Antigas correspondências ou Do Calendário Gregoriano ou: Lembranças já não mais presentes pois que tudo agora é passado de um tempo que não mais
Agora que vi que chegamos ao fim de urano, amanhã entraremos em Netuno, último mês do ano.
Esta data merecia uma atenção especial mas passou despercebido, fazer o que né,
Eu queria tanto ter mexido somente com arte, de forma a fazer com que o mensário fosse artístico, o que foi impossível, uma vez que os corvos tentaram o tempo todo nos devorar e, como se sabe, eles se aproveitam do nosso descuido, da nossa saída da realidade para nos atacar
Os esforços para que o julgamento do "mensalão" influencia nas eleições
Estará o STF agindo como uma quadrilha para que julgamento do mensalão coincida com eleições municipais?, por Antonio Mello, em seu blog
A partir da dominante tese de "domínio do (ou de para outros) fato", em que a evidente presença de orelha, rabo, pé, costela e barriga de porco significa que estamos diante de um porco, por mais que estejamos diante de uma fumegante feijoada (leia aqui), tudo é possível no estranho universo do STF, que julga com uma faca no pescoço, espetada pela mídia corporativa.
Então, por que não podemos especular que as excelências supremas estejam agindo como quadrilha organizada para derrubar um governo legitimamente eleito, reeleito e novamente eleito por maioria, em eleições livres e democráticas?
Seria apenas uma simples coincidência o julgamento do tal mensalão do PT ocorrer no exato e preciso instante das eleições municipais?
Por que o julgamento do mensalão mineiro pôde ser desmembrado e o do PT não, se o juizes que analisaram os mesmíssimos pedidos são em sua grande maioria os mesmos?
Quem não se lembra da pressão da mídia e de vários dos ministros para que o ministro revisor do processo, Ricardo Lewandowski, entregasse logo seu texto? Por que a pressa? O ministro chegou a confessar que estava sendo constrangido, e emitiu nota sobre o assunto :
Então, por que não podemos especular que as excelências supremas estejam agindo como quadrilha organizada para derrubar um governo legitimamente eleito, reeleito e novamente eleito por maioria, em eleições livres e democráticas?
Seria apenas uma simples coincidência o julgamento do tal mensalão do PT ocorrer no exato e preciso instante das eleições municipais?
Por que o julgamento do mensalão mineiro pôde ser desmembrado e o do PT não, se o juizes que analisaram os mesmíssimos pedidos são em sua grande maioria os mesmos?
Quem não se lembra da pressão da mídia e de vários dos ministros para que o ministro revisor do processo, Ricardo Lewandowski, entregasse logo seu texto? Por que a pressa? O ministro chegou a confessar que estava sendo constrangido, e emitiu nota sobre o assunto :
"Sempre tive como princípio fundamental, em meus 22 anos de magistratura, não retardar nem precipitar o julgamento de nenhum processo, sob pena de instaurar odioso procedimento de exceção."[Fonte]
A desculpa oficial era que se pretendia acelerar o processo para permitir o voto do ministro Peluso, que se aposentaria em setembro. O que o povo brasileiro e os acusados tinham a ver com isso pareceu irrelevante.
Mas o fato é que coincidiu o julgamento do mensalão com as eleições.
Agora, às vésperas do segundo turno, há nova correria no STF, sob alegação de que tudo deve ser votado até semana que vem (exata e coincidentemente a das eleições) porque o relator terá de viajar para tratamento de saúde. O mais ridículo é que a tal ausência seria de no máximo uma semana. Por que o processo de há sete anos não pode esperar uma semana?
Continue lendoA desculpa oficial era que se pretendia acelerar o processo para permitir o voto do ministro Peluso, que se aposentaria em setembro. O que o povo brasileiro e os acusados tinham a ver com isso pareceu irrelevante.
Mas o fato é que coincidiu o julgamento do mensalão com as eleições.
Agora, às vésperas do segundo turno, há nova correria no STF, sob alegação de que tudo deve ser votado até semana que vem (exata e coincidentemente a das eleições) porque o relator terá de viajar para tratamento de saúde. O mais ridículo é que a tal ausência seria de no máximo uma semana. Por que o processo de há sete anos não pode esperar uma semana?
