30/01/2010

HONDURAS: Frente de Resistência defende Assembléia Constituinte para saída da crise

Quem afirma que os golpistas sairam vencedores em Honduras está redondamente enganado. O foco antes do golpe e agora continua sendo a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte. A conferir:

Rogéria Araújo*
- Adital

Os resultados das eleições fraudulentas em Honduras ainda reverberam no país. E também motivam, cada vez mais, os movimentos contrários ao processo político instalado desde o dia 28 de junho do ano passado, com a expulsão do presidente constitucional, Manuel Zelaya. Lorena Zelaya - que atua na coordenação em Tegucigalpa, da Frente Nacional de Resistência Popular, e participa da edição comemorativa dos 10 anos do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre (RS) - é afirmativa: os movimentos sociais querem, de imediato, uma Assembleia Nacional Constituinte.

A formação de uma nova Assembleia, conforme defende a Frente, seria a melhor saída para a crise política na qual o país está imerso desde junho passado e, na sequência, com a realização das eleições em novembro último, cujos resultados são contestados pela Frente, e que apontaram Porfírio Lobo como vencedor do pleito.

Na demanda da Frente, esta outra Assembleia traria os movimentos e organizações sociais numa esfera participativa e não meramente representativa. "Honduras tem sido um país que já teve vários Golpes. Mas agora é diferente. O problema é que agora o povo quer outro tipo de Assembleia Constituinte. Não queremos que seja formada pelos mesmos partidos políticos, queremos a participação de todos os movimentos, organizações. E isso vai gerar muito trabalho para eles", afirmou Lorena, em entrevista durante o FSM.

No entanto, tem-se a convicção de que não será nada fácil. Não há diálogo entre o governo atual e as organizações da base contrárias ao golpe de estado e em favor de uma nova Constituição. "Não há diferença entre o antes e depois do golpe de estado porque se trata do mesmo governo golpista. Nós dos movimentos populares entendemos que o Golpe de Estado continua, uma vez que o presidente eleito Porfírio Lobo, do Partido Nacional, está envolvido totalmente no Golpe".

Por outro lado, Lorena destacou o protagonismo dos movimentos sociais hondurenhos que continuam atuando firmemente em todos esses 190 dias que transcorreram após o Golpe. Neste mês de janeiro, uma grande atividade conseguiu reunir mais de 50 mil pessoas só em Tegucigalpa. Isso, segundo a representante da Frente, demonstra que as organizações seguem mobilizadas.

Ainda sobre a força que mostrou a sociedade civil, ela falou que tem sido impressionante esse empoderamento popular. O Golpe terminou por promover uma intensa articulação que antes não aconteceria no país.

"O que aconteceu em Honduras nos colocou uma nova experiência. Porque mesmo tendo ocorrido vários Golpes de Estado no país, nunca aconteceu nada. Todavia, agora é diferente. Estamos todos os dias nas ruas. Não somente em Tegucigalpa como em todo o país. Houve momentos em que, aproximadamente, mais de 1 milhão de pessoas estavam mobilizadas, coisa que nunca havia acontecido. O que existe é uma articulação dos movimentos, de grupos que antes não estavam impulsionando os processo político, digamos", contextualizou.

Lorena fez referência a grupos como o "Feministas em Resistência", que "são muito fortes, muito comprometidas". Citou ainda os e as "Artistas em" Resistência, os jovens, além dos trabalhadores e trabalhadoras. "São grupos que antes não haviam conseguido essa articulação. E toda a população está mobilizada", disse.

* Jornalista da Adital

FONTE: Adital
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