Cotidiano/arte. Registro de vida, visões internas, pensamentos e anamneses. Resolver o problema de ANTARES, sigla para Análise das Tarefas da Elaboração SPIN, Sistema Poético Informativo Nato: poético ou patológico, tanto faz....
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31/01/2010
Falta comando em SP
Trata-se de uma grande inverdade.
Confira neste vídeo onde este engenheiro informa que as chuvas foram até moderadas e que os problemas são basicamente dois:
1- A falta de construção dos piscinões, um projeto que vinha sendo tocado por Marta Suplicy e que foi interrompido por Serra/Kassab.
2- A falta de limpeza do rio, o qual encontra-se com seu leito entupido de terra.
Por portalmpost - no Youtube
Engenheiro Júlio Cerqueira Cesar Neto explica que as enchentes têm ocorrido em São Paulo, desde setembro de 2008, porque a calha do rio Tietê está assoreada em 4 metros, o que diminui a capacidade de vazão das águas e faltam 91 piscinões de um planejamento que previa para eficiência no combate às enchentes 134 equipamentos. São Paulo conta com 43 piscinões apenas. Além do abandono de projetos, por parte da Prefeitura e Governo do Estado, nesse ponto, mais um problema agrava o drama dos moradores da região metropolitana: não tem sido feita corretamente e como se previu desde 2005 a limpeza da calha do rio Tietê. Em setembro de 2008, na ponte da Casa Verde, constatou-se vazão de apenas 735 m³ por segundo, quando deveria ser a capacidade atual de 1000 m³ por segundo. "As chuvas de setembro foram longas e moderadas. Não houve nenhum pico de cheia que levasse à necessidade de vazão maior. O que aconteceu é que a calha do Tietê estava extremamente assoreada."
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Problema social, problema de polícia
29/01/2010
Por Igor Felippe Santos, no Viomundo
O ato contra a criminalização dos movimentos sociais reuniu mais de 300 ativistas do movimento popular, sindical e estudantil, que lotaram a sala João Neves da Fontoura (Plenarinho), na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, na noite desta quinta-feira (28/1), durante o Fórum Social Mundial. A manifestação denunciou a ofensiva da direita contra as lutas de trabalhadores organizados por direitos sociais, que se intensificou nesta semana com a prisão de nove militantes do MST no interior de São Paulo.
O jurista Jacques Távora Alfonsin, procurador do Estado do Rio Grande do Sul aposentado, denunciou que o processo de criminalização se sustenta em um tripé inconstitucional, formado por vigilância, controle e correção. Segundo ele, as polícias e as grandes empresas andam de mãos dadas no processo de perseguição dos militantes sociais. “Nunca houve neste país uma ligação tão íntima entre o aparelho policial e o poder econômico”, afirmou. Depois do processo de vigilância, o Poder Judiciário passa a autorizar formas de controle, que são legitimados por uma campanha dos meios de comunicação de massa para tachar os militantes como criminosos.
Para o secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Quintino Severo, o ataque a uma série de organizações do movimento social, sindical e estudantil demonstra que o alvo da ofensiva dos setores conservadores é a classe trabalhadora. “Quando atacam um sem-terra, um pequeno produtor ou um metalúrgico atacam a nossa classe”, disse Quintino. “Precisamos ter cada vez mais unidade para rechaçar esses ataques”.
O integrante da coordenação nacional do MST, João Pedro Stedile, acredita que as forças de direita passaram a utilizar com mais intensidade os instrumentos que têm maior controle, depois da eleição do presidente Lula. Para ele, os principais instrumentos da direita são o Poder Judiciário, o Poder Legislativo e os meios de comunicação de massa. “Querem criminalizar toda a luta social”, afirma.
“O presidente do STF [Gilmar Mendes] é o porta-voz do comitê central da direita brasileira”, disse João Pedro. Por isso, Mendes entra no cenário político para dar opiniões consideradas anti-populares fora dos autos sobre uma série de temas.
João Pedro avalia também que os meios de comunicação atuam para “criar uma influência na opinião pública para justificar a repressão”. Um exemplo é a cobertura da prisão de nove trabalhadores rurais ligados ao MST na região onde foi realizado um protesto contra grilagem de terras pela transnacional Cutrale.
Enquanto a Rede Globo vem fazendo matérias diariamente sobre as prisões, não deu atenção para os resultados da Operação Fanta, da Polícia Federal, que tem provas de que a Cutrale e outras empresas formaram um cartel e passaram a definir preços e datas de compra de laranja de produtores, desrespeitando as regras do mercado.
Participaram também do ato o presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Ivar Pavan (PT), o deputado estadual Dionilson Marcon (PT), o ativista da Via Campesina Daniel Pascual (Guatemala), a militante da Frente Nacional de Resistência Popular de Honduras Lorena Zelaya e o ativista francês Christophe Aguiton (ATTAC).
FONTE: Viomundo/
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Capitalismo predatório (Cherisma - I, Glossário, letra C)
Fácil acesso, entrei num ônibus a uns 100 metros daqui de casa e, de baldeação em baldeação, cheguei a Bela Vista, onde peguei um ônibus e entrei mato adentro.
Uma agradável viagem.
Na fazendinha da Dona Divina foi vida boa, pés de jaca repleto de frutos, mangas, minas d´agua, bichos cantando e muito verde ao redor.
Eles plantavam de tudo, tudo orgânico, sem uso de pesticidas, além de algumas galinhas e porcos.
A labuta é grande mas eles se disseram satisfeitos.
Falaram dos benefícios trazidos pelo governo federal recentemente:
energia através do programa Luz Para Todos,
médicos através do Programa de Saúde da Família,
venda do excedente da produção através de um programa da CONAB (que compra o excedente, carnes, veduras, leite, etc, para fornecer a aslos, escolas, creches).
Só não gostei do estrago feito nas redondezas pelas plantações de soja.
Notei a ausência de pássaros e aves silvestres que deveria estar por ali e não estavam, e a causa disso são os herbicidas utilizados pela indústria da soja.
De fato, na beira da estrada, vi extensas plantações de soja onde pude ver galões vazios, abandonados, claro, contaminados e pondo em risco o meio ambiente, pois que venenos poderosíssimos, como por exemplo o Furadan, merecem todos os cuidados do manuseio.
Um agricultor que colocou os pés no solo contaminado pelo Furadan ficou inválido, outros com certeza morreram devido ao avassalador dos pesticidas.
Destruição construtiva?
Para o capitalismo predátório isto não tem a menor importância.
Estes conglomerados como a Bunge, Cargil, Monsanto, etc, não cumprem nenhuma função social junto às comunidades, muito pelo contrário.
Além disso há o problema dos incentivos e isenções fiscais oferecidos pelos governos estaduais.
Como se sabe, a maioria destas grandes empresas.
Elas dão calote no INSS e se apropriam indevidamente do montante descontado do salário dos seus empregados para a previdência social.
São centenas de bilhões de reais sonegados e para não quitar seus débitos contam com a conivência do Judiciário, além do forte aparato a seu dispor no Congresso Nacional.
Quando estas empresas são cobradas pelo governo federal, recorrem à Justiça para não pagar e, para isso, contam com um batalhão dos melhores advogados do país.
E o povo?
Ah, o povo…
O que é isso?
E olhe lá que para o povo já foi bem pior.
FHC, um governo que atendia apenas aos interesses dos 10 por cento de brasileiros que abocanham 90 por cento da riqueza nacional, é de triste lembrança, dentre outras realizações ele (FHC) doou a Vale para os seus chegados que, hoje, estão na direção da empresa, e ficou por isso mesmo.
Reclamar prá quem?
Para o Gilmar Mendes?
Para mídia que, dias atrás, algemou e colocou sob humilhação e execração pública lideranças do MST?
Quer dizer que líderes do MST podem ser algemados e mostrados na TV como se fossem troféus, sem que Gilmar Mendes, presidente do STF/CNJ, tenha reclamado assim como reclamou quando prenderam Daniel Dantas.
Como se vê, nosso país é assim meio surrealista ou quem, sabe, ao invés de surreal, siga a lógica do capitalismo predatório que uma elite burra insiste em manter.
Tal como ocorreu no Haiti, um país outrora promisso mas que foi vergonhosamente destruido por estas forças ocultas.
Que de ocultas não tem nada, pois que respondem pelo nome de capitalismo predatório.