Verdade e liberdade: A legitimidade da Justiça Penal
Muitos ministros não garantistas hoje eram extremamente garantistas antes do julgamento do "mensalão", Gilmar Mendes deu 2 hc para DD em 24 horas, deu até plantão para que as garantias constitucionais do preso fossem respeitadas, proibiu algemas, etc.
Segue comentário de Adamastor, reproduzindo Stanley Burburinho. Comento em seguida:
Curiosidade
- Cacciola morava num condomínio que é considerado um dos mais caros do mundo. Eu disse do mundo.
- O condomínio custava R$ 8.000/mês. É o Golden Green, na Barra, no RJ. Onde moram/moravam Romário, Ronaldo Gordo, etc.
- Cacciola foi preso pelo escândalo do Banco Marka. O apartamento mais barato do Golden Green custa US$ 2,5 milhões.
- Cacciola foi solto pelo Marco Aurélio Mello do STF que esqueceu de apreender o passaporte de Cacciola que tem cidadania italiana.
- Cacciola fugiu para a Itália. Dias depois, adivinha quem se mudou para o Golden Green: Marco Aurélio Mello.
- E já se sabia que não existe tratado de extradição entre Brasil e Itália. Cacciola foi preso porque foi para Mônaco, outro país, para assistir a um jogo de tênis e foi trazido para o Brasil pela Interpol.
Meu comentario O STF que no momento condena José Genoino e Zé Dirceu com base apenas na tese do dominio de fato, sem provas adicionais, tempos atrás era bem garantista. A conferir:
"Em entrevista coletiva na Superintendência da Polícia Federal no Rio, Salvatore Cacciola disse que nunca foi um foragido da Justiça brasileira. Segundo ele, quando deixou o Brasil,há oito anos, tinha em mãos uma decisão do ministro Marco Aurélio de Melo, do STF, que garantia o direito de deixar o país sem nenhum problema.
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Genoino e Delúbio condenados pela Justiça de Minas
Este é o caminho correto: Apesar da clara intenção da Juíza em criminalizar um empréstimo contraído entre entidades privadas e devidamente pagos, os réus foram julgados na primeira instância e, assim, poderão recorrer a outro conselho de magistrados, o que não ocorreu no Tribunal de Exceção da Mídia.
Nesta sentença a Juíza afirma que o empréstimo foi correto e que o crime decorreria do fato de que o PT poderia não pagá-lo, isso foi tipicado como "falsidade ideológica". Ué, se o empréstimo foi pago, não se causando prejuízo a quem quer que seja, onde está o crime? O problema é que a eleição de Lula em 2002 representou para esta aristocracia cínica e secularmente corrupta a Queda da Bastilha e, após 10 anos, reage prontamente com este aparato midiático, judicial e político. Pensam assim salopar as conquistas que os brasileiros tivemos nos últimos anos e retornarem ao poder assim como se fossem e são os 4 cavaleiros do apocalipse trazendo em seus alforges a miséria, a corrupção, a fome e a peste. Interessante se notar que o judiciário jamais acusa os réus de enriquecimento. Não seria o caso, uma vez que se trata do maior "assalto" aos cofres públicos de que se tem notícia "quadrilheiros" terem enriquecido? Kd os castelos destes petistas integrantes do "maior escândalo de corrupção" deste pais? Isso não interessa a este Judiciário capenga? Na verdade nunca fizeram este tipo de acusação pq reviraram a vida dos petistas, indo da quebra do sigilo fiscal, telefônico e emails e nada encontraram, nem riqueza ilícita nem outro tipo de prova, até mesmo pq o dinheiro contraído neste empréstimos foi gasto com aquilo para o que eram destinados, ou seja, com campanhas eleitorais e não com "compra de votos de parlamentares para a aprovação dos projetos de Lula". Não queremos impunidade mas um processo justo, afinal de contas não se pode chamar de Justiça esse Tribunal de Exceção, político e discriminatório, montado para o show midiático-eleitoral de um julgamento. Justiça mesmo neste pais, agora ficou provado, só existe prá preto, p., pobre e petista: Quem rouba bilhões de reais e se enriquece ilicitamente, quem furta no atacado, tem carta branca do quarteto stf-mpf-midia-oposição. Como disse Bob Fernandes, sim, maior escândalo pq os verdadeiros grandes escândalos, praticados por tucanos, nunca foram denunciados.
