtiva?
Para o capitalismo predátório isto não tem a menor importância.
Estes conglomerados como a Bunge, Cargil, Monsanto, etc, não cumprem nenhuma função social junto às comunidades, muito pelo contrário.
Além disso há o problema dos incentivos e isenções fiscais oferecidos pelos governos estaduais.
Como se sabe, a maioria destas grandes empresas.
Elas dão calote no INSS e se apropriam indevidamente do montante descontado do salário dos seus empregados para a previdência social.
São centenas de bilhões de reais sonegados e para não quitar seus débitos contam com a conivência do Judiciário, além do forte aparato a seu dispor no Congresso Nacional.
Quando estas empresas são cobradas pelo governo federal, recorrem à Justiça para não pagar e, para isso, contam com um batalhão dos melhores advogados do país.
E o povo?
Ah, o povo…
O que é isso?
E olhe lá que para o povo já foi bem pior.
FHC, um governo que atendia apenas aos interesses dos 10 por cento de brasileiros que abocanham 90 por cento da riqueza nacional, é de triste lembrança, dentre outras realizações ele (FHC) doou a Vale para os seus chegados que, hoje, estão na direção da empresa, e ficou por isso mesmo.
Reclamar prá quem?
Para o Gilmar Mendes?
Para mídia que, dias atrás, algemou e colocou sob humilhação e execração pública lideranças do MST?
Quer dizer que líderes do MST podem ser algemados e mostrados na TV como se fossem troféus, sem que Gilmar Mendes, presidente do STF/CNJ, tenha reclamado assim como reclamou quando prenderam Daniel Dantas.
Como se vê, nosso país é assim meio surrealista ou quem, sabe, ao invés de surreal, siga a lógica do capitalismo predatório que uma elite burra insiste em manter.
Tal como ocorreu no Haiti, um país outrora promisso mas que foi vergonhosamente destruido por estas forças ocultas.
Que de ocultas não tem nada, pois que respondem pelo nome de capitalismo predatório.
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P.S. Este assunto surgiu em função da deste artigo sobre a Bunge Ferilizantes pela Vale.

A saga da Bunge

Por Andre Araujo - no blog do Luis Nassif

A compra pela Vale do negocio de fertilizantes da Bunge por US$3,8 bilhões, provavelmente a maior transação paga em caixa já realizada no Brasil, traz às manchetes um dos mais interessantes e discretos grupos empresariais do mundo, pioneiro na globalização, pois nasceu em Amsterdam em 1818, com raizes alemãs-belgo-holandesas, mudou-se para a Argentina nos fins do seculo XIX, aonde passou a ser a grande exportadora de cereais, chegando a controlar 80% de todas as exportações de trigo argentino, alem de extensas operações de moagem em Puerto Madero, BUenos Aires, com a Molinos del Rio de la Plata, investiu no Brasil ainda em 1910, com o Moinho Santista, com a Fabrica de Tecidos Tatuapé, Serrana (adubos), Tintas Coral, tornando-se um poderoso e sólido grupo empresarial no Brasil. Na Argentina tempos tumultosos esperavam a Bunge & Born, firma privada controlada pelas familias Bunge, Born, Hirsch e De La Tour.

Peron enfrentou e quebrou o quase monopolio da Bunge ao criar o IAPI-Instituto Argentino de Promocion del Intercambio, que passou a comandar as exportações de trigo entre 46 e 53, tirando o filé mignon da Bunge. Em setembro de 74 os irmãos Born foram sequestrados pelos Montoneros, radicais da esquerda peronista, ficando raptados por 9 meses e soltos por um resgate de 60 milhões de dolares. Com o choque do sequestro, a Bunge & Born mudou sua sede mundial para São Paulo, para onde vieram residir os Born. Continuava a ser um dos grandes trustes mundiais do trigo, ao lado da Cargill, da Continental Grain, de Nova York mas de origem tambem belga e da francesa de Estrasburgo, Louis Dreyfuss, tão antiga como a Bunge.

Na Argentina, com a eleição de Menem em 89, a Bunge passou literalmente a comandar a economia do Pais.. Menem entregou à Bunge o comando economico da Argentina e a Bunge indicou os dois primeiros Ministros da Economia do Governo Menem. Em troca trouxe apoio financeiro internacional para a economia argentina que estava quebrada. A jogada deu certo e no primeiro mandato de Menem ocorre um um boom de investimentos estrangerios e privatizações, frutos do acordo Bunge-Menem.

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