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P.S. Este assunto surgiu em função da deste artigo sobre a Bunge Ferilizantes pela Vale.
A saga da Bunge
Por Andre Araujo - no blog do Luis Nassif
A compra pela Vale do negocio de fertilizantes da Bunge por US$3,8 bilhões, provavelmente a maior transação paga em caixa já realizada no Brasil, traz às manchetes um dos mais interessantes e discretos grupos empresariais do mundo, pioneiro na globalização, pois nasceu em Amsterdam em 1818, com raizes alemãs-belgo-holandesas, mudou-se para a Argentina nos fins do seculo XIX, aonde passou a ser a grande exportadora de cereais, chegando a controlar 80% de todas as exportações de trigo argentino, alem de extensas operações de moagem em Puerto Madero, BUenos Aires, com a Molinos del Rio de la Plata, investiu no Brasil ainda em 1910, com o Moinho Santista, com a Fabrica de Tecidos Tatuapé, Serrana (adubos), Tintas Coral, tornando-se um poderoso e sólido grupo empresarial no Brasil. Na Argentina tempos tumultosos esperavam a Bunge & Born, firma privada controlada pelas familias Bunge, Born, Hirsch e De La Tour.
Peron enfrentou e quebrou o quase monopolio da Bunge ao criar o IAPI-Instituto Argentino de Promocion del Intercambio, que passou a comandar as exportações de trigo entre 46 e 53, tirando o filé mignon da Bunge. Em setembro de 74 os irmãos Born foram sequestrados pelos Montoneros, radicais da esquerda peronista, ficando raptados por 9 meses e soltos por um resgate de 60 milhões de dolares. Com o choque do sequestro, a Bunge & Born mudou sua sede mundial para São Paulo, para onde vieram residir os Born. Continuava a ser um dos grandes trustes mundiais do trigo, ao lado da Cargill, da Continental Grain, de Nova York mas de origem tambem belga e da francesa de Estrasburgo, Louis Dreyfuss, tão antiga como a Bunge.
Na Argentina, com a eleição de Menem em 89, a Bunge passou literalmente a comandar a economia do Pais.. Menem entregou à Bunge o comando economico da Argentina e a Bunge indicou os dois primeiros Ministros da Economia do Governo Menem. Em troca trouxe apoio financeiro internacional para a economia argentina que estava quebrada. A jogada deu certo e no primeiro mandato de Menem ocorre um um boom de investimentos estrangerios e privatizações, frutos do acordo Bunge-Menem.
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30/01/2010
Feliz ou a Ressurreição de Che (Cherisma - I, 11/70)
O mundo não vai acabar
Sinto isso
Há muitas coisas para Cherisma
A música está no ar
Você ouviu
Ah, são milhões de músicas tocando no momento
A arte está no chão
Não vês?
Olha, ponha a cara para fora da janela
Não vê o céu?
Roxo...
O mundo está sendo transformado
Se os golpistas sairam vitoriosos em Honduras?
Quem disse isso?
Pois quem disse está redondamente enganado
A liberdade não se conquista assim da noite pro dia
Trata-se de uma luta árdua
E por acaso a luta do povo hondurenho antes do golpe não era pela convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte pela reinstitucionalização daquele país?
E por acaso a luta = foco não continua o mesmo?
Claro que sim, e agora com muito mais fervor, mobilização, firmeza, sabedoria
Os golpistas, estes 10 por cento da população que abocanham 90 por cento da riqueza dos países não terão sossego daqui prá frente
Cherisma será ressuscitada
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P.S. Clique em Cherisma na sequência abaixo, depois da arte contemporânea. Assim você terá Che em suas mãos.
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Discurso de Lula para Cherisma em Davos (Cherisma - I, Anexo IV)
(...)
Minhas senhoras e meus senhores,
Os desafios enfrentados, agora, pelo mundo são muito maiores do que os enfrentados pelo Brasil. Com mudanças de prioridades e rearranjos de modelos, o governo brasileiro está conseguindo impor um novo ritmo de desenvolvimento ao nosso país. O mundo, porém, necessita de mudanças mais profundas e mais complexas. E elas ficarão ainda mais difíceis quanto mais tempo deixarmos passar e quanto mais oportunidades jogarmos fora. O encontro do clima, em Copenhague, é um exemplo disso. Ali a humanidade perdeu uma grande oportunidade de avançar, com rapidez, em defesa do meio-ambiente.
Por isso cobramos que cheguemos com o espírito desarmado, no próximo encontro, no México, e que encontremos saídas concretas para o grave problema do aquecimento global. A crise financeira também mostrou que é preciso uma mudança profunda na ordem econômica, que privilegie a produção e não a especulação. Um modelo, como todos sabem, onde o sistema financeiro esteja a serviço do setor produtivo e onde haja regulações claras para evitar riscos absurdos e excessivos.
Mas tudo isso são sintomas de uma crise mais profunda, e da necessidade de o mundo encontrar um novo caminho, livre dos velhos modelos e das velhas ideologias. É hora de re-inventarmos o mundo e suas instituições. Por que ficarmos atrelados a modelos gestados em tempos e realidades tão diversas das que vivemos? O mundo tem que recuperar sua capacidade de criar e de sonhar. Não podemos retardar soluções que apontam para uma melhor governança mundial, onde governos e nações trabalhem em favor de toda a humanidade.
Precisamos de um novo papel para os governos. E digo que, paradoxalmente, este novo papel é o mais antigo deles: é a recuperação do papel de governar. Nós fomos eleitos para governar e temos que governar. Mas temos que governar com criatividade e justiça. E fazer isso já, antes que seja tarde. Não sou apocalíptico, nem estou anunciando o fim do mundo. Estou lançando um brado de otimismo. E dizendo que, mais que nunca, temos nossos destinos em nossas mãos. E toda vez que mãos humanas misturam sonho, criatividade, amor, coragem e justiça elas conseguem realizar a tarefa divina de construir um novo mundo e uma nova humanidade.
Muito obrigado."
Aqui o discurso na íntegra
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O Rap do Boris
HONDURAS: Frente de Resistência defende Assembléia Constituinte para saída da crise
Rogéria Araújo* - Adital
Os resultados das eleições fraudulentas em Honduras ainda reverberam no país. E também motivam, cada vez mais, os movimentos contrários ao processo político instalado desde o dia 28 de junho do ano passado, com a expulsão do presidente constitucional, Manuel Zelaya. Lorena Zelaya - que atua na coordenação em Tegucigalpa, da Frente Nacional de Resistência Popular, e participa da edição comemorativa dos 10 anos do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre (RS) - é afirmativa: os movimentos sociais querem, de imediato, uma Assembleia Nacional Constituinte.
A formação de uma nova Assembleia, conforme defende a Frente, seria a melhor saída para a crise política na qual o país está imerso desde junho passado e, na sequência, com a realização das eleições em novembro último, cujos resultados são contestados pela Frente, e que apontaram Porfírio Lobo como vencedor do pleito.
Na demanda da Frente, esta outra Assembleia traria os movimentos e organizações sociais numa esfera participativa e não meramente representativa. "Honduras tem sido um país que já teve vários Golpes. Mas agora é diferente. O problema é que agora o povo quer outro tipo de Assembleia Constituinte. Não queremos que seja formada pelos mesmos partidos políticos, queremos a participação de todos os movimentos, organizações. E isso vai gerar muito trabalho para eles", afirmou Lorena, em entrevista durante o FSM.
No entanto, tem-se a convicção de que não será nada fácil. Não há diálogo entre o governo atual e as organizações da base contrárias ao golpe de estado e em favor de uma nova Constituição. "Não há diferença entre o antes e depois do golpe de estado porque se trata do mesmo governo golpista. Nós dos movimentos populares entendemos que o Golpe de Estado continua, uma vez que o presidente eleito Porfírio Lobo, do Partido Nacional, está envolvido totalmente no Golpe".
Por outro lado, Lorena destacou o protagonismo dos movimentos sociais hondurenhos que continuam atuando firmemente em todos esses 190 dias que transcorreram após o Golpe. Neste mês de janeiro, uma grande atividade conseguiu reunir mais de 50 mil pessoas só em Tegucigalpa. Isso, segundo a representante da Frente, demonstra que as organizações seguem mobilizadas.
Ainda sobre a força que mostrou a sociedade civil, ela falou que tem sido impressionante esse empoderamento popular. O Golpe terminou por promover uma intensa articulação que antes não aconteceria no país.