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A absolvição de Duda Mendonça
Comentários ao post A Absolvição de Duda Mendonça
Andre Araujo disse:
Meu caro Daniel, no caso Duda a midia não fez qualquer escandalo, afina a DUDA Propaganda é agencia da AMBEV, que é uma das cinco maiores anunciantes do Pais em todas as midias, portanto DUDA é da "midia" e ai a midia alivia, a extraordinaria mudança de tom na sessão do STF tem o aval da midia, parece outro Pais e outro tribunal e
nem parece o mesmo processo que queimou na fogueira os reus anteriores.
DanielQuireza disse:
Sim, André, a mídia pauta o julgamento, desde a data até a pressão por condenações. E os ministros sem força para suportar pressões, como o caso da Rosa sucumbem. Vamos aguardar o fim do segundo turno e as próximas aposentadorias de ministros para vermos se o Governo tomará ou não providências.
—
@DanielQuireza
IV Avatar do Rio Meia Ponte disse:
Enfim, os vampiros já se fartaram com o sangue de Dirceu e Genoino. Depois que a sucuri engole sua presa, entra em período de hibernação. O Tribunal de Exceção começa a ser desmontado. A suprema corte voltará ao seu leito normal, até mesmo por exigência da midia: A mulher do Noblat está na fila para ser julgada em processo no qual é acusada de roubo de mais de 30 milhões de reais do INCRA, há também o mensalão tucano,,,..Imagina só esta gente tendo um julgamento politico, de exceção, discriminatório, como este que acabamos de ver. Esperar sentado pq de pé cansa.
Julgamento de exceção do "mensalão": Algumas provas
Para não nos esquecermos de que o julgamento do "mensalão" foi de exceção vou deixar aqui este lembrete. O assunto veio à tona a partir de um comentário do serrista Mauro Cesar, que comparou decisão de primeira instância condenando a gráfica da Folha a indenizar o ENEM com o julgamento do "mensalão". Aliás, falando em condenação da gráfica da Folha, pq será que essa notícia foi censurada pelo JN e demais que defendem com unhas e dentes a liberdade de empresa, ops, imprensa:
Comentários ao post "Gráfica da Folha condenada a indenizar ENEM'
Mauro Cesar disse:
E o melhor é que a justiça não é mais golpista!
Pois é, essa é a justiça de primeira instância, para a qual deveriam ter ido os processos de 36 réus da ação penal 470, inclusive José Dirceu e Genoíno.
IV Avatar do Rio Meia Ponte disse:
Arthe, bem lembrado. O show do mensalão tinha que ser encenado, por isso a imprensa não permitiu o desmembramento, direito concedido aos réus do mensalão tucano, com a agravante de que 79 políticos tucanos foram excluídos dos autos pq esse mesmo rigoroso STF admitiu que os tucanos praticaram caixa 2, sim, era o mesmo valerioduto de sempre, sem falar que no caso tucano houve roubalheira dos cofres públicos das estatais mineiras. Se tivesse tido o desmembramento eu queria ver esse show eleitoral, pois apenas 3 réus teriam sido julgados. Ainda houve o fatiamento para garantir o uso eleitoral com os réus petistas sendo condenados nas vésperas do primeiro turno e até sendo algemados tmbm quando o eleitorado se dirigir às urnas neste segundo turno, Sem falar nos ineditismos tais como as provas sendo substituídas pelo domínio de fato, coisa que nem mesmo o Tribunal de Exceção de Nuremberg permitiu, uma vez que pelo menos um chanceler e um ministro de Hitler foram absolvidos por falta de provas.
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Como a imprensa tratava Barbosa antes do julgamento do "mensalão"
O que me interessa é o fato de terem sido publicados na grande imprensa, sendo este meu recorte, não se pode afirmar com certeza se são fatos verídicos, se bem que, conforme a nossa "Justiça Pós-Mensalão", o famoso "onde há fumaça há fogo", ou seja, os indícios, servem como prova para se condenar um réu, bastando para isso apenas que o infeliz tenha tido domínio de fato por ocasião da suposta ação, uma tese usada apenas em época de guerra para condenar os derrotados, aliás, nem nestas situações, pois como sabemos, o Tribunal de Exceção de Nuremberg absolveu pelo menos um chanceler e um ministro de Hitler por falta de provas. Eu da minha parte não creio que Barbosa batia na mulher e, é bom que se repita: Não é este meu ponto de interesse e sim o comportamento dúbio da imprensa, uma coisa ontem outra hoje, carrasco ontem herói hoje, o mundo gira.
