20/03/2018

Por muitas Mariellulas como resposta ao silencimento dos corpos

O test drive da Globo para que esqueçamos de Marielle e Lula ou: Do silenciamento dos corpos.

A Globo não dá ponto sem nó.  O jornalista  do The Intercept, Glenn Greenwald, nos informa em artigo de ampla repercussão, que a  emissora dos irmãos Marinho, mediante sofisticadas técnicas de semiótica e de manipulação de massas,  ao reportar a execução de Marielle no Fantástico, apresentou aos telespectadores uma matéria que, se impecável do ponto de vista técnico, veio esvaziada da pauta politica de Marielle, que se opunha, por exemplo, à intervenção militar e a politica desigualitária do governo central, classificado por ela, de golpista e ilegítimo, esta parte o telespectador não viu:  estaria o conglomerado  jornalístico com medo de que:  evidentemente, com medo que o luto vire luta, retirando assim o papel politico da vítima para que ela não vire modelo de resistência contra o regime que entronizado pelos meios de comunicação em conluio com Instituições e corporações internacionais anti-povo.

O que se poder ver naquela reportagem é uma meia verdade, algo meio fake, o que é corriqueiro em se tratando de   uma  emissora que detém há décadas o monopólio da comunicação no Brasil, foi uma negação à verdadeira Marielle: quando a emissora deveria ter mostrado a militância politica da vitima, um personagem do filme Cabra Marcado para Morrer do que de um Ayrton Senna: se este morreu num acidente, aquela tombou na luta, a face que a emissora escondeu nesta reportagem, aliás, a emissora sabe muito bem como despertar o pranto quando lhe for conveniente: e o ódio quando for o caso.

Silenciar lideranças





Da mesma forma que há anos vem fazendo das tripas coração para silenciar Lula: é assim que age o sistemão em regimes de exceção: silenciando lideranças, ora com prisões, ora com assassinatos. A  Globo faz a cobertura usando o mesmo padrão utilziado para noticiar dias a fio a morte de Ayrton Senna, quando as diferenças são gritantes: Marielle não foi vítima de acidente e sim executado por agentes do Estado ou a serviço este numa operação para silenciar uma liderança que, em sua militância diária, lutava contra o sistema que ai está. Neste sentido,  Marielle foi uma anti-Sena, anti-celebridade, um suporte do desvalidos.


Marielle não foi Ayrton Senna: ela teve muito mais significado para a coletividade, em vida ela confrontou a realidade, ela não foi apenas uma figura pública que, em vida, por causa da sua militância em favor da transforação social, fora ocultada pela mesma emissora que no momento dá seu show de hipocrisia e recorre a filtros para esconder a  Marielle da luta e, claro, a decreta à invisibilidade e ao silencio para que mesmo senão com medo de que ela Marielle se torne exemplo de rebeldia a ser seguido. Diante deste risco, a emissora opta por restringir a luta da militante e assim esconde o verdadeiro significado da vida e da história de  uma importante liderança, que lembra o filme Cabra Marcado para Morrer.

Mesmo após a morte ou a prisão, a busca por  pelo esquecimento continua: tá na história: fizeram isso com JK, e também com a Panair do Brasil, uma empresa brasileira que era referência na aviação mundial, como o é hoje a Embraer que era sucesso antes do golpe de 64 e que, destruida pelo golpe de 64, nunca foi motivo de reportagem nos meios de comunicação porque o regime golpista havia proibido de falar de JK e....em Panair do Brasil: a mesma amnésia que decretada em relação à militânia de Marielle....e de Lula....e de tantos(as) marcados(as) para morrer.

Para a Globo, vivos tem la sua diversidade que a Globo esconde, talvez para que, mortos, sejam todos iguais para o povo....e trata como se todos fossem Airtons Senas: luto: nada mais além disso...


Além disso, ficou evidente que a execução de Marielle foi o teste trive da Globo na prisão do Lula: a emissora que, como parte da superestrutura e do poder verbalizador, é responsável por construir subjetividades junto às massas, testou seu poder de manipulação das massas em situações limites.

Dá prá ver que a emissora que detém o poder de simulação sic manipulação sic informação passou no teste: a emissor está com  o poder de te fazer chorar e odiar e o pior: quando o povo percebe que foi manipulado, como ocorreu no dia da morte de Getúlio Vargas após intensa campanha de difamação por parte da Globo, talvez expresse sua revolta e ateia fogo em alguns carros da midia comercial, o que será ocultado nos livros da história, ficando o dito pelo não dito...


A Globo não dá ponto sem nó: o Grande Irmão zela por ti, manifestoche!

Diante disso, que sejamos capaz de transformar estes silenciamentos de corpos numa grande luta em que Mariellula, como a simbolizar o silenciamento das Marielles e dos Lulas, seja um nome forte para esta luta.

Que façamos disso muitas Mariellulas, muito barulho ecoando contra essa tentativa de silenciamento de corpos.

Só há uma saída: a luta no lugar do luto: muitas Mariellulas ecoando por ai para dar fim ao silenciamento dos corpos. Mariellula neles!