"O que aconteceu em Honduras nos colocou uma nova experiência. Porque mesmo tendo ocorrido vários Golpes de Estado no país, nunca aconteceu nada. Todavia, agora é diferente. Estamos todos os dias nas ruas. Não somente em Tegucigalpa como em todo o país. Houve momentos em que, aproximadamente, mais de 1 milhão de pessoas estavam mobilizadas, coisa que nunca havia acontecido. O que existe é uma articulação dos movimentos, de grupos que antes não estavam impulsionando os processo político, digamos", contextualizou.
Lorena fez referência a grupos como o "Feministas em Resistência", que "são muito fortes, muito comprometidas". Citou ainda os e as "Artistas em" Resistência, os jovens, além dos trabalhadores e trabalhadoras. "São grupos que antes não haviam conseguido essa articulação. E toda a população está mobilizada", disse.
* Jornalista da Adital
FONTE: Adital
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O fator MST
O MST existe há 25 anos e é o mais importante movimento social de base da história do Brasil. A crítica à sua concepção socialista e a eventuais desvios de conduta de alguns de seus participantes é, deliberadamente, ultradimensionada no noticiário para passar à sociedade, sobretudo à dos centros urbanos, a impressão de que seus militantes são vândalos nutridos pelo comunismo e outras reflexões sociológicas geniais do gênero.
A luta do MST é, basicamente, a luta contra o latifúndio e a concentração fundiária nas mãos de uma elite predatória, violenta e vingativa. Essa é a origem de todos os problemas da sociedade brasileira desde a sua fundação, baseada em capitanias hereditárias, em 1532. Nenhum governo teve a coragem necessária, até hoje, para tomar medidas efetivas para acabar com o latifúndio e, assim, encerrar com esse ciclo cruel de concentração de terras no campo brasileiro, responsável pelo inchaço das periferias e pela violência contra trabalhadores rurais, inclusive torturas e assassinatos, com o periódico beneplácito da Justiça e das autoridades constituídas, muitas das quais com campanhas eleitorais financiadas pelos grupos interessados em manter este estado de coisas.
A luta contra o latifúndio não é a luta contra a propriedade privada, essa relação também foi contruída de forma deliberada e tem como objetivo tirar o verdadeiro foco da questão. A construção desse discurso revelou-se um sofisma baseado na a inversão dos valores em jogo, como em uma charada de um mundo bizarro: a ameaça social seria a invasão (na verdade, a distribuição) de terras, e não a concentração no campo, o latifúndio. E isso é vendido, assim, cru, no horário nobre.
É uma briga dura, difícil. Veremos se Dilma Rousseff, em cima do palanque, será capaz de comprá-la de novo.
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29/01/2010
Sociopatas
A elegância entre adversários é uma conquista da civilização. Desde séculos imemoriais o homem cultivou essa postura altaneira em qualquer campo das disputas humanas. No futebol, onde se vê freqüentes demonstrações de selvageria, quando um jogador está caído seus adversários chutam a bola para fora, cedendo cobrança lateral, para que o ferido seja atendido. No boxe, se um dos lutadores “vai à lona” o outro também não ataca. Até os duelos eram feitos com um mínimo de respeito entre os contendores.
É doloroso para alguém como eu, que repudia golpes baixos na política – como fiz quando o ex-porta-voz de Fernando Collor, jornalista Claudio Humberto, espalhou notícia jamais comprovada sobre um segundo filho ilegítimo de FHC, ou quando condenei a campanha eleitoral de Marta Suplicy por usar boatos sobre a sexualidade do hoje prefeito Gilberto Kassab –, ler o que li de comentaristas de blogs da mídia de oposição como o de Reinaldo Azevedo ou o de Ricardo Noblat por conta do recente mal-estar do presidente.
Já reproduzi, em outro post, aquilo ao que me referi no parágrafo anterior. Ou seja, ao teor desses comentários desprezíveis de regozijo e de chacota por conta do problema de saúde do presidente da República. Estamos falando de gente que se divertiu com o que aconteceu com ele.
Também a ausência de manifestações públicas de solidariedade a Lula por parte de seus adversários diretos demonstra mais um pouco a que nível se chegou na disputa política no Brasil, ainda que nos continentes americano, asiático ou africano, principalmente, a selvageria opositora seja característica e recorrente na política, em maior ou menor grau, e ainda que não se possa negar que se trata de uma degeneração da luta política que independe de ideologia ou de grupos partidários.
Assusta ver quão baixo tantos são capazes de descer em uma disputa. Sobretudo porque conduta tão chocante pode ser vista sendo adotada por pessoas supostamente “esclarecidas” e de nível social inclusive mais alto do que o da média da população, o que revela que não se trata de ignorância ou de revolta com a vida, mas da mais legitima sociopatia.
Vi, pessoalmente, uma gentil velhinha, culta e “bem de vida”, reagir assim ao saber que Lula sentiu-se mal. Vi um professor universitário. Vi uma enfermeira de pediatria. Enfim, vi pessoas supostamente respeitáveis agindo como animais, pondo para fora seus instintos mais primitivos, ferozes, irracionais, desumanos ao saberem que o objeto de seu ódio adoeceu.
Só de pensar em como essas pessoas são capazes de dar vazão tão impressionante ao seu lado sombrio contra qualquer um que desafie suas idiossincrasias, sinto medo. Esse tipo de ser humano, conforme vastos estudos demonstram, pode compartilhar nosso dia a dia. São pessoas perigosíssimas. Esses estudos mostram que, sob as condições “certas”, são capazes de ultrapassar qualquer limite da civilização.
Um excelente exemplo de sociopata é a jovem Suzane Von Richtoffen, garota de aparência angelical e inocente que, com o concurso do namorado e do “cunhado”, assassinou os próprios pais a pauladas enquanto dormiam.
Essas pessoas existem muito mais do que se imagina e todos estamos ao seu alcance. Costumam ser dissimuladas e inteligentes. Muitas vezes, ocupam cargos de relevo em todas as áreas da atividade humana, até porque não medem esforços e limites para “se darem bem”. Muito cuidado, portanto, leitor. Certamente você tem uma ou mais dessas pessoas no seu caminho... Ou até bem mais perto do que isso.
FONTE: Cidadania.com
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Orientação de TCC – Portal Luis Nassif
Andei pensando em como compartilhar a experiência acumulada na blogosfera com alunos de faculdade e, ao mesmo tempo, treinar e selecionar para projetos futuros.
Para isso, me proponho a ser o orientador direto de um grupo de alunos de terceiro ano que queira preparar o TCC sobre mídia digital.
Os interessados devem se cadastrar nos comentários abaixo, falar um pouco de si, de seus projetos, da maneira como pretendem trabalhar o TCC.
Aí selecionarei um ou dois grupos para iniciarmos em breve os trabalhos.
Leia mais/
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28/01/2010
E se Lula tivesse morrido nesta madrugada
Vamos ao "e se...."
E se Lula tivesse morrido nesta madrugada, qual estaria sendo, no momento a preocupação de algumas pessoas?
Resposta: evitar que Lula se transformasse em mito.
Incrível o medo que esta gente tem de mitos como Che Guevara, Getúlio Vargas, Luis Carlos Prestes, Allende, etc.
Porque será
A conferir:
"Lula internado no Recife
Nós somos mesmo muito imaturos em democracia. A notícia, no Blog do Noblat, de que o Lula tivera uma crise hipertensiva e portanto saíra do avião que o levaria para Davos e seguira para o Hospital Português, onde ficou internado, provocou comentários feitos sem pensar. Gostemos ou não do Lula - e eu não gosto dele - a pior coisa que poderia nos acontecer agora era o mito do Homem Que Se Sacrificou Pelo País.
Isso resultaria em uma desgraça para o Brasil.
Foi o que comentei e o Ptsauro, rápido, viu bem o perigo do mito que surgiria de imediato. Copio aqui nossos comentários:
Apelido: Ptsauro - 28/1/2010 - 3:15
Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa - 28/1/2010 - 3:14
O pior seria a mitificação.
NÃO!
Nome: Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa - 28/1/2010 - 3:14
Que tal pensarmos com a cabeça e não com o fígado? Deus nos livre que algo aconteça ao Lula agora. Pensem: José Alencar de vice, com a possibilidade de José Sarney voltar ao Planalto?