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Pontos comuns entre o julgamento do "mensalão" e a Revolução Francesa
Na imagem os 4 cavaleiros do apocalipse: Mídia-mpf-stf-oposição |
Jacobinos vs Gerondinos, por Educaterra:
A máquina democrática |
Um dos símbolos mais perduráveis da Revolução de 1789, além do formidável apelo a favor da igualdade entre os homens, foi contraditoriamente uma máquina de matar - a guilhotina. Até os estertores do Antigo Regime, os carrascos, eram autorizados a executarem os sentenciados pelas formas as mais diversas. Cada um morria de acordo com os critérios de nascimento e posição social. Os nobres por exemplo jamais podiam ser enforcados enquanto que os plebeus nunca mereciam ser submetidos ao cutelo do machado. Em vista dessa diversidade, inaceitável numa sociedade que se pretendia igualitária, o doutor Joseph Ignace Guillotin, um respeitável cientista e médico da saúde pública, além de emérito introdutor das vacinas, recomendou à Assembléia Nacional, em outubro de 1789, que se construísse um aparelho para aplicar as sentenças de maneira equânime. Tendo-se abolido a forca, a espada e a roda, bem como as torturas, todos deviam ser executados da mesma maneira. Aprovado o parecer, o mecanismo foi engendrado por um cirurgião, o doutor Louis que contou com os recursos técnicos de um mecânico alemão, um fabricante de harpas chamado Schmitt.
Com a aprovação e aplicação da Lei dos Suspeitos, ato desesperado de um grupo de revolucionários que se sentia acossado de todos os lados, as prisões lotaram. Um denuncismo, resultado da paranóia coletiva, tomou conta do povo. Nada melhor para evitar suspeitas sobre si do que dirigir-se até um comitê revolucionário da quadra ou do bairro e apontar um vizinho como possível contra-revolucionário. Imediatamente era ativada a milícia local para que detivessem o suspeito. Conduziam-no então a um dos diversos locais de triagem espalhados pela cidade. Se de alguma forma confirmavam a delação, a vítima era encarcerada na força ou na temida corciergerie, a antecâmara da guilhotina. Dependendo da sua periculosidade para o regime, era imediatamente enviado para um tribunal revolucionário. Se realmente tratava-se de alguém importante talvez o próprio inquisidor-mor da revolução, Fouquier-Tinvelle, o julgasse. Ele era o mais extremado e dedicado alimentador do cadafalso, amigo da implacável lâmina que desabava dos altos para colher mais uma vida humana. Mais tarde, com a queda dos jacobinos, ele também julgado disse: J 'avais des ordres, j 'ai obéi, "eu tinha ordens, eu obedecia".
A Corciergerie, a ante-sala da morte |
Sentenciado à morte, o réu era então removido para o local do suplício. Colocavam-no numa carreta puxada por bois para que a cerimônia da sua morte se tornasse uma longa agonia pela ruas de Paris. A única melodia que o acompanhava o tempo inteiro provinha do monótono ranger das rodas e dos impropérios que era obrigado a escutar ao desfilar em céu aberto. Na praça o esperavam-no os apupos da multidão. Os guardas o removiam da carroça diretamente para as escadas. Lá o entregavam ao experiente verdugo. Este verificava se haviam-lhe feito a tonsura para deixar livre o pescoço para que a eficácia do cutelo se realizasse. Com as mãos amarradas às costas, colocavam-no numa prancha e prendiam sua cabeça no jugo, enquanto o carrasco acionava a manivela soltando o aço afiado sobre sua nuca. Num zaz a cabeça dele saltitava na cesta.
Repleta teu cesto divino com a cabeça de tiranos... Santa Guilhotina, protetora dos patriotas, Rogai por nós. Santa Guilhotina, calafrio dos aristocratas, Protegei-nos!
