13/04/2016

A história das traições e delações: De Joaquim Silvério dos Reis a Temer



1- Na carta do golpista Temer o combate à corrupção não é citado em momento nenhum, dou um doce a quem adivinhar porque....

2- Interessante este caso de sincronicidade: os mesmos personagens saindo das catacumbas.,..mas é disso que trata essa "República Refundada" pelos "intocáveis" da Lava Jato.,,..trata-se de um momentum que vem impregnado por essa vibração da falta de transparência, da ausência da verdade,.,..é isso que nos espera se os golpistas tiverem êxito: uma gente prá lá de suja apontando o dedo sujo para o outro para parecer honesta perante a opinião publica(da).



Temer repete Silvério dos Reis, que também traiu num 11 de abril
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Ao divulgar áudio colocando-se como “próximo” presidente, vice-presidente confirma punhalada na sua companheira de chapa e se lança definitivamente no hall dos traidores da pátria; leia artigo do jornalista Marcus Vinícius, que aponta as coincidências entre o momento atual e a história de Tiradentes, cujo retrato está pendurado na parede da comissão de impeachment, onde se aprovou o relatório do dentista Jovair Arantes que pede a degola de Dilma às vésperas do feriado de 21 de abril
12 DE ABRIL DE 2016 ÀS 20:24


A história se repete como farsa, ou como tragédia, dizia o filósofo alemão Karl Marx. Nada mais pode confirmar esta frase quanto a coincidência de datas e de fatos vividos neste último dia 11 de abril. Foi neste mesmo dia que, há 227 anos, em 1789, Joaquim Silvério dos Reis escreveu carta ao Visconde de Barbacena traindo o alferes  e dentista, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Também foi num dia 11 de abril que o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) divulgou áudio nas redes sociais postando-se como presidente, dando como certo o impechment de sua companheira de chapa, a presidenta Dilma Roussef (PT-MG).

Trapalhão para uns, estrategista para outros, Michel Temer de bobo não tem nada. O vazamento de seu pronunciamento é uma tentativa de trazer para si o voto dos deputados indecisos, que temem no impeachment da presidenta Dilma o retrocesso, sobretudo em relação aos programas sociais. Temer, meticulosamente, fala que fará um governo de “salvação nacional e que manterá os programas sociais como o Bolsa Família, ProUni, Pronatec, Minha Casa Minha Vida”. Mas, se é para manter os programas sociais, para quê tirar a presidenta? Esta pergunta, Temer não responde.

Na noite de ontem (11/04), durante comício para mais de 60 mil pessoas, nos Arcos da Lapa, no Rio de Janeiro, o ex-presidente Lula (PT-SP) denunciou a traição de Temer e dos setores golpistas do PMDB: “ “Vejam quem quer tirar a Dilma. Primeiro, Temer; segundo, Eduardo Cunha. unca imaginei que, eu, aos 70 anos, a gente ia ver golpista tentando tirar uma presidente eleita”, disse Lula”.

Durante o ato Educação pela Democracia, realizado no Palácio do Planalto nesta terça-feira (12), a presidenta Dilma Rousseff disse que o Brasil não será o país do ódio e repudiou o que chamou de “conspiração golpista” – a farsa do vazamento do vice Michel Temer. “Nós vivemos tempos estranhos e preocupantes. Tempos de golpe, de farsa e de traição”, enfatizou Dilma. “O gesto, que revela traição a mim e à democracia, ainda explicita que esse chefe conspirador também não tem compromisso com o povo”, completou, apontando o conluio entre o presidente da Câmara Federal (e réu da Lava Jato), Eduardo Cunha (PMDB-RJ) com o vice-presidente Michel Temer.
“Ontem, ficou claro que existem, sim, dois chefes do golpe que agem em conjunto e de forma premeditada. Como muitos brasileiros, tomei conhecimento e confesso que fiquei chocada com a desfaçatez da farsa do vazamento que foi deliberado, premeditado, vazando para eles mesmos. Estranho vazamento”, salientou.

