Cotidiano/arte. Registro de vida, visões internas, pensamentos e anamneses. Resolver o problema de ANTARES, sigla para Análise das Tarefas da Elaboração SPIN, Sistema Poético Informativo Nato: poético ou patológico, tanto faz....
13/01/2010
Haiti
O Haiti e a dignidade das Américas
Por Eduardo Guimarães, em seu blog
Estão dizendo que o terremoto no Haiti é o pior da região em 200 anos. Poderia ser o pior da história, mas não seria maior do que a tragédia que já havia em uma região onde não existe, no fundo, um conflito, uma disputa política, mas o colapso eterno de uma civilização.
Conhecendo minimamente a história do Haiti, percebe-se diferente da de qualquer outro país das Américas. Nunca houve de fato uma normalidade democrática duradoura por lá. O país vem se convulsionando de forma crônica desde o século XVI.
Alguns pensam que o Haiti está ocupado pela ONU desde 2003 por conta de alguma guerra civil, mas não é. O fato é que nem movimentos guerrilheiros políticos realmente organizados alguém consegue organizar por lá.
O Haiti precisa ficar sob essa intervenção da ONU (liderada pelo Brasil) simplesmente para que os haitianos não se matem uns aos outros, muitas vezes com as mãos nuas.
É neste momento que aquele inferno na Terra simplesmente vê sua precária infra-estrutura se dissolver sob um rigor poucas vezes visto na Escala de Richter nas últimas décadas. É uma situação que causa, antes de qualquer sentimento, perplexidade.
E essa perplexidade se agiganta quando nos damos conta de que desde 2003 o país mantém uma situação insustentável, empurrada com a barriga pela comunidade internacional, que não toma uma decisão de pacificar de vez o país através dos investimentos sociais necessários.
Se estivéssemos falando de qualquer outra parte das Américas acho que seria diferente, de alguma maneira. No Haiti, o que pode advir desse terremoto é um caos inimaginável. Depois da dor, virá a revolta. Como nunca veio antes.
Depois de todos esses séculos de abandono as Américas têm agora, finalmente, que se dar ao respeito, olharem-se como região civilizada do mundo e tomarem uma decisão que nunca tomaram, de se voltarem para aquele país e colocarem fim àquele horror infindável.
Por pior que seja a devastação, se houver uma decisão internacional para resgatar o Haiti os recursos não serão problema. O problema será que tal decisão seja tomada. É preciso, pois, contar ao mundo a história secular de horrores daquele país.
FONTE: Cidadania.com
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