(Prece revolucionária, 1792-1794)
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A França inteira morrendo na guilhotina |
Instalada a máquina da morte por um tempo na Place du Carroucel, esta logo revelou-se estreita para o grande afluxo de gente que desejava assistir as execuções. Quando se deu o guilhotinamento de Luís XVI, em 21 de janeiro de 1793, tiveram que encontrar um espaço mais amplo, fixando-a na Place de la Concorde, rebatizada como Place de la Révolution. Nela seguramente cabia uns 20 mil espectadores, se incluirmos as pessoas que acompanhavam os eventos do alto dos balcões dos prédios que cercavam a praça (os moradores costumavam alugar as sacadas para os que vinham do interior ou para gente dos outros bairros). Sempre presentes, na primeira fila do cadafalso, injuriando os condenados, estavam as tricoteuses, mulheres velhas que passavam o tempo fazendo os seus tricôs ao pé da guilhotina, lançando palavra terríveis aos que iam entregando a cabeça decepada ao cesto imundo de sangue, que ficava postado logo abaixo da lâmina caída. Quando a multidão tinha um particular ódio por um dos sentenciados, como ocorreu no caso da rainha Maria Antonieta, era praxe o carrasco erguer a cabeça dele pelos cabelos para que uma onda de impropérios o enxovalhasse no momento daquela triste despedida. No auge do terror a máquina alimentava-se com umas trinta cabeças por dia. Tratava-se de um espetáculo de vingança coletiva, no qual a massa popular encenava o seu acerto de contas com a nobreza deposta e seus adeptos. Anteciparam as grandes encenações outras que irão se repetir durante as situações revolucionárias do século XX, na Rússia comunista de 1917, na Alemanha nazista de 1933, na Itália fascista de 1922, ou nos julgamentos de massa dos seguidores da ditadura batistista feitas na Cuba revolucionária em 1959.
De um lado, com Danton e Camille Desmoulins, alinharam-se os que acreditavam que o perigo maior havia passado e que a política de terror deveria ser atenuada: eram os chamados "indulgentes". Do outro, encontravam-se os extremistas, ou "terroristas", liderados por Robespierre, que desejavam continuar com as execuções em massa, eliminando qualquer tipo de oposição ou dissidência, pensando assim em esculpir um novo cidadão, dotado das mais altas virtudes republicanas.
Danton, o tribuno da revolução |
Entre 1793 e 1794 o terrorismo ensangüentou a França e apavorou o mundo. Em apenas dez meses 16.594 acusados de conspiração subiram ao patíbulo e foram guilhotinados, após passarem por processos sumaríssimos. Estima-se que a revolução causou ainda uns 30 ou 40 mil mortos em conflitos diversos espalhados pelo país todo. Apontam-se ainda uns 300 mil detidos durante o processo todo. Não escaparam do terror - como foi chamado esse período - nem os próprios mentores da revolução, como Danton e Camille Desmollins, mandados executar por Robespierre, depois de terem sido submetidos ao Tribunal Revolucionário, num julgamento sensacional, acusados de corrupção, falta de firmeza revolucionária e simpatia pela política de abrandamento. A revolução, como Saturno, devorava seus filhos.
Comandado pelo inflexível Robespierre, o terror havia sido posto na ordem do dia como uma resposta à violência dos inimigos, dos contra-revolucionários. No dia 13 de julho de 1793 o extremista Jean-Paul Marat, cognominado "o amigo do povo", título do seu jornal revolucionário, foi assassinado por Charlotte Corday, uma moça do interior que se dizia simpatizante dos girondinos. Ela deu-lhe uma punhalada quando ele, que sofria de uma doença de pele, estava imerso na banheira da sua modesta casa, cena que Louis David, o pintor da revolução, imortalizou em tela. Marat foi sepultado no dia 15 de julho como herói revolucionário, acompanhado por um enorme cortejo que parou quase toda Paris.
Outros atentados contra os jacobinos reforçaram a tese da existência de uma conspiração contra-revolucionária. Logo depois de Marat, o líder jacobino Chalier foi executado em Lyon, vitima de um complô de girondinos e monarquistas. O terror foi justificado então como um ato de autodefesa da revolução para tentar barrar o braço armado dos assassinos a serviço da contra-revolução.