No  áudio de Michel Temer, assim como a carta de Silvério dos Reis ao Visconde de Barbacena, são utilizadas elegias à unidade da pátria e aos sinceros desejos de pacificação nacional. Mas tanto traição de Silvério, quanto o Golpe Parlamentar da dupla Temer-Cunha, nada tem haver com elevados ideais. Silvério queria ter os favores do Visconde de Barbacena para o perdão de suas dívidas com a Coroa, ainda que para isto tivesse que levar amigos e parentes à forca e ao desterro. Cunha e Temer querem com o golpe livrar os próprios do laço da Operação Lava Jato que já lhe desce aos pescoços. Ambos estão denunciados por esquemas de propinas envolvendo os diretores-ratos da Petrobrás. Diga-se de passagem, diretores indicados pela dupla do PMDB e pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), confirmadas por seis delatores em Curitiba (PR).

Neste triste episódio do impeachment 40 dos 65 deputados que compõe a comissão estão denunciados por receberem dinheiro de empresas investigadas ou de suas subsidiárias durante a campanha de 2014. Ou seja, acusados de corrupção querem depor uma  presidenta honesta, sobre quem não há uma única denúncia de desvio. Resta ainda, um último absurdo.
Em 21 de abril de 1789 o dentista Tiradentes seria levado à forca vítima de mentiras e traições. Em 11 de abril de 2016, outro dentista, o deputado federal Jovair Arantes (PTB) é o autor do relatório da Comissão do Impeachment, que, sem apresentar provas, tenta  afastar do poder a presidenta Dilma Roussef.

Durante a ditadura a guerrilheira Dilma Vana Roussef ficou encarcerada no presídio Tiradentes. O impeachment, será julgado dia 17, as vesperas do feriado nacional em homenagem ao Heroi da Independência. Que os deputados homenageiem a Liberdade dando um voto contra o impeachment, jogando na lata do lixo da história os Silverios dos Reis da atualidade.



