29/01/2010

Sociopatas

Por Eduardo Guimarães - em seu blog

A elegância entre adversários é uma conquista da civilização. Desde séculos imemoriais o homem cultivou essa postura altaneira em qualquer campo das disputas humanas. No futebol, onde se vê freqüentes demonstrações de selvageria, quando um jogador está caído seus adversários chutam a bola para fora, cedendo cobrança lateral, para que o ferido seja atendido. No boxe, se um dos lutadores “vai à lona” o outro também não ataca. Até os duelos eram feitos com um mínimo de respeito entre os contendores.

É doloroso para alguém como eu, que repudia golpes baixos na política – como fiz quando o ex-porta-voz de Fernando Collor, jornalista Claudio Humberto, espalhou notícia jamais comprovada sobre um segundo filho ilegítimo de FHC, ou quando condenei a campanha eleitoral de Marta Suplicy por usar boatos sobre a sexualidade do hoje prefeito Gilberto Kassab –, ler o que li de comentaristas de blogs da mídia de oposição como o de Reinaldo Azevedo ou o de Ricardo Noblat por conta do recente mal-estar do presidente.

Já reproduzi, em outro post, aquilo ao que me referi no parágrafo anterior. Ou seja, ao teor desses comentários desprezíveis de regozijo e de chacota por conta do problema de saúde do presidente da República. Estamos falando de gente que se divertiu com o que aconteceu com ele.

Também a ausência de manifestações públicas de solidariedade a Lula por parte de seus adversários diretos demonstra mais um pouco a que nível se chegou na disputa política no Brasil, ainda que nos continentes americano, asiático ou africano, principalmente, a selvageria opositora seja característica e recorrente na política, em maior ou menor grau, e ainda que não se possa negar que se trata de uma degeneração da luta política que independe de ideologia ou de grupos partidários.

Assusta ver quão baixo tantos são capazes de descer em uma disputa. Sobretudo porque conduta tão chocante pode ser vista sendo adotada por pessoas supostamente “esclarecidas” e de nível social inclusive mais alto do que o da média da população, o que revela que não se trata de ignorância ou de revolta com a vida, mas da mais legitima sociopatia.

Vi, pessoalmente, uma gentil velhinha, culta e “bem de vida”, reagir assim ao saber que Lula sentiu-se mal. Vi um professor universitário. Vi uma enfermeira de pediatria. Enfim, vi pessoas supostamente respeitáveis agindo como animais, pondo para fora seus instintos mais primitivos, ferozes, irracionais, desumanos ao saberem que o objeto de seu ódio adoeceu.

Só de pensar em como essas pessoas são capazes de dar vazão tão impressionante ao seu lado sombrio contra qualquer um que desafie suas idiossincrasias, sinto medo. Esse tipo de ser humano, conforme vastos estudos demonstram, pode compartilhar nosso dia a dia. São pessoas perigosíssimas. Esses estudos mostram que, sob as condições “certas”, são capazes de ultrapassar qualquer limite da civilização.

Um excelente exemplo de sociopata é a jovem Suzane Von Richtoffen, garota de aparência angelical e inocente que, com o concurso do namorado e do “cunhado”, assassinou os próprios pais a pauladas enquanto dormiam.

Essas pessoas existem muito mais do que se imagina e todos estamos ao seu alcance. Costumam ser dissimuladas e inteligentes. Muitas vezes, ocupam cargos de relevo em todas as áreas da atividade humana, até porque não medem esforços e limites para “se darem bem”. Muito cuidado, portanto, leitor. Certamente você tem uma ou mais dessas pessoas no seu caminho... Ou até bem mais perto do que isso.

FONTE: Cidadania.com
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