Peço a Deus que o Lula fique bom depressinha, continue com suas patacoadas até janeiro do ano que vem. Nada seria pior que uma desgraça agora. O Brasil ainda não está maduro o suficiente para enfrentar certas coisas.
Fora o fato do Lula ser um ser humano.
Torço, sinceramente, para que ele fique bom logo. Quero que ele perca as eleições no voto e não de qualquer outro modo. Nós não precisamos de heróis, nem de vítimas. Precisamos que o Brasil consolide a democracia.
Que Deus nos ajude."
FONTE: Maria Helena Rubinato
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- Mário Latino disse:
Assino embaixo.
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Coimbra, a Veja e o Bolsa Família
NASSIF, VEJA ESSE ARTIGO DO MARCOS COIMBRA , DO VOX POPULI SOBRE A MÁ FÉ DA VEJA:
De Marcos Coimbra, sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi:
Correio Braziliense – 27/01/2010
É impressionante a má vontade que parte da imprensa tem com o Bolsa Família. Vira e mexe, alguém encontra um motivo para criticá-lo, tenha ou não fundamento.
Quando acha que descobriu algo relevante, aproveita para externar sua antipatia em relação ao programa, quando não seus preconceitos contra os beneficiários.
0No último fim de semana, uma das mais importantes revistas de informação trouxe uma matéria típica dessa visão. Nela, ao questionar o que, em uma primeira impressão, parece uma decisão condenável do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), que o administra, fica evidente a hostilidade que é dirigida ao programa, levando a interpretações infundadas e equivocadas.
Ninguém é obrigado a gostar do governo e é natural que existam órgãos de imprensa que se posicionem contra ele por motivos ideológicos. No mundo inteiro, isso acontece e é até salutar que tenhamos jornais e revistas com clara inclinação política e partidária.
O problema é que, às vezes, a circulação dessas matérias vai além da publicação de origem. Com a internet, algo escrito aqui está ali em um piscar de olhos, deixando menos nítida sua autoria.
Como determinado texto aparece em inúmeros lugares, parece que tem uma espécie de reconhecimento universal, que todos o subscrevem.
Foi o que aconteceu com a matéria em questão. Os mais prestigiosos blogs a republicaram, como que a endossando. Ela logo virou uma quase verdade.
Seu fulcro é a crítica à concessão de um novo prazo de carência para a exclusão de cerca de 5,8 milhões de pessoas da cobertura do programa, seja por não cumprimento da obrigação de se recadastrar, seja pela elevação da renda familiar para além do limite de R$ 140 per capita. Elas seriam excluídas em novembro passado, mas, com a prorrogação, só o serão em 31 de outubro próximo.
Em função disso, a revista se sentiu autorizada a chamar o programa de “Bolsa Cabresto”, como se a data fixada no ato do MDS fosse evidência suficiente de suas intenções eleitorais.
Dado que 31 de outubro é o dia marcado para o segundo turno da eleição presidencial, estaria confirmado e provado o caráter eleitoreiro do programa. A coincidência “nada sutil” das datas explicaria tudo.
É realmente curiosa a tese. Será que alguém imagina que a interrupção avisada de um benefício favorece o governo na eleição?
Que o fato de 1,4 milhão de famílias saberem que perderão um rendimento vai fazer com que votem em Dilma?
Seria algo totalmente inédito, que desafia a lógica mais banal: alguém ter mais votos quando promete que vai eliminar um benefício e ainda marca o dia (pensando nisso, será que o comando da campanha da ministra atentou para a medida?).
O esdrúxulo argumento vem embrulhado com dados inexatos e ilações mal sustentadas. Tudo no Bolsa Família é inflado para parecer maior e pior.
A matéria afirma que “um em cada quatro brasileiros passou a ser sustentado pelo governo” (sugerindo que através do programa), enquanto se sabe que são 12,4 milhões as famílias beneficiárias (em um total de 60,9 milhões apuradas pela última Pnad), das quais o benefício não chega a “sustentar” nem um terço.
A “prova” que o programa seria um “poderoso cabo eleitoral” é extraordinária. Viria de um estudo que mostra que “a cada R$ 100 mil deixados pelo programa em municípios de mil habitantes” teria correspondido um acréscimo de 3% de votos para Lula nas eleições de 2006.
Será que a revista sabe que só existem 103 municípios no Brasil (em um total de 5.565) desse porte (menos que 2 mil habitantes)? Que neles vivem apenas 158 mil eleitores (em um total de mais de 130 milhões), que representam 0,0012% do eleitorado brasileiro?
Que o voto nominal total para presidente nesses municípios ficou perto de 125 mil? Ou seja, que esses números dizem, na verdade, que a propalada influência do programa é insignificante?
Para corroborar a ideia de que o Bolsa Família é o “Bolsa Cabresto”, foi ouvida a opinião de um cientista político, para quem ele seria pior que o que faziam os “antigos coronéis”: “(Eles) pelo menos aliciavam votos com o próprio dinheiro. O governo atual faz isso com dinheiro público”.
Primeiro, o poder dos antigos coronéis não vinha do dinheiro, mas do mando local. Segundo, é isso mesmo que acham os opositores do programa, que ele apenas alicia votos com recursos públicos? Ou seja, que deveria ser encerrado e terminado, a bem da moralidade?
Enquanto for assim concebido por quem não gosta de Lula, do PT e do governo, mais o Bolsa Família ficará com a cara daqueles que o defendem. Criado em administrações tucanas e largamente ampliado e melhorado pelo governo Lula, é pena que isso aconteça. O programa deveria ser um patrimônio do país.
FONTE: luisnassif/
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27/01/2010
Che não morreu (Cherisma - I, 10/70)
Quem disse que Che morreu?
Mentira.
Nao vês na imagem que Cherisma está viva?
Apenas dormindo sonhando sobre os quadros de Rodrigo
Tudo sonhado
Cherisma não está morta = abatida
Não se trata de morte e sim de performance
Não vês que não se trata de sangue escorrendo chão mas tinta
Tinta se escreve tinta = sangue
Tão velox = veloz traí a razão
Que horas são?
Deus do céu, tenho que bater o relógio de ponto = sobrevivência.
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A exumação de Che (Cherisma - I, 9/70)
Num dos quadros o espírito
No outro o sexo
No outro a matéria
Era assim a vida de Cherisma, tudo sob os escombros
Como recuperar as coisas de Cherisma, ela deixou tudo escrito
09:36
E perdão se escreve perdão = compreensão
Mas apenas = somente quando surge a compreensão Cherisma buscava de volta suas coisas guardadas no consultório médico
As obras ficavam lá aguardando compreensão
Falando nisso, será que o mundo já compreendeu a última obra de Cherisma?
O seu cadáver compondo o diálogo acerca das 3 forças que sempre existiram desde quando o mundo ainda não havia sido criado enquanto espírito, sexo e matéria
Somente depois da compreensão o corpo de Cherisma será exumado
Sim, o corpo, suas obras estão enterradas.
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A salvação de Cherisma (Che - I, 8/70)
Fogo, quis dizer isto
Espírito, sexo e matéria, no primeiro momento em inércia, depois em movimento, abaixo das coisas o papel em branco para ser escrito
E o spin médico começa a vasculhar a Casa de Idéia
E Idéia está muito feliz
Cherisma, até que um fim,
Até que enfim!!!!!!!!!!!!!!!!!
09:00
Quanto a reportagem de capa antiga da revista ISTO É
( )lavagem = desvio = remessa ilegal de dinheiro
Crimes praticados por uma religião
Cujo nome não merece ser citado neste texto sagrado = profano
Não será dito
Pois que os nomes=símbolos provocam o que eles simbolizam = olham = são
Este que se dizem sagrados não passam de um bando de criminosos = devedores
E com esta pose de deuses julgam = condenam = matam
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Idéia = Cherisma (Cherisma - I, 7/70)
No momento
A Casa de Idéia
Idéia precisa sair desta casa de horrores
Está um caos
Precisa se organizar mentalmente=espiritualmente=sexualmente=materialmente=socialmente
Precisa de um filósofo-clínico
Urgente
Chegou a ambulância do filósofo=clínico
O spin médico=filósofo=clínico bate na porta da Casa de Idéia
Idéia (ocupado com umas performances entre 45 paredes, aliás, 4 paredes, e podem ser 45 , não interessa.... E tem que parar de escrever para receber o spin médico)
Spin médico (boquiaberto diante de Idéia. Idéia está vestido=trajado conforme o sonho desta noite).