lmo. e Exmo. Sr. Visconde de Barbacena
Meu Senhor: – Pela forçosa obrigação que tenho de ser leal vassalo à nossa Augusta Soberana, ainda apesar de se me tirar a vida, como logo se me protestou na ocasião em que fui convidado para a sublevação que se intenta, prontamente passeia pôr na presença de V. Excia. o seguinte: 
Em o mês de fevereiro deste presente ano; vindo da revista do meu Regimento, encontrei no arraial da Laje o Sargento-Mor Luís Vaz de Toledo; e falando-me em que se botavam abaixo os novos Regimentos, porque V. Excia. assim o havia dito, é verdade que eu me mostrei sentido e queixei-me ao sargento-mor: me tinha enganado, porque em nome da dita Senhora se me havia dado uma patente de coronel, chefe do meu Regimento, com o qual me tinha desvelado em o regular e fardar, e muita parte à minha custa e que não podia levar à paciência ver reduzido à inação o fruto do meu desvelo, sem que eu tivesse faltas do real serviço; e juntando mais algumas palavras em desafogo da minha paixão. Foi Deus servido que isso acontecesse para se conhecer a falsidade que se fulmina.
No mesmo dia viemos dormir à casa do Capitão José de Resende; e chamando-me a um quarto particular, de noite, o dito Sargento-Mor Luís Vaz, pensando que o meu ânimo estava disposto para seguir a nova conjuração pelos sentimentos e queixas que me tinha ouvido, passou o dito sargento-mor a participar- me, debaixo de todo o segredo, o seguinte:
Que o Desembargador Tomás Antônio Gonzaga, primeiro cabeça da conjuração, havia acabado o lugar de ouvidor dessa Comarca, e que, isto posto, se achava há muitos meses nessa vila, sem se recolher a seu lugar da Bahia, com o frívolo pretexto de um casamento, que tudo é idéia porque já se achava fabricando leis para o novo regime da sublevação que se tinha disposto da forma seguinte:
Procurou o dito Gonzaga o partido e união do Coronel Inácio José de Alvarenga e do Padre José da Silva e Oliveira, e outros mais, todos filhos da América, valendo-se para seduzir a outros do Alferes (pago) Joaquim José da Silva Xavier; e que o dito Gonzaga havia disposto da forma seguinte: que o dito Coronel Alvarenga havia mandar 200 homens pés-rapados da Campanha, paragem onde mora o dito Coronel; e outros 200, o dito Padre José da Silva; e que haviam de acompanhar a este vários sujeitos, que já passam de 60, dos principais destas Minas; e que estes pés-rapados, haviam de vir armados de espingardas e facões, e que não haviam de vir juntos para não causar desconfiança; e que estivessem dispersos, porém perto da Vila Rica, e prontos à primeira voz; e que a senha para o assalto haviam ser cartas dizendo tal dia é o batizado; e que podiam ir seguros porque o comandante da Tropa Paga, tenente-coronel Francisco de Paula, estava pela parte do levante e mais alguns oficiais, ainda que o mesmo sargento-mor me disse que o dito Gonzaga e seus parciais estavam desgostosos pela frouxidão que encontravam no dito comandante e que, por essa causa, se não tinha concluído o dito levante.
E que a primeira cabeça que se havia de cortar era a de V.Excia. e depois, pegando-lhe pelos cabelos, se havia de fazer uma fala ao povo que já estava escrita pelo dito Gonzaga; e para sossegar o dito povo se havia levantar os tributos; e que logo passaria a cortar a cabeça do Ouvidor dessa vila, Pedro José de Araújo, e ao Escrivão da Junta, Carlos José da Silva, e ao Ajudante-de-Ordens Antônio Xavier; porque estes haviam seguir o partido de V. Excia. e que, como o Intendente era amigo dele, dito Gonzaga, haviam ver se o reduziam a segui-los; quando duvidasse, também se lhe cortaria a cabeça.
