A mulher no gangaço, por Dadá:
" A condição feminina no cangaço é registrada na entrevista de Dadá, enfatizando as
dificuldades do cotidiano nos sertões nordestinos. De modo enfático, a narradora lembra
que as maiores dificuldades eram quando do período de gravidez:
“Era assim que as mulheres davam a luz no cangaço. No meio da
caatinga, do mato, onde desse, ajudadas pelas companheiras, às vezes
enfrentando tiroteio com barriga de fim de gravidez... Mas o pior de
tudo ... O mais triste era não poder criar os filhos. Pois, como é que
podia, levando uma vida sempre fugindo? Era ter o filho e
entregar”
23
.
Na entrevista o amigo de Dadá afirma que cangaceiro não tinha projeto de
transformação social e de que não se aproximava da imagem de Robin Hood, de roubar
dos ricos para dar aos pobres:
21
Idem, p. 34.
22
Ibidem, p. 40.
23
Idem,, p. 45-48.
Anais do SILEL. Volume 2, Número 2. Uberlândia: EDUFU, 2011.“
- Se vocês queriam ouvir que a gente era um movimento organizado
que queria ajudar os pobres, não vão ouvir não. A gente não tinha
essa motivação não. Cada um tinha entrado no bando por motivo de
sobrevivência”
24
.
Assim, a imagem romântica e idealizada do cangaço foi questionada pela própria Dadá:
“... eu não defendo cangaceiro não. Aquela vida ninguém queria. Mas
quando um vivente não tem meio de levar a sua vida, como é que vai
fazer? Que teve abuso? Teve sim. [...]
É, barbaridade teve dos dois lados, não vou negar. Só que só
divulgavam as cometidas por cangaceiros. Então, se cangaceiro era
bandido, volante era igual, quando não pior!”
25
Por fim, a narrativa se aproxima dos problemas atuais das grandes cidades brasileiras,
quando as crianças abandonadas à própria sorte entram no narcotráfico.
Armado, vai ser respeitado. Até quando? "
Armado, vai ser respeitado. Até quando? "
Para ir à postagem na íntegra clique aqui
Nenhum comentário:
Postar um comentário