A Globo tem knhow how em manipular a população


Alto lá, Dona Globo, a Marielle não é Ayrton Sena, muito pelo contrário, como publicou Ricardo Queiroz, mestre em Ciência da Informação que trabalha na Biblioteca Monteiro Lobato, em São Bernardo do Campo, num post no Facebook:

 “Marielle Franco acreditou na via política. Morreu porque se posicionou claramente na luta de classes, demarcou sua posição e sabia quais eram seus inimigos. Impossível despolitizar a sua morte.
Portanto, não é com niilismo, desqualificação da política e discurso difuso, que vamos fazer o combate àqueles que mataram Marielle.
Se até Temer se diz indignado pela morte da jovem, é fundamental o discernimento dessas indignações todas. Para que os responsáveis não se passem por indignados”.

Links relacionados ao tema:
"(...) A forte reação nacional e internacional à execução de Marielle fez com que a Globo rapidamente mudasse a estratégia. A tática de tratar o assassinato de forma superficial, quase escondida, foi substituída por uma ampla cobertura.
Claro que essa cobertura esconde os fins políticos de sempre dos Marinho, os quais foram magistralmente dissecados por Gleen Greenwald neste artigo.
A ideia é esvaziar o conteúdo político da vida e da morte de Marielle e usar a comoção nacional para justificar o aumento da repressão, especialmente por meio da intervenção militar no RJ.
A Globo está tentando usar a morte da vereadora do PSOL para turbinar exatamente as políticas contra as quais a atuação de Marielle se voltava. Não há limites para a canalhice do grupo que apoiou a ditadura militar e o golpe de 2016.
A semelhança com junho de 2013 é impressionante. Naquela oportunidade, a Globo iniciou a cobertura dos protestos falando em vandalismo e terminou incensando a massa e instrumentalizando-a para atingir seus inconfessáveis objetivos políticos.
A Globo não é uma empresa jornalística. É, isso sim, a entidade mais poderosa da política brasileira.
Monopoliza inconstitucionalmente a comunicação no nosso país para atingir seus fins políticos anti-povo, não se furtando a apoiar e fomentar golpes na democracia quando julga necessário.
Não haverá liberdade política no maior país da América do Sul antes que caia o império global (..)

A canalhice sem limites da Globo

Wilson Ferreira: Sapos verdes e a execução de Marielle: sobe o grau da guerra semiótica brasileira, por Wilson Ferreira





Jeferson Miola: "(...) 

É irônico que, enquanto viva, a trajetória desta extraordinária militante libertária tenha sido sonegada e escondida pela mídia elitista e colonizada que encontra tempo para programação imbecil ao estilo big brother e faustão, mas não destina 1 segundo do tempo da sua televisão para retratar a vida digna das sobreviventes da favela e das suas legítimas representantes.


Video: Noam Chomsky: Las 10 estrategias de la manipulación mediática- Noam Chomsky


Sobre técnicas de manipulação de massas

Wilson Ferreira:  Globo expõe metástase do tautismo na tragédia da Chapecoense


Fake news em ação: a tentativa de assassinato de reputação de Marielle Franco, por Cesar Cardoso


A manipulação a serviço do imperialismo ou: A ousadia de Lula colocou os EUA em estado de alerta, o que resultou numa sofisticada guerra híbrida


Mídia, religiões e Judiciário são responsáveis pela construção de subjetividades perante as massas

Estrutura e superestrutura nos dias atuais


Miguel do Rosário: Marielle, por ela mesma!


Rodrigo Nunes, no El Pais:  A morte de Marielle é um sinal ao qual devemos estar atentos.

A vereadora representava um futuro possível para o Brasil, por isso é difícil não sentir que o país está escolhendo outro caminho.


Filme: Cabra Marcado para Morrer,  de Eduardo Coutinho

https://www.youtube.com/watch?v=VJ0rKjLlR0c

Cynara Menezes: Déficit de empatia: a incapacidade da direita de se solidarizar com a dor alheia Quem defende "direitos humanos para humanos direitos" na verdade há muito perdeu a humanidade, se é que algum dia a possuiu

http://www.socialistamorena.com.br/deficit-de-empatia-incapacidade-da-direita-de-se-solidarizar-com-dor-alheia/

Vídeo: A reportagem da Globo, segundo Glenn Greenwald, esvaziada do seu verdadeiro sentido


Link para a imagem que ilustra o post: O grande irmão zela por ti



Um comentário:

  1. Anônimo23:35

    Sabe, José Carlos,
    é por causa de pessoas como você, o Wilson, e todos os demais comentadores críticos da morte de Marielle que a globo é poderosa.
    Gente que diz que odeia mas assiste a globo.
    Acho "maior" estranho assistir "Fantástico" aos domingos e mais ainda assistir a globo.
    Mas, vício a gente não condena, compreende e aconselha a superação.(rsrs)
    Não vou dizer, por outro lado, "não vi, não gostei".
    Fui ver parte da reportagem no G1 acho, por link postado por alguém no GGN.
    Cara, não dá pra ver a hipocrisia da globo sem sentir engulhos. Enjoei!
    É muita manipulação. Não sei como as pessoas não percebem a flagrante falsidade.
    Dá pra ver os caras gritando lá de dentro: - "Tamo pouco nos lixando pra Marielle, queremos é picos de audiência".
    Sobre Marielle acho que não comentei em lugar nenhum o que mais me incomoda.
    Ninguém disse em momento algum que Marielle é uma mulher linda.
    Todos foram urgentes em dizer, Marielle, mãe solteira, negra, favelada, lésbica e vereadora assassinada.
    Gostaria que todas as pessoas fossem tratadas do modo que a constituição aconselha: como pessoas de direito, para apenas dizer MARIELLE ERA UMA PESSOA LINDA.

    AMORAIZA

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