Para este intento me convidaram e se me pediu mandasse vir alguns barris de pólvora, o que outros já tinham mandado vir; e que procuravam o meu partido por saberem que eu devia a Sua Majestade quantia avultada; e que esta logo me seria perdoada; e quê, como eu tinha muitas fazendas e 200 e tantos escravos, me seguravam fazer um dos grandes; e o dito sargento-mor me declarou vários entrados neste levante; e que se eu descobrisse, se me havia tirar a vida como já tinham feito a certo sujeito da Comarca de Sabará. Passados poucos dias fui à Vila de São José, aonde o vigário da mesma, Carlos Correia, me fez certo quanto o dito sargento-mor me havia contado; e disse-me mais: que era tão certo que estando o dito pronto para seguir para Portugal, para o que já havia feito demissão da sua igreja a seu irmão, o dito Gonzaga lhe embaraçara a jornada fazendo-lhe certo que com brevidade cá o poderiam fazer feliz, e que por este motivo suspendera a viagem.
Disse-me o dito Vigário que vira já parte das novas leis fabricadas pelo dito Gonzaga e que tudo lhe agradava menos a determinação de matarem a V. Excia. e que ele, dito Vigário, dera o parecer ao dito Gonzaga que mandasse antes a V. Excia. botá-lo do Paraibuna abaixo e mais a Senhora Viscondessa e seus meninos, porque V. Excia. em nada era culpado e que se compadecia do desamparo em que ficavam a dita senhora e seus filhos com a falta de seu pai; ao que lhe respondeu o dito Gonzaga que era a primeira cabeça que se havia de cortar porque o bem comum prevalece ao particular e que os povos que estivessem neutros, logo que vissem o seu General morto, se uniriam ao seu partido.
Fez-me certo este Vigário, que, para esta conjuração, trabalhava fortemente o dito Alferes Pago Joaquim José, e que já naquela comarca tinha unido ao seu partido um grande séquito; e que cedo havia partir para a capital do Rio de Janeiro a dispor alguns sujeitos, pois o seu intento era também cortar a cabeça do Senhor Vice-Rei; e que já na dita cidade tinham bastante parciais.
Meu senhor, eu encontrei o dito Alferes, em dias de março, em marcha para aquela cidade, e pelas palavras que me disse me fez certo o seu intento e do ânimo que levava; e consta-me, por alguns da parcialidade, que o dito Alferes se acha trabalhando este particular e que a demora desta conjuração era enquanto se não publicava a derrama; porém que, quanto tardasse, sempre se faria.
Ponho todos estes tão importantes particulares na presença de V. Excia. pela obrigação que tenho de fidelidade, não porque o meu instinto nem vontade sejam de ver a ruma de pessoa alguma, o que espero em Deus que, com o bom discurso de V. Excia., há de acautelar tudo e dar as providências sem perdição de vassalos. 0 prêmio que peço tão somente a V. Excia., é o rogar-lhe que, pelo amor de Deus, se não perca a ninguém.
Meu senhor, mais algumas coisas tenho colhido e vou continuando na mesma diligência, o que tudo farei ver a V. Excia. quando me determinar. Que o céu ajude e ampare a V. Excia. para o bom êxito de tudo. Beijo os pés de V. Excia., o mais humilde súdito.
Joaquim Silvério dos Reis, Coronel de Cavalaria dos Campos Gerais.
Borda do Campo, 11 de abril de 1789.
Reconheço a letra, e firma da Carta retro ser do próprio punho do Coronel Joaquim Sylverio dos Reys por outras semelhantes, que lhe tenho visto. Villa Rica 15 de Junho de 1789.
Jozé Caetano Cezar Manitti