A morte de Marat |
Robespierre assumira a chefia do Comitê de Salvação Pública e a presidência da Convenção Nacional, o órgão máximo da nação. Tornou-se, de fato, o chefe de governo. O poder que desfrutou pode ser considerado como uma antecipação dos totalitarismo que, depois, no século XX se tornaram correntes. A cinco de setembro de 1793 o terror entrou na ordem do dia. O tribunal revolucionário foi reorganizado. A 17 de setembro, a Convenção aprovou, como se viu, uma lei espantosa, a Lei dos Suspeitos, permitindo que as autoridades prendessem e julgassem todos os "suspeitos" de conspiração. Os acusados, por ela, podiam ser presos, processados, e sumariamente guilhotinados. Simultaneamente o ditador jacobino começava a política de descristianização, com o fechamento das igrejas. A aprovação do novo calendário republicano, em outubro de 1793, romperia definitivamente as influências religiosas no governo.
Comitê revolucionário a época do Terror, 1793-4 |
O poder discricionário de Robespierre não tinha limites. No verão francês de 1794, o terror atingiu o seu auge. De 11 de junho a 27 de julho, o Tribunal Revolucionário expediu 1.376 condenações, só em Paris.
Mas o terror acabou se voltando contra o próprio Robespierre, que mais e mais se isolava. Um fosso de sangue separava o ditador do resto da nação assustada e estarrecida com tamanha brutalidade. A Convenção, temerosa da extrema concentração de poderes nas mãos do tirano, ameaçada por ele num desastrado discurso, tomou coragem para reagir. Robespierre, depois de ter eliminado a sua "esquerda", executando Herbért, seguida da "direita" jacobina, com o guilhotinamento de Danton e de Desmollins, desejava fazer um grande expurgo na Convenção. Chegou a anunciar que em breve apresentaria a lista dos que considerava corruptos e desleais para com a revolução. Foi o seu maior erro político. Temerosos de estarem na lista fatal, deputados centristas e de outras tendências que se perfilavam no chamado "pântano" (le marais), articularam uma reação contra a ditadura.
A 27 de julho (ou 9 Termidor do ano II pelo novo calendário republicano), numa sessão concorrida, com as galerias lotadas, os convencionais, em uníssono, depois de terem impedido o ditador de discursar, gritando "o sangue de Danton o sufoca!", votaram pela sua destituição e imediata prisão. Acusaram-no de tirania, declarando-o fora-da-lei. O "incorruptível", como Robespierre era chamado, foi detido naquela noite mesmo e, no dia seguinte, apesar de dolorosamente ferido no maxilar por um tiro, ele e mais 22 seguidores, entre eles Saint-Just e o seu irmão Robespierre, o jovem, subiram na carreta que os conduziu à execução. A lâmina que tanto executara em nome da revolução, agora decapitava o que restara da revolução. Essa sessão seguida da queda de Robespierre, passou à história como o "golpe do 9 Termidor".
A prisão de Robespierre |
Com ela encerrou-se a etapa mais radical da revolução. Daquela data em diante, passo a passo, a França revolucionária entraria em refluxo. Com a deposição de Robespierre sepultou-se por muito tempo a idéia de uma democracia das massas, dirigida diretamente por um chefe inflexível. De república radical, entre 1793-94, a França transitou para a calmaria do Diretório em 1795. Derrubado este pelo Golpe do 18 Brumário (9 de novembro de 1798), chegou ao consulado com o jovem general Napoleão Bonaparte. O general revolucionário por sua vez transformou-se num governante conservador, proclamando-se imperador em 1804. O império napoleônico, por sua volta, que dominou parte considerável da Europa Ocidental e Central, durou até a queda definitiva de Napoleão, depois da derrota em Waterloo, em 1815.
"(...)
A queda da Bastilha
Para mudar esse estado de coisas, era necessário que fosse feita a Constituição da França, ou seja, o conjunto de leis que estabelece os direitos e deveres de todos os membros da sociedade. Para fazer leis, era preciso a existência de uma Assembléia Constituinte e essa foi, então, convocada pelo povo, à revelia do rei.O povo organizou-se e desencadeou movimentos radicais, como a tomada da Bastilha, prisão onde estavam as pessoas perseguidas pelo Antigo Regime. A abertura dessa prisão e a libertação dos presos em seu interior, em 14 de julho de 1789, tornou-se um símbolo de que o poder já não estava mais nas mãos do rei. Tinha início a Revolução.
