Dos abecedarianos aos terraplanistas ou: A Ignorância como Profissão de Fé : onde, como quando e como isso começou?
Giordano Bruno: o primeiro mártir da ciência
Durante sete anos, Giordano Bruno foi julgado por autoridades da Igreja sob a acusação de heresia, até ser condenado à fogueira no ano de 1600 |
Segundo algumas tradições, São Pedro teria sido crucificado em Roma por volta do ano 65 da era atual
Alguma vez você já ouviu a palavra “mártir”? Sabe o que ela significa? De origem grega, essa palavra significava, a princípio, “testemunha”, designando aquela pessoa que morre (literalmente) por professar a fé numa determinada religião, ou por agir de acordo com sua doutrina. Nesse sentido, adotando-se o ponto de vista cristão, pode-se dizer que mártir é aquela pessoa que preferiu morrer a renunciar à sua fé em Cristo, possível caso, por exemplo, de São Pedro, que, segundo algumas tradições, teria sido crucificado em Roma por volta do ano 65 da era atual.
Com o avanço da história, no entanto, a palavra incorporou outros significados àquele religioso, sobretudo políticos. Atualmente, ela está ligada à ideia de morrer em nome de ideais como liberdade, independência ou autonomia de um povo. Com Giordano Bruno, queimado pela Igreja Católica sob a acusação de heresia em 17 de fevereiro de 1600, um terceiro elemento (ao lado do político e do religioso) entra em cena: o científico.
Nascido em 1548, na Itália, Bruno tornou-se frei dominicano quando jovem. Porém, com o passar do tempo, o italiano se mostrava cada vez mais crítico com relação ao conservadorismo da Igreja, sendo excomungado em 1576. Nessa época, ele deixou a ordem religiosa a que pertencia e fugiu para Genebra, na Suíça, onde se tornou calvinista, ou seja, adepto de um movimento religioso dissidente do católico, mas também cristão. Pouco tempo depois, contudo, Bruno se deu conta de que os calvinistas não eram menos intolerantes para com suas ideias do que os católicos haviam sido. Então, o pensador passou a viver como um estudioso itinerante, instalando-se ora em Paris, ora em Oxford, ora, ainda, em Frankfurt.
Durante sete anos, Giordano Bruno foi julgado por autoridades da Igreja sob a acusação de heresia, até ser condenado à fogueira no ano de 1600
Entre idas e vindas, ele escreveu tratados sobre temas diversos, como matemática, astronomia, ocultismo e magia. Teria sido nesse período que o pensador rejeitara a cosmologia de Aristóteles (defendida pela Igreja), segundo a qual Terra ocuparia o centro do universo. Influenciado pela teoria heliocêntrica de Copérnico, Bruno foi ainda mais longe, defendendo que o universo seria infinito e conteria vários mundos intrínsecos. Foi a gota d’água.
Em 1591, após viajar para Veneza, na Itália, Bruno foi denunciado por heresia à Inquisição local. Dois anos mais tarde, ele foi entregue à Inquisição romana. Sua situação se tornava cada vez mais difícil. Durante sete anos, ele foi julgado por autoridades da Igreja, até ser condenado à fogueira no ano de 1600. A postura tenaz com que ele defendia suas ideias levou muita gente a considerá-lo o primeiro mártir da ciência. Essa, aliás, é uma característica importante de um mártir: sua morte nunca é um simples caso isolado de adesão a uma determinada ideia, mas sim um símbolo do valor dessa ideia.
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