A integra do áudio do vice-presidente Michel Temer

temer silverio
“Eu quero neste momento me dirigir ao povo brasileiro para dizer algumas das matérias que, penso, devam ser por mim agora enfrentadas. E eu o faço, naturalmente, com muita cautela, porque na verdade sabem todos que há mais de um mês eu me recolhi exata e precisamente para não aparentar que eu estaria cometendo algum ato, praticando algum gesto com vistas a ocupar o lugar da senhora presidente da República. Recolhi-me o quanto pude, mas, evidentemente, nesse período fui procurado por muitos que estão aflitos com a situação do nosso país.
Mas agora, quando a Câmara dos Deputados decide por uma votação significativa declarar a autorização para a instauração de processo de impedimento contra a senhora presidente, muitos me procuraram para que eu desse pelo menos uma palavra preliminar à nação brasileira, o que eu faço com muita modéstia, com muita cautela, com muita moderação, mas também em face da minha condição de vice-presidente e naturalmente de substituto constitucional da senhora presidente da República.
E desde logo eu quero afirmar que temos ainda um longo processo pela frente, passando pelo Senado Federal. Então todas as minhas palavras levarão em conta apenas a decisão da Câmara dos Deputados. Portanto também as minhas palavras são provisórias, já que nós temos que aguardar e respeitar a decisão soberana que o Senado Federal proferirá a respeito desse tema, seja quanto à admissibilidade da autorização, seja quanto, ao final, o julgamento propriamente dito.
Portanto eu quero neste momento prestar uma homenagem ao Poder Legislativo, tanto à Câmara dos Deputados, que já debateu amplamente este assunto, como ao Senado Federal, que irá debate-lo. E desde logo, eu quero comunicar aos amigos e colegas, homens públicos, senadores da melhor sepa, da melhor sabedoria, que aguardarei, naturalmente a decisão, aguardarei respeitosamente a decisão do Senado Federal. Não quero avançar o sinal. Até imaginaria que eu poderia falar depois da decisão do Senado, mas evidentemente sabem todos os que me ouvem que quando houver a decisão definitiva, a decisão do Senado, eu preciso estar preparado para enfrentar os graves problemas que hoje afligem o nosso país.
E desde logo, quero dizer aos que me ouvem, repetir, na verdade, o que tenho empregado ao longo do tempo. Os senhores sabem, os brasileiros sabem, que há mais de oito, dez meses tenho feito pronunciamentos referentes à pacificação do país, à unificação do país, porque é chocante, para não dizer tristíssimo, verificar os brasileiros controvertendo-se entre si, disputando ideias e espaços, até aí tudo bem, mas quando parte para uma coisa quase física, isso não pode acontecer no nosso país.
Portanto, ao dizer agora que a grande missão a partir deste momento é a da pacificação do país, da reunificação do país, eu quero dizer que estou repetindo o que venho pregando há muito tempo como responsável por uma parcela da vida pública nacional. Devo dizer também, e isto fica para o aconteça o que acontecerno futuro, que é preciso um Governo de salvação nacional e, portanto, de união nacional. É preciso que se reúnam todos os partidos políticos e todos os partidos políticos estejam dispostos a dar a sua colaboração para tirar o país da crise. Sem esta unidade nacional, penso que será difícil tirar o país da crise em que nos encontramos.
Para tanto é preciso diálogo. O fundamental agora é o diálogo. Em segundo lugar, a compreensão. E em terceiro lugar, para não enganar ninguém, a ideia de que nós vamos ter muitos sacrifícios pela frente. Sem sacrifícios, nós não conseguiremos também avançar para retomar o crescimento e o desenvolvimento que pautaram a atividade do nosso país nos últimos tempos, antes desta última gestão.
Então é preciso retomar o crescimento. E eu não quero que isto fique em palavras vazias, tenho absoluta convicção, como muitos me dizem, que a mudança pode gerar esperança, e que gerando esperança, isto gerará investimentos. Não só investimentos nacionais, mas investimentos estrangeiros, porque precisamos restabelecer a crença no Estado brasileiro, nas potencialidades do Estado.
Devo dizer aos que me ouvem que eu fiz muitas viagens internacionais no primeiro mandato. E verifiquei o quanto os outros países que têm muito dinheiro em suas mãos querem fazer aplicando no Brasil. Ou seja, querem acreditar no Brasil. O que aconteceu nos últimos tempos foi um descrédito no nosso país e o descrédito é que leva à ausência do crescimento, à ausência do desenvolvimento e que faz retomar a inflação. Por outro lado, nós temos a absoluta convicção de que é preciso prestigiar a iniciativa privada, é preciso que os empresários do setor industrial, dos setores de serviços, do setor agrícola, do agronegócio portanto, dos vários setores da nacionalidade, se entusiasmem novamente com estes investimentos.
Mas, ao dizer isto, eu estou pensando apenas naqueles que possam investir? Não. Diferentemente, estou pensando em manter as conquistas sociais obtidas nos últimos tempos. Por exemplo, o emprego é uma coisa fundamental para todos os brasileiros. Para que haja emprego, é preciso uma conjugação dos empregadores com os trabalhadores: você só tem emprego se a indústria, o comércio, as atividades de serviços todas estiverem caminhando bem. É a partir daí que você tem emprego e com isto, você pode retomar o emprego.
