Caro Nassif, tenho feito buscas sobre o crime organizado no Brasil. Não encontrei nada recente. Aliás, para ser atualizada, a pesquisa teria que incluir esta nova modalidade de crime organizado, refiro-me à sofisticação da rede comandada por Cachoeira. Na falta de tal pesquisa, convêm nos debruçarmos sobre os antigos estudos que arrolavam apenas gente como Fernandinho Beira-Mar e Leonardo Dias Mendonça, Marcola, PCC, etc.
O problema é que, se novidade essa organização criminosa com seus personagens sofisticados, cujo modus operandi envolve a Veja (com direito a ser veiculada no JN/Globo), o conceito é o mesmo de sempre, os crimes praticados, também, em pouco se diferem: Arapongagem, lavagem de dinheiro, quebra do sigilo profissional, corrupção ativa e passiva...
O que é crime organizado?
A Academia Nacional de Polícia Federal do Brasil enumera 10 características do crime organizado: 1) planejamento empresarial; 2) antijuridicidade; 3) diversificação de área de atuação; 4) estabilidade dos seus integrantes; 5) cadeia de comando; 6) pluralidade de agentes; 7) compartimentação [6] ; 8) códigos de honra; 9) controle territorial; 10) fins lucrativos.
Diante destas características recordo-me que, já em 2004, a revista Veja, de Robeto Civita, publicou uma matéria falsa, por ocasião da CPI da Loterj, para livrar Carlinhos Cachoeira da cadeia. Nesta e noutra ocasiões, a Veja foi mais do que telespectadora ou empresa jornalística registrando um fato: Fez parte da trama criminosa.
Daí para cá, o modus operandi da organização criminosa, com a Veja no papel de partícipe, sofisticou-se. Assim diversas farsas foram engatadas, como por exemplo o falso grampo falso grampo contra Gilmar Mendes. Nesta ocasião, Cachoeira aproveito-se do caso Daniel Dantas para detonar a Abin e de cara, livrar o banqueiro da cadeia, o que de fato ocorreu.
Diante de tais exemplos, o que podemos concluir é que a Operação Monte Carlo trouxe à tona uma modalidade de organização criminosa até então desconhecida, uma vez que, ao que tudo indica, não se destacava por assassinatos, excetos os de reputação na páginas da Veja. A par disso, os crimes praticados são os mesmos de qualquer outra quadrilha, indo de lavagem de dinheiro a quebra de sigilo profissional, passando por corrupção ativa e passival, afinal de contas a rede era bem grande, dela fazendo parte uma grande teia de autoridades públicas.
A revista Veja integrou de corpo e alma, por todos estes anos, a mais ampla e poderosa organização criminosa que poderíamos imaginar. Duvidododó que em algum outro país uma rede voltada para o crime tenha tido esta sofisticação e tenha ido tão longe. Para se combater o crime organizado é preciso conhecê-lo. Mãos à obra.
Publicado originalmente no blog do Luis Nassif
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