24/09/2007

67/70 - III

Os cílios dos rios
Inclassificável crueldade

Não estamos cuidando de nosso planetinha
Este é um assunto que faz-se urgente: a arte de cuidar
"A Arte de Cuidar" é o título de um livro de Leonardo Boff, spin franciscano, humano
Ele fala da importância de cuidar de si mesmo(a) e do planeta
Com certeza não temos feito isso

Recentemente estive em férias por pequenas cidades do interior no Sul do Maranhão e Tocantins
O desastre ecológico é visível
Por lá se viaja por quilômetros e quilômetros sem que se veja uma árvore sequer
Tudo em nome da grana do agronegócio

A flora e a fauna desapareceram por completo
Os rios são como que serpentes sem cílios
Refiro-me a ausência da mata ciliar
Ciliar porque?
É que ciliar vem de cílio
Pois é...
Rios sem cílos

Nem é preciso o que, sem cílios, seu olho seria devastado pela poeira que, no caso dos rios, são os amontoados e de terra e areia que vão para o fundo, devastando seu leito e, na época das chuvas, provocando enchentes
Rios sem mata ciliar que, como o próprio nome indica, são cílios
Os cílios dos rios seriam dispensáveis se eles fossem serpentes que, ao invés de cílios, "enxergam" através de ondas de infra-vermelho
Na verdade nem enxergam e sim oscultam o ambiente
Nós e os rios não,
Cadê os cílios dos rios?

Nas minhas andanças vi que não é difícil devolver os cílios dos rios
Há uns 5 anos dirigi-me a um rio de nome Neves
Ele estava sem ribanceira, estava tudo plano
Quando chovia ou, até mesmo o vento, estava jogando tudo quanto é tipo de material para dentro do rio
Plantei um pé de gameleira
Visitando o mesmo local, vi que o rio voltou a ter ribanceira
A sombra tornou tudo mais agradável
No entanto, isto não está sendo feito

Fiquei muito triste diante do que vi
Cadê os frutos do cerrado e da caatinga que, antes, faziam a festa da criançada no mato?
Até as abelhas, spin polinizadoras, desapareceram
Desastre à vista
Lamento muito

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