De outro lado, eu devo dizer também que, afora a parte de um projeto de empregabilidade plena, é preciso manter certas matérias sociais, porque nós todos sabemos que o Brasil ainda é um país pobre. E portanto, e eu sei que dizem que, de vez em quando, que se outrem assumir nós vamos acabar com o Bolsa Família, vamos acabar com o Pronatec, vamos acabar com o Fies, isto é falso. É mentiroso e é fruto desta política mais rasteira que tomou conta do país. Portanto, neste particular, eu quero dizer que nós deveremos manter estes programas e até, se possível, revaloriza-los e ampliá-los, até que, e isto eu quero deixar claro, o Bolsa Família, por exemplo, há de ser um estágio do Estado brasileiro. Daqui a alguns anos, é possível que a empregabilidade tenha atingido um tal nível, que não haja mais necessidade do Bolsa Família. Mas isto, enquanto persistir a necessidade, nós manteremos, assim como o Pronatec, o Fies, Prouni, todos esses projetos que acabaram dando certo no país.
Portanto, eu lanço uma mensagem àqueles que têm o capital, e lanço àqueles que querem uma mensagem do trabalho e lanço uma mensagem para aqueles que sequer trabalho ainda conseguiram.
É claro que nós vamos incentivar enormemente as parcerias público-privadas na medida que isto pode trazer emprego ao país. Nós temos absoluta convicção de que hoje mais do que nunca o Estado não pode tudo fazer, o Estado depende da atuação dos setores produtivos do país. Empregadores de um lado, trabalhadores de outro lado. Estes setores produtivos é que aliançados vão fazer a prosperidade do Estado brasileiro. O Estado brasileiro tem que cuidar de segurança, saúde, da educação, enfim, de alguns temas fundamentais que não podem sair da órbita pública, mas o mais tem que ser entregue à iniciativa privada e iniciativa privada no sentido da conjugação da ação entre trabalhadores e empregadores. E neste particular, nós pretendemos fazer várias reformas que incentivem esta harmonia entre estes dois setores da produção brasileira.
Tudo isto que estou a dizer, significará, devo registrar, sacrifícios iniciais para o povo brasileiro, em primeiro lugar. Em segundo lugar, não quero gerar nenhuma expectativa falsa. Na verdade, não pensemos que se houver uma mudança no Governo em três, quatro meses estará tudo resolvido. Em três, quatro meses, pode começar a ser encaminhado, para resolvermos a matéria ao longo do tempo. Se houver este Governo de transição, ou se não houver, fica esta sugestão que estou fazendo para o Governo que vier a manter-se, ficam estas sugestões que, reitero, não são sugestões por mim formuladas ou formatadas neste momento, mas que foram feitas ao longo do tempo.
Há reformas que são fundamentais para o país. Nós todos sabemos: não é possível… Agora, toda e qualquer reforma não alterará os direitos já formatados, já adquiridos pelos cidadãos, mas nós temos que preparar o país do futuro. Muitas matérias até estão em tramitação no Congresso Nacional e nós queremos ter uma base parlamentar muito sólida que nos permita conversar com a classe política, mas conversar também com a sociedade.
Os senhores sabem, os que assistiram às minhas palestras nos últimos tempos, que eu faço uma distinção e uma conjugação entre governo, governança e governabilidade para dizer que o Governo são os órgãos constituídos, não tenho a menor dúvida: executivo, Legislativo, Judiciário. A governança vem exatamente pelo apoio político que o Governo consegue dos partidos políticos e do Congresso Nacional.
Mas é preciso mais do que isso. É preciso a governabilidade. E a governabilidade exige que se haja uma aprovação popular do próprio Governo. Portanto, a classe política unida com o povo levará ao crescimento do país e, portanto, ao apoio ao Governo. Com estes três fatores que nós vamos lidar.
É claro que não vou falar aqui sobre reformas que são fundamentais, porque isto será fruto do desdobramento ao longo do tempo. Mas como não pensar numa reforma política? Como não pensar numa reforma tributária? E evidentemente que a reforma tributária envolve um outro tema, que é a revisão do pacto federativo, porque toda vez que você pensa em uma reforma tributária, você está pensando numa distribuição de competências e de recursos para as entidades federativas. É preciso mais do que nunca que as entidades federativas tenham uma autonomia verdadeira. Ou seja, que nós tenhamos uma federação real, e não uma federação artificial como tem acontecido nos últimos tempos.
Sei, por exemplo, no tópico da federação, da grande dificuldade dos Estados e municípios nos dias atuais. Há estudos referentes à eventual anistia ou perdão de uma parte das dívidas e até uma revisão dos juros que são pagos pelas unidades federadas. Nós vamos levar isso adiante. Nós vamos estudar isso com muita detença e vamos levar isso adiante, porque a força da união também deriva da força dos Estados e da força dos municípios. E a força destas entidades federativas depende da vontade, da boa vontade e do apoio da classe política e do povo brasileiro.

Há matérias controvertidas, como matéria referente à legislação trabalhista e à legislação previdenciária, que nós vamos fazer com grande diálogo nacional, onde nenhum setor será esquecido. Nem dos trabalhadores, nem dos empresários, nem do povo brasileiro. Mas toda e qualquer modificação que vier a ser feita será para garantir o futuro mesmo daqueles que já recebem salário, daqueles que recebem aposentadoria. É nestes termos que nós vamos trabalhar. Ou seja, o diálogo de um lado e a conjugação de esforços de outro lado serão os alicerces, digamos assim, do nosso trabalho. É esta a manifestação que eu queria deixar ao povo brasileiro”

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