HÁ UMA FARSA historiográfica que ronda a praça de maneira
persistente: a tese de que que a “revolução de 64” teria salvo o Brasil
 da ameaça comunista.
Conversa para boi dormir.
A renúncia de Jânio Quadros em 1961, e a ascensão do seu vice João
Goulart, odiado pelo partido mais conservador da época, a UDN, de
 Carlos Lacerda, e por parte dos militares, foi o ápice de uma cisão
 ideológica que perdurava havia quase 20 anos. De agosto de 1961 a
março de 1964, Jango foi alvo de uma guerra discursiva que o pintou
como corrupto e conspirador de uma ofensiva comunista. Era tudo
fantasia.
O rolo começou em 1946 com uma briga política que se estendeu
por duas décadas entre os três partidos dominantes da chamada
Terceira República (1946-1964), incendiada pela UDN de Lacerda.
Os udenistas, derrotados nas urnas por Vargas (1950) e depois por
Juscelino Kubistchek (1955), faziam uma guerrilha com notícias e
editoriais falando sobre o risco iminente de o país virar comunista
sem base nenhuma na realidade.
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