22/09/2009

Fwd: As críticas raivosas contra Obama possuem fundo racista?

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From: edson barrus
Date: 2009/9/22
Subject: As críticas raivosas contra Obama possuem fundo racista?
To:


18/09/2009

As críticas raivosas contra Obama possuem fundo racista?

El País
Antonio Caño


Jimmy Carter, com maior êxito em seu atual papel de consciência nacional do que no anterior de presidente, chamou a atenção sobre uma suspeita que vinha sendo alimentada nos corredores políticos nas últimas semanas: a agressiva campanha de críticas contra Barack Obama é inspirada pelo racismo. "Creio que em grande medida as manifestações de animosidade contra o presidente se baseiam no fato de ele ser negro."

Obama é chamado de mentiroso



Em princípio, se poderia pensar que se trata da clássica tática desqualificadora usada no jogo político: é mais fácil negar a autoridade moral de quem critica - racista, fascista, comunista, xenófobo ou machista - do que aceitar os erros de quem é criticado. No caso de Obama certamente se podem detectar erros, sobretudo em sua gestão da reforma da saúde, que merecem ser destacados com toda a paixão e energia que cada sociedade democrática permita. E esta, que se gaba de ser a mais livre do mundo, permite muito.

Mas também é verdade que parte da paixão que se viu nos EUA recentemente não parece justificável unicamente pela discrepância política. Parece ocultar algo mais, parece afetar um substrato emocional mais profundo e delicado do que a irritação por uma gestão do governo. Parece ser, poderia ser, um resíduo racista.

Sem ir mais longe, a manifestação do último fim de semana em Washington. O mais sintomático não é que fosse exclusivamente branca. Nem sequer que alguns dos participantes exibissem símbolos nazistas. O mais significativo dessa manifestação era a expressão de incredulidade, de plena negação da legitimidade - um colunista conservador escreve presidente entre aspas -, em relação à figura que ocupa a Casa Branca. E esse sentimento não pode estar muito alheio à circunstância de ele ser negro.

Outro exemplo pode ser a polêmica pelo grito de "Está mentindo!" que o congressista Joe Wilson proferiu contra Obama durante seu discurso no Capitólio na semana passada. A colunista Maureen Dowd talvez tenha ido longe demais ao escrever que na realidade o que Wilson quis dizer foi "Está mentindo, garoto!", usando o termo ("boy") com que os senhores brancos se referiam a seus escravos negros.

É um recurso literário, provavelmente. Mas Wilson é da Carolina do Sul, o mesmo estado a que pertence James Clyburn, o congressista negro de maior nível, e ambos sabem quem é quem no sul em matéria de racismo. Clyburn conhece muito bem Wilson, e por isso exigiu que este se desculpasse publicamente no Congresso, e por isso, diante de sua negativa, insistiu em exigir a censura oficial que a Câmara dos Deputados aprovou na segunda-feira.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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