E Idéia nem dá moral
E moral se escreve moral = atenção
E vive a sós
Não em bando
Idéia em bando é a morte=homicídio=deicídio
E continua na sua loas = performance
E diz
E traz, na cabeça, uma lamparina
Foi assim no sonho desta noite, durante a dormência
Com uma vela=luz na cabeça
E ele não estava de cabeça para baixo
Estava normal
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Mais sobre o médico de Che (Notícias Cherisma I)
Exilado no Brasil há quase quarenta anos, o médico boliviano Reginaldo Ustariz Arze, a primeira pessoa a denunciar o assassinato de Che Guevara, em 1967, conta como a morte trágica do guerrilheiro argentino lhe rendeu a condição de mártir e de santo popular entre os povoados do interior da Bolívia
Um paradoxo para o ateísmo marxista. Nos panteões religiosos de alguns povoados do interior da Bolívia, é possível encontrar, entre altares repletos de imagens de Cristo e da Virgem Maria, a revolucionário socialista que fez do fuzil sua profissão de fé e que se tornou um símbolo peregrino da Revolução Cubana. Barbado e fitando o infinito, Che (ou San Ernesto de La Higuera, como preferem seus fiéis) responde por uma boa parcela das súplicas e das oferendas daqueles católicos bolivianos.
Tivesse morrido em combate, como propagava o exército da Bolívia, Che talvez habitasse apenas o olimpo dos grandes heróis latino-americanos, responsável que foi por uma longa jornada através do continente empunhando a bandeira da revolução armada. Assassinado covardemente depois de sua captura no interior da Bolívia, porém, foi alçado à condição de mártir pelo imaginário popular, que passou a lhe atribuir milagres mirabolantes e lhe comparar a Jesus Cristo.
O responsável pela denúncia de assassinato, que desmentiu a versão oficial - apoiada pela CIA - e entronizou Che como ícone da fé popular, foi o médico boliviano Reginaldo Ustariz Arze, que em 1967 foi um dos primeiros profissionais a examinar o cadáver de Che. ‘‘Na lavanderia do hospital de Vallegrande, eu observei que ele era manipulado com extrema facilidade. Essa movimentação tão fácil levou-me à suspeita de que ele não teria sido morto no dia anterior porque ele estaria rígido cem por cento. Eu driblei a proteção e consegui colocar as minhas mãos no corpo dele. Nesse momento, eu quase desmaiei pois ele estava morno’’, conta Reginaldo.
A foto mais famosa do cadáver de Che é justamente aquela em que o médico faz a denúncia diante do exército de jornalistas que se deslocou para a Bolívia para a cobertura da morte do guerrilheiro. Ameaçado, Reginaldo teve que se exilar no Brasil, onde vive há quase 40 anos e onde pôde levar adiante sua pesquisa sobre a vida de Guevara. O resultado de dezenas de entrevistas e da consulta a centena de documentos confidenciais foi o livro Vida, morte e ressurreição de Che, que Arze lançou recentemente pela editora Brasbol, de São Paulo. Nele, o dublê de médico e jornalista analisa os principais episódios da trajetória de Ernesto Guevara e a aura religiosa que se formou em torno de sua memória.
Em entrevista exclusiva a O POVO, Reginaldo relembra os dias que se sucederam à morte do Che, reafirma seu fascínio pela biografia do guerrilheiro e comenta o filme Diários de Motocicleta, de Walter Salles.
O POVO - O senhor foi o primeiro a denunciar que Che Guevara não havia sido morto em combate, mas que teria sido assassinado. Como o senhor chegou a essa conclusão?
Reginaldo Ustariz Arze - Eu cheguei a Vallegrande na tarde do dia 9 de outubro, segunda-feira. O combate tinha acontecido um dia antes, no domingo. Ao meio-dia do dia 9, o exército deu o comunicado avisando que o Che havia sido morto em combate. Na lavanderia do hospital de Vallegrande, eu observei que ele era manipulado com extrema facilidade. Foi tirada a roupa dos membros superiores, do tórax, para formolizá-lo e para tirar-lhe as impressões digitais. Essa movimentação tão fácil levou-me à suspeita de que ele não teria sido morto no dia anterior porque ele estaria rígido cem por cento nessa hora, 24 horas depois de sua morte. Não contente com essa observação, eu driblei a proteção que faziam para o cadáver e consegui colocar as minhas mãos no corpo dele. Nesse momento eu quase desmaiei pois ele estava morno. A conclusão foi fácil e rápida. A rigidez cadavérica se produz entre seis e oito horas após a morte e após esse espaço o cadáver está cem por cento gelado. E ele estava morno. Então, essas duas coisas, independente da mancha de pólvora ao redor do orifício exatamente na altura do coração, me levaram ao diagnóstico de que ele tinha sido executado.
OP - Na época, o senhor já era médico?
RUA - Eu era médico sanitarista e trabalhava próximo à zona de combate. Eu desenvolvia uma dupla função. Era correspondente de guerra de um jornal boliviano e era médico sanitarista de uma zona perto de Vallegrande. Eu tinha um informante, um olheiro dentro do exército, que me passava informações privilegiadas. Inclusive, pude ir a Vallegrande graças a ele nesse dia porque recebi, na manhã do dia 9, a informação privilegiada, via rádio - naquela época era só rádio amador, não havia telefone -, onde ele me disse: ‘‘o avô chega hoje a Vallegrande’’. Em nosso código, o avô era o Che. Peguei minha motocicleta e fui direto para lá. Parti perto do meio-dia e cheguei lá pelas quatro ou cinco horas em Vallegrande. Poucos minutos antes da chegada do Che.
OP - O senhor já se interessava pelo personagem Che Guevara?
RUA - O Che já era uma lenda em vida naquela época. De forma que eu acompanhava a revolução cubana e a atuação dele em Cuba, desde 1958. Naquela época, eu era estudante e lembro que ficava grudado no rádio para tentar escutar a Rádio Rebelde de Cuba. Uma ou outra vez eu conseguia escutar em ondas curtas. Já naquela época eu sabia da existência do Che e acompanhei muito a vida dele.
OP - O que a sua denúncia mudou do ponto de vista histórico? A quem interessava espalhar a notícia de que o Che não havia sido assassinado?
RUA - A CIA resolveu matá-lo porque tinha medo de que ele se tornasse um homem capaz de gerar um grande problema internacional. Se ela resolveu matá-lo não podia dizer que o colheu vivo e que o assassinou. Tinha que mostrá-lo derrotado na guerra, mostrar como troféu o corpo dele, vencido e morto em combate. Então, descobri que isso não aconteceu. Na época, eu era moço, tinha 27 anos, não tinha medo nenhum. Sabia que jornalistas do mundo inteiro iam chegar lá para o meio-dia do dia 10 e me pus entre o cadáver e a parede. De maneira que necessariamente os jornalistas pudessem me ver. Isso foi premeditação absoluta. No momento mais importante, quando os jornalistas estavam presentes, eu coloquei meu dedo e comecei a gritar. ‘‘O Che não morreu em combate, eis aqui o disparo fatal, aqui tem pólvora ao seu redor, ele foi executado’’. Houve jornalistas que me colocaram os microfones na boca. Há fotografias disso, a cinemateca boliviana e inclusive a brasileira captando a minha denúncia. Essa denúncia eu fiz no dia 10. No dia 11, o mundo inteiro, através daquela fotografia, que é da Associated Press, e de vários jornalistas que captaram as minhas palavras, ficou sabendo de minha denúncia. Então, nesse instante, a notícia foi impactante. Era contraditória à versão oficial. Em conseqüência disso, eu tive que fugir da Bolívia e vim me exilar no Brasil.
OP - Na época, como a sua versão foi comprovada? Durante muito tempo ficou apenas a palavra do senhor contra a palavra dos militares. Como é que a versão do senhor foi finalmente consolidada?