Temendo ser deposto, o rei Luís 16 organizou tropas para conter os rebeldes. O povo, como resposta, criou a Guarda Nacional francesa, formada por voluntários armados. Essa força conseguiu deter as tropas da nobreza, fazendo com que os nobres fugissem da França e buscassem exílio em outros reinos da Europa. O rei, no entanto, foi detido e não conseguiu fugir. Ainda em 1789, escreveu-se a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, um documento que defende direitos como a liberdade, a igualdade e a propriedade para todos os cidadãos.
Jacobinos e girondinos
Em 1791 começou a vigorar a nova Constituição francesa. A Assembléia Constituinte, convocada para escrevê-la, foi dissolvida ao concluir sua missão. Em seu lugar, passou a funcionar a Assembléia Legislativa Francesa, que foi palco das disputas que estavam sendo travadas na sociedade como um todo. O exercício da política passou a se fazer a partir da divisão dos poderes entre Legislativo (que faz as leis), exercido pela Assembléia; Executivo (que executa as leis), exercido pelo rei; e Judiciário (que cuida do cumprimento das leis), exercido por juízes eleitos.Dentro da Assembléia, do lado direito sentavam-se os chamados girondinos, que eram moderados e queriam o respeito à Constituição. Do lado esquerdo, os deputados radicais, que queriam a implantação da República, limitando o poder real. Os da esquerda eram chamados de jacobinos (liderados por Robespierre) e "cordeliers" (liderados por Danton eMarat).
Esquerda e direita
Devido a essa divisão política existente na França revolucionária do século 18, até os nossos dias usamos a divisão esquerda e direita para nos referirmos aos partidos políticos. Fazendo uma esquematização didática, a esquerda representa os partidos transformadores, com maior preocupação com os pobres, e a direita representa os conservadores, com medidas a favor da preservação do status quo.Convenção e Diretório
No entanto, mesmo com a Constituição aprovada, revoltas continuaram agitando a França. Os camponeses rebelaram-se. A França declarou guerra à Áustria e à Prússia, temendo a volta dos nobres que lá estavam exilados. O rei, por sua vez, teve seu poder suspenso e novas eleições para a Assembléia foram convocadas em 1792. Os vitoriosos, os deputados da esquerda, inauguram o período político conhecido como Convenção, que é a época mais radical da Revolução Francesa.Durante a Convenção, a República foi implantada e adotou-se o ano zero francês, como um marco histórico que inaugurava a história da França. Os jacobinos assumiram o poder e decapitaram o rei Luís 16 em 1793. Vários suspeitos de traição à Revolução foram mortos na guilhotina, como Danton, acusado por Robespierre.
Devido a essa luta intensa, o período da Convenção foi também chamado de Terror. Medidas mais amplas como educação para todos e voto para todos os homens, independente de renda (o chamado sufrágio universal masculino) foram projetos defendidos pelos jacobinos.
No entanto, em 1794, os girondinos conseguiram derrotar Robespierre e assumiram o poder no ano seguinte. Assim, em 1795, iniciou-se o Diretório, restaurando muitos dos privilégios que haviam sido derrubados pela Convenção.
Napoleão Bonaparte
Durante o Diretório, Napoleão Bonaparte, um general popular que havia lutado na Revolução, deu um golpe de Estado em 1799 e tornou-se imperador. Esse golpe teve o apoio do Exército e da burguesia e foi uma forma de deter tanto as intenções mais radicais dos populares, quanto os desejos da nobreza e do clero de manterem seus privilégios.
Com Napoleão inaugurou-se, então, um outro período da história da França, em que as idéias e conquistas da Revolução Francesa foram usadas para fortalecer o poder desse imperador. Assim, Napoleão, além de pretender controlar a França, quis conquistar o mundo, sob o pretexto de levar as conquistas da Revolução a outros países.
Com Napoleão inaugurou-se, então, um outro período da história da França, em que as idéias e conquistas da Revolução Francesa foram usadas para fortalecer o poder desse imperador. Assim, Napoleão, além de pretender controlar a França, quis conquistar o mundo, sob o pretexto de levar as conquistas da Revolução a outros países.
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1-Julgamento do mensalão, um show de hipocrisia
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