12/03/2010

Terremoto marca posse de presidente chileno

VALPARAÍSO -- A posse do novo presidente do Chile, Sebastián Piñera, ontem, foi marcada por um terremoto de 6,9 graus na escala Richter ocorrido 20 minutos antes da transmissão da faixa presidencial e pela ameaça de um tsunami na cidade em que ocorria a cerimônia, o balneário de Valparaíso, onde o Congresso chileno tem sua sede.

O abalo foi um dos mais fortes tremores secundários que sacudiram o Chile desde o devastador terremoto de magnitude 8,8 do último dia 27, que deixou cerca de 500 mortos no país.

Os chefes de Estado que foram a Valparaíso para a posse de Sebastián Piñera ficaram visivelmente preocupados com o tremor. Os presidentes Rafael Correa (Equador), Evo Morales (Bolívia) e Fernando Lugo (Paraguai) olhavam preocupados para o teto, onde um grande lustre se movia com os tremores. Após um segundo e terceiro abalos de menor intensidade, a presidente argentina, Cristina Kirchner, e o colombiano Álvaro Uribe levantaram de suas cadeiras. Ela chegou a perguntar se a cerimônia seria abreviada --o que de fato ocorreu. "Meu estado de ânimo é de tristeza, angústia, mas não de medo", disse depois Cristina.

Recebida a faixa presidencial, Piñera retornou ao Palácio Presidencial de Cerro Castillo, em Viña del Mar, e anunciou a primeira medida no poder --decretou estado de "exceção por catástrofe" na região de O'Higgins, epicentro do tremor de 6,9 graus ´

FONTE: Folha do Tietê ou Folha de SP
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O DNA de Piñera e o drama chileno

No rastro de destruição deixado pelo terremoto, também ruiu uma parcela da ideologia enaltecedora do modelo neoliberal que Piñera representa. Diante da tragédia, salta aos olhos do mundo a debilidade da rede de proteção social do país. A ajuda pública demorou inexplicavelmente a chegar a cidades próximas a Concepción, como Coelemu e Chanco, destruídas pelo terremoto; e Dichato e Pelluhue, varridas pelo tsunami. O artigo é de Marcela Escribano.

Por Marcela Escribano (*) - na Carta Maior

A chegada da direita ao poder encerra o mais recente ciclo da história política chilena e, simbolicamente, ocorre em meio aos escombros do terremoto do último dia 2 de março.

Abalos sísmicos e rupturas institucionais fazem parte da história do país.

O ímpeto reformista de Balmaceda, no século 19, e a experiência revolucionária de Allende, no século 20, ambos sufocados com a morte de milhares de chilenos, dão testemunho do destino trágico deste povo.

Um historiador contemporâneo, referindo-se às sucessivas crises políticas no Chile, observou que “os chilenos são um povo com os pés firmes na terra; o problema é que neste país o chão está sempre a ponto de se mover, e mostrar as suas entranhas”.

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