RUA - Quando eu cheguei ao jornal Imprensa Livre, eu redigi uma matéria explicando os motivos pelos quais o Che não havia sido morto em combate. Mas o jornal se recusou a publicar. O meu editor disse: ‘‘Olha, se nós publicamos a tua matéria, acontecem duas coisas: o meu jornal fecha e você é morto’’. Embora eu tivesse voltado à zona de guerra e tivesse feito mais quinze dias de investigação jornalística, meu relato nunca chegou a ser confirmado porque eu tive que fugir. Eu me encontrei com minha mãe em minha casa me pedindo de joelhos e com lágrimas nos olhos para que eu fugisse do País. Caso contrário, eu seria morto porque o exército estava atrás de mim. Minha denúncia só veio ser confirmada na década de 80, quando se publicou um livro escrito por um militar boliviano, mostrando fotografias do Che vivo na frente da escola de La Higuera, um povoado perto de Vallegrande onde ele foi aprisionado e ficou 24 horas vivo e preso. A partir daí ninguém nunca mais no mundo duvidou de que ele tinha sido assassinado.
OP - O senhor já tinha chegado a ter algum contato com o Che antes desse episódio?
RUA - Em 7 de julho de 1967, depois de ele ter tomado uma cidade chamada Samaipata, aquele mesmo informante me disse: ‘‘o avô ontem esteve em Samaipata’’. Samaipata estava mais ou menos a 60 quilômetros de onde eu estava como médico. Peguei minha moto, fui lá, encontrei o lugar onde eles se esconderam à noite, peguei um guia, rastreei e fui atrás dele por uns dez dias com uma mula e com o guia. A minha intenção naturalmente era encontrá-lo e fazer uma reportagem. Eu cheguei a ficar muito próximo dele pelo que os rastros mostravam. Mas ele perdeu-se no meio de um rio e depois de dez dias eu tive que voltar apenas com a bunda estraçalhada, nunca tinha subido numa mula tanto tempo.
OP - Como se deu o seu exílio para o Brasil?
RUA - Depois da denúncia do dia 10, e depois de redigir aquela matéria não publicada, eu fiquei com muita raiva e voltei à zona de guerra. Escondi a minha credencial de jornalista e entrei exclusivamente como médico, entrevistando soldados feridos no próprio hospital. Eu era médico numa zona próxima e ia com muita freqüência não só a Vallegrande como a zonas próximas à zona de guerra. Eu vacinava naquela região. Então, munido das minhas credenciais e da minha condição de médico dessa zona, consegui romper o cerco militar e entrar até La Higuera. Eu fui naqueles dez ou quinze dias subseqüentes ao dia 9 de outubro. Do mesmo jeito, de mula, de pé, de tudo o que se possa imaginar. Aí descobri tudo o que supus sobre o assassinato do Che. Descobri relatos de camponeses que, embora não quisessem falar, acabaram me contando que ele chegou vivo na noite do dia 8. Se ele chegou vivo, ele foi executado. Isso confirmou as minhas suspeitas. Quando voltei, eu estava disposto a sair da Bolívia e publicar a minha matéria, revelar o que tinha descoberto. Mas me rendi ao apelo materno e estou vivo porque acabei ficando quieto, calado. A CIA iria me matar mesmo no Brasil ou em qualquer lugar do mundo se eu continuasse com a tese de execução do Che.
OP - Ao todo, foram mais de 30 anos de trabalho para se chegar a esse livro que o senhor lança agora, Vida, morte e ressurreição de Che Guevara. Que tipo de fontes o senhor consultou?
RUA - Logo que vim ao Brasil, eu botei uma pedra sepulcral na minha língua e nunca mais nem falei nem disse nada até a década de 80, quando voltou a democracia à Bolívia. Eu retornei ao País e comecei a investigar novamente e colher testemunhos. Mas os militares não queriam dar depoimentos, eles se recusavam a me fornecer informações. Só na década de 90, esses militares resolveram abrir a boca, porque já era muito conhecido o fato do assassinato. No entanto, eles mentiam muito. Cada um tinha sua ótica. Cada depoimento que eu recebia não batia com o outro. Eu tinha em minhas mãos mais de 200 documentos confidenciais, achado por aquele olheiro que eu falei. Então, cruzava informações, recolhia um depoimento daqui e de lá. Entrevistei mais de 60 pessoas, tanto guerrilheiros sobreviventes em Cuba e na Bolívia quanto soldados, militares, camponeses e professores ao longo de todos esses anos. Minha maior dificuldade foi colher os depoimentos dos militares.
OP - Atualmente, um dos filmes mais badalados do cinema nacional é Diários de Motocicleta, do Walter Salles. O senhor assistiu ao filme? O que achou?
RUA - Eu tive o privilégio de estar presente à pré-estréia do filme, eu fui convidado, estive com Walter Salles e Alberto Granado. De Alberto Granado eu já havia colhido um depoimento em 2001. O filme é bárbaro, muito lindo. É a pura verdade, é a pura realidade. Estou utilizando esse gancho do filme para publicar uma revista onde faço uma análise de Diários de Motocicleta e um livro que deve ser lançado em um ou dois meses não sobre os Diários de Motocicleta mas sobre os Diários de Bicicleta. É um outro diário do Che que poucas pessoas conhecem, mas que eu tenho: Diários de Bicicleta. Ele viajou de bicicleta 4700 quilômetros pela Argentina.
OP - Quando aconteceu essa viagem de bicicleta?
RUA - Aconteceu dois anos antes dele partir com Alberto Granado. Ele pegou uma bicicleta com um motorzinho, hoje em dia não existe mais, mas era bem comum nos anos 50, um motorzinho pequenininho que se acoplava na bicicleta e desenvolvia vinte ou trinta quilômetros por hora. Então, sozinho, ele já havia feito uma viagem. Ele já carregava dentro de si não só o espírito aventureiro como o desejo de descobrir o seu País, a sua terra, como vivia seu povo, se havia miséria, se não havia miséria. O pai dele disse que encontrou sem querer esses diários um dia no meio de tanta papelada do Che Guevara. O pai do Che publicou um livro intitulado Mi hijo, el Che. Nesse livro, ele menciona os Diários de Bicicleta, que são outro relato espetacular. Ele leva mais de vinte dias nessa viagem. Ele cruza a Argentina do Sul ao Norte. Do centro de Buenos Aires até o Norte, até a fronteira com a Bolívia.
OP - Foi um ante-projeto para a viagem que ele faria com o Alberto Granado...
RUA - Exatamente. Foi um ante-projeto da sua viagem em motocicleta. Porque ele já tinha falado e planejado com Alberto Granado quatro anos antes de 1952 para lhe acompanhar naquela viagem de motocicleta. Tanto que o Che falava para o Alberto Granado: ‘‘E a viagem? Quando?’’ E nunca saía a viagem. Como não saía a viagem, ele resolveu fazer a viagem de bicicleta sozinho. Não podia levar mais ninguém em sua bicicleta porque a cilindragem não permitia. Então, ele fez a viagem sozinho.
OP - Como é que se explica essa alma de viajante do Che? O que ele pretendia com essas viagens?
RUA - Desde moço, o Che já carregava em sua mente um espírito revolucionário. Tanto que, no filme, quando o Alberto Granado lhe propõe formar um partido para derrubar o sistema, Che lhe disse: ‘‘revolução sem armas?! Nunca!’’ Essa mesma frase, ele disse oito anos antes quando o próprio Alberto Granado estava preso num quartel militar e lhe pediam para ele sair à rua para liberar o Alberto. Ele riu dos seus colegas: ‘‘Eu?! Sair na rua?! Sem nenhuma arma no pescoço?! Nunca’’. Ele se recusou porque já tinha o conceito de que só derrubaria o sistema capitalista naquela época mediante as armas, nunca com as palavras. Com 14 anos, antes de fazer a viagem de bicicleta, ele já tinha a consciência de que tinha que pegar em armas. Só com elas ele poderia derrubar o sistema. E no seu relato na viagem de bicicleta, ele critica já o sistema capitalista mostrando a miséria do norte e nordeste argentino.
OP - O escritor Eduardo Galeano, autor de As Veias Abertas da América Latina, critica a tendência dos latino-americanos ao isolamento. Ele costuma advertir que ‘‘separados, não teremos destino’’. Em sua viagem ao lado de Alberto Granado, Che procurou desvendar a América Latina como forma de romper esse isolamento secular entre os países. Qual era o projeto de Che para a América Latina?
RUA - O Che era universal. Ele já era contrário ao capitalismo desde a sua mocidade. O Alberto Granado sabe que ele já era socialista desde moço. À medida que foi passando o tempo ele foi se convertendo em universalista, em internacionalista. A sua pátria não era mais a Argentina, mas a América Latina e o mundo todo. A viagem que ele faz depois de retornar à Argentina da viagem com Alberto Granado, ele já parte decidido a descobrir onde levar à prática seus pensamentos revolucionários e empunhar as armas. Ao sair de Buenos Aires, ele se despede de seu pai falando: ‘‘Aqui vai um soldado de América’’. Primeiro, ele vai à Bolívia. Em 52, havia acontecido uma revolução na Bolívia, de cunho esquerdista e ele achou que lá podia lutar e prestar seus serviços. Ele ficou dois meses na Bolívia. Viu que a revolução foi traída e foi embora. Continuou indo para o Norte, mas seu destino já era a Guatemala. Ele sabia que Jacobo Arbens estava no poder. Então, ele já era um internacionalista, não lutava só pela Argentina. Ele sabia que qualquer luta isolada de um país latino-americano não teria êxito se não derrotasse a ‘‘el pulpo’’ maior que eram os Estados Unidos.
OP - Se o Che tivesse morrido em combate muito provavelmente ele já teria sido alçado à condição de herói. Como foi morto desarmado, sem defesa contra seus captores, ele se tornou um mártir. Como o senhor analisa essa construção mítica em torno do Che a partir de sua morte?
RUA - A história está cheia de exemplos. Vários mártires da humanidade foram mortos, assassinados e executados e se engrandeceram. Certamente, a morte do Che de forma tão violenta o engrandeceu. Quem sabe a morte do Che em combate teria demorado mais tempo para levá-lo ao panteão da história. Mas mais dias menos dias o Che teria sido descoberto em sua grande magnitude porque você não imagina o quanto esse homem pensava na humanidade toda. O Frei Beto disse uma frase interessante no lançamento do meu livro: ‘‘Você sabe que o que o homem gosta mais não é dinheiro nem sexo? O que o homem mais gosta na vida é o poder. Quando ele chega ao poder, ele não quer largar jamais o poder’’. Mas o Che, depois de já ter esse poder e essa glória em Cuba, ele deixa de lado esse poder e se converte num anônimo para ir lutar no Congo e na Bolívia.
OP - O nome de seu livro é Vida, Morte e Ressurreição de Che. No que consiste essa ‘‘ressurreição’’?
RUA - A ressurreição nada tem a ver com a teologia, muito embora eu me inspire em Jesus Cristo para utilizar o termo. Jesus Cristo está vivo porque ele lutou em vida, em Jerusalém, submetido ao império romano. E lutou pelo bem da coletividade, por amor ao próximo. O Che lutou por tudo isso que Jesus lutou. Lutou por dar pão a todos os pobres, lutou para que não exista uma sociedade de explorados e exploradores. Jesus também queria isso. Ele lutou para diminuir a pobreza da sociedade. Ele deu a sua vida por isso. Não simplesmente falou, mas lutou e deu a sua vida por isso. Todas aquelas idéias que ele combateu em vida estão vivas hoje em dia. Nós continuam sendo submetidos, temos quase dois terços da humanidade passando fome. Cadê os irmãos? Cadê a sociedade de irmãos que Jesus Cristo pregoava? Che também pregou isso, queria eliminar isso. Essa compreensão do Che ressurrecto vem daí, da sobrevivência de seu exemplo e de seus ideais.
OP - Falando nessa comparação com Jesus, na Bolívia há populações que invocam o nome do Che como um santo, especialmente no povoado de La Higuera e em Vallegrande. Como o senhor analisa esse aura religiosa em torno da imagem do Che?
RUA - É impressionante. Quando a gente viu aquele homem, aquela lenda, deitado na lavanderia como um maltrapilho, ele parecia um esmoléu, com a roupa cheia de buracos. Quando eu tirei as botas e os sapatos dele, encontrei uns farrapos que serviam como meias. Quando eu tirei as meias dele, encontrei as solas dos pés cheias de feridas e hematomas, sangrando, conseqüência dele ter andado vinte e oito dias pela selva. Esse aspecto e o rosto tão bonito, tão lindo, é que se pareciam com o que nos falavam e mostravam sobre Jesus Cristo naquelas imagens de um homem belo e sofrido. O povo de Vale Grande começou a falar que ele parecia com Jesus Cristo. Daí, foi um passo apenas para que o povo o santificasse. O povo sabia que ele tinha sido executado e foi o primeiro a descobrir todas as coisas que fizeram com o Che em vida antes de mata-lo. Então, esse mesmo povo encarregou-se de lhe atribuir milagres que ele nunca fez, acabaram lhe atribuindo a salvação de colheitas, a recuperação de mulas ou vacas perdidas, esse tipo de coisa. Tudo mentira naturalmente. Mas mesmo que o exército e as autoridades não quisessem, o povo o idolatrou por todos esses motivos.
Pouca bagagem, pernas fortes
Ao contrário de outros heróis latino-americanos, Ernesto ‘Che’ Guevara era filho da elite. Nasceu na cidade de Rosário, em 15 de junho de 1928 e cursou o ginásio em Córdoba, transferindo-se para Buenos Aires para se especializar em medicina alérgica. Sob o lema ‘‘pouca bagagem, pernas fortes e estômago de faquir’’, saiu com o amigo Alberto Granado numa viagem pela América do Sul, onde percorreu a Bolívia, Peru, Equador, Chile e Venezuela.
Depois de lutar na Guatemala, foi ao México, onde se encontrou com o grupo de exilados cubanos do Movimento 26 de julho - referência à data em que, em 1953, Fidel Castro atacou o quartel militar de Moncada e foi levado para uma temporada na prisão de Los Pinos. Fidel convidou Guevara a participar como médico do grupo que planejava, no exílio, a nova ‘‘guerra revolucionária’’ contra a ditadura de Fulgêncio Batista. O apelido ‘Che’ vem dessa época: uma brincadeira com a expressão típica dos platinos recorrentemente usada por Guevara.
Em 1956, recomeça a guerrilha em Cuba e, três anos depois, Fidel e seu grupo chegam ao poder. Insistindo na revolução, Che não concordou com a política de conciliação e coexistência adotada por Moscou - principal ponto de apoio político do novo regime cubano - em relação aos EUA e decidiu ‘‘enfrentar o imperialismo em outro fronte’’. Seguiu então para o Congo onde havia uma nova rebelião e adotou o pseudônimo Tatu.
Em 1966, chegou a La Paz e começou a articular a eclosão de uma revolução comunista na Bolívia - trampolim para uma guerra que se estenderia aos países vizinhos. Rompido com o partido comunista boliviano, no entanto, ele e seus guerrilheiros ‘‘internacionalistas’’ ficaram isolados, o que facilitou sua captura pelo Exército Nacional. Exausto e adoentado, Guevara foi cercado no vilarejo de La Higuera em 8 de outubro de 1967. No dia seguinte, foi fuzilado no interior de uma escola rural e levado para Vallegrande. Tinha 39 anos. (FA)
Che, o médico de Cherisma (Notícias Cherisma I)
A sombra do Che, 5/10/07
"Causou reações a reacionária matéria de capa de Veja sobre Ernesto Guevara, por ocasião destes 40 anos de sua morte, assassinado por membros do Exército boliviano a serviço dos Estados Unidos. Mas é coisa de não causar surpresa.
Tentaram, na revista, levantar o que os psicanalistas jungueanos chamariam de ‘a sombra’ de Ernesto Guevara. Sob a égide de ‘destruir’ um mito, pretenderam levantar tudo o que de negativo se poderia sobre a vida de um homem humano, certamente mais humano do que estes arautos do que de mais servil existe no jornalismo brasileiro.
Não conseguem. É verdade que Ernesto Guevara se transformou no mito Che. Num mito, quanto mais se bate, mais ele cresce. Porque ao contrário do que essas vulgaridades pensam, um mito não é sinônimo de uma mentira. Um mito é uma história que explica porque estamos aqui e somos assim ou assado. Um mito remonta a enigmas que não conseguimos explicar. Então temos que narrar.
Abaixo, dou cinco razões pelas quais os arautos da direita brasileira não podem suportar o mito Che. Muito mais do que a direita propriamente, porque duvido que os poderosos de fato na direita estejam hoje muito preocupados com o mito Che Guevara. Até porque nenhum - repito, nenhum - governo de hoje na América Latina está à altura do mito.
1) Che em línguas pampeanas quer dizer ‘homem’. Em guarani quer também dizer ‘meu’. El Che significa ‘o homem’, ‘o ser humano’, em linguagens que, como rios subterrâneos, nos lembram das catástrofes históricas que nos trouxeram até hoje. O nome, El Che, é uma cicatriz da história, assim como o de Zumbi, ou o de Anita Garibaldi. Com a diferença de que ele cobre o continente e hoje o mundo com sua imagem. A mera presença desse nome como dos preferidos no mundo inteiro prova que as tragédias dos povos são inesquecíveis, por mais que as queiram mergulhar no esquecimento.O nome do Che é um ícone do anjo de Walter Benjamin, aquele que segue para diante na história, mas de costas, vendo-a como uma construção de ruínas.
2) O Che foi um guerrilheiro romântico. Nada mais estranho ao mundo desses arautos do que qualquer sombra de romantismo rebelde. Eles (os arautos) tiveram que eleger o servilismo como estilo, têm que beijar a mão que os afaga ou os chicoteia conforme o gosto (o deles e o da mão). Palavras como rebeldia, entono, ousadia, energia, paixão, e outras do mesmo estilo, são verbetes em branco nos seus dicionários. O Che - que como todo o ser humano tinha qualidades, defeitos e problemas, e que como todo o mito, é mais uma lâmina de contradições do que de certezas absolutas - era alegre, era um ser voltado para a vida, não párea a morte. Como podem os mortos vivos passar incólumes diante desse ser em contínua operação na história, eles que venderam a alma mas esperam poder deixar de entrega-la?
3) O Che era latino-americano. Nada mais detestável para esses arautos (e aí também para os poderosos da direita) do que a lembrança de que eles são latino-americanos. O ideal da sombra deles (a sombra é aquilo que a gente também é mas não gosta de lembrar de que é) é que o Brasil fosse uma imensa pista de aeroporto rumo ao norte, aos idolatrados shoppings centers onde se fala inglês como ‘língua natural’ (como se isso existisse), porque é assim que eles vêm o mundo e a cultura do hemisfério norte. O fato do ícone cuja imagem é uma das mais procuradas no mundo ser a de alguém que morreu pelos povos desse continente amaldiçoado pelos poderes de todo o mundo traz pesadelos inconfessáveis para esses arautos. Pesadelos tão pesados que de manhã eles fingem nem se lembrar deles. Fingem tão fingidamente que até acreditam ser o sonhozinho de consumo em que fingidamente vivem, esses sinhozinhos das próprias palavras, a quem tratam como escravas.
4) O Che lutou pela libertação da África. E com os demais companheiros e companheiras do Exército cubano. Sem a participação de Cuba, é possível até que o regime do apartheid sulafricano pelo menos demorasse muito mais para cair. A vitória do Exército angolano, com Cuba, contra as forças sulafricanas, na batalha de Cuita Canevale foi fundamental para a queda do regime sulafricano. É verdade que as iniciativas do Che nas lutas no Congo não tiveram êxito. Não importa: como o Che é que se tornou o mito, ele carrega nas costas essa pesada carga de ser um dos ícones da solidariedade latino-americana com os povos do continente cujas costas lanhadas de sangue ajudaram a construir a nossa riqueza.
5) O Che era bonito. Aí é demais. Dispensa palavras.
Tudo isso vem aliado à terrível sensação, para esses arautos, de que o mito do Che, a lembrança do personagem vivo, sobreviverá a todos eles. E que se esse mito-anjo vê a história como a construção de ruínas, eles, os arautos, são as mais expressivas da ruína humana a que se reduz o servilismo eleito como estilo.
Flávio Aguiar é editor-chefe da Carta Maior."
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=454ASP008
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26/01/2010
Kim Ives: EUA impuseram terremoto político e econômico ao Haiti
Democracy Now!: Uma cleptocracia? Os ditadores se enriqueceram à custa do empobrecimento do povo?
Kim Ives: Exato. E, depois de 1986 [quando o regime dos Duvalier foi deposto por uma insurreição popular], os EUA se deram conta de que esse modelo estava criando demasiados “Che Guevaras”, demasiadas revoluções, na América Latina, e optaram por estas eleições de fachada para instalar dirigentes presumidamente mais democráticos, mas eram eleições compradas.
O Haiti foi o primeiro país da América Latina que derrotou o esquema eleitoral promovido pelos EUA, ao eleger para a presidência um padre pobre, Jean Bertrand Aristide. Quando tomou posse, em 7 de fevereiro de 1991, Aristide declarou a segunda independência do Haiti, porque o país queria tornar-se independente do domínio dos EUA e da França.
Estes responderam oito meses depois com um golpe de Estado, e o mandaram para o exílio. E assim começou o terremoto político e econômico com epicentro em Washington e Paris, há 24 anos. Assim foi dado o primeiro golpe contra Aristide. Ele foi mantido no exílio por três anos. Foi durante a administração de George H.W. Bush, mas continuou na administração de Bill Clinton.
A propósito, um dos compromissos principais de Aristide ao chegar à presidência foi aumentar o salário mínimo. Na segunda vez em que Aristide foi eleito, em 2004, foi seqüestrado quase de imediato pelas Forças Armadas e de espionagem dos EUA, enviado a uma república centro-africana, onde ficou praticamente preso.
Maxine Waters, congressista de Los Angeles, e Randall Robinson, fundador da organização TransÁfrica, recolheram Aristide na República Centro; de lá foram para a Jamaica e, depois, para a África do Sul, onde ele reside atualmente. Não pode voltar ao Haiti devido à pressão dos EUA. Autoridades da época, como Colin Powell e Condoleezza Rice, afirmaram que Aristide não podia sequer voltar ao hemisfério norte.
No exílio, na África do Sul, o presidente Aristide declarou que quer voltar ao Haiti, e tenho manifestado essa inquietação a várias pessoas no Haiti. Em Washington, o presidente Obama designou imediatamente aos presidentes Clinton e Bush para dirigir o esforço humanitário, afirmando que suas medidas não são partidárias.
Democracy Now!: Então já surge a inquietação a respeito do retorno de Aristide. Os EUA controlam o aeroporto. O presidente Préval cedeu o controle sobre o aeroporto aos EUA. Mas Aristide pediu para regressar. Qual sua opinião da imagem – para não falar dos recursos – dos dois presidentes afirmando que o desastre diminui a diferenças políticas e que é preciso reconstruir o país?
Kim Ives: Bem, é um ponto exato. Ontem estive em frente ao hospital geral, onde vi os horrores, falando com uma multidão na esquina, e surgiu esse mesmo ponto. Porque o presidente Aristide não pode voltar? Ele quer. Assim o disse. Mas o governo não renovou seu passaporte diplomático, que já venceu. Não foi dado a ele um salvo-conduto para voltar ao país.
Se o governo de Barack Obama ou qualquer outro realmente estiver disposto a tomar esta medida – talvez melhor do que todos os C-130 com seus carregamentos, não só de alimentos e ajuda médica, mas também de fuzis -, poderiam mandar um avião à África do Sul buscar Aristide. Seria um gesto que criaria uma onda expansiva, um contra-terremoto de esperança e orgulho popular, que poderia restituir a força moral que o povo precisa para superar esta crise.
Democracy Now!: Para terminar – quem tem o poder aqui? Como o povo está organizado? Nesse aspecto, se coloca constantemente o tema da segurança para justificar que a ajuda fique apenas na área do aeroporto.
Kim Ives: Este é o centro da questão. A segurança é um pretexto. Vemos em todas as partes do Haiti que a população se organiza em comitês populares para limpar, tirar os cadáveres dos escombros, construir acampamentos de refugiados, estabelecer segurança para esse acampamentos. Esta é uma população que é auto-suficiente, e tem sido já faz muitos anos.
Mas não podem sê-lo quando chega um grupo de marines com suas M-16 e começam a gritar com eles. O cenário defronte ao hospitala geral ontem dizia tudo. As pessoas entravam e saiam do hospital para levar comida aos seus ou porque precisavam de assistência, e um grupo de soldados da brigada 82 aerotransportada, colocados em frente ao hospital, gritava em inglês para a multidão. Não sabiam o que faziam, e aumentavam o caos ao invés de diminuí-lo. Teria sido cômico se não fosse trágico.
Não tinham que estar ali. Claro, se houvesse um exército de bandoleiros atacando o povo – o que não é o caso aqui – talvez precisassem trazer esses soldados. Mas agora o povo não precisa de marines, precisa de medicamentos. Esta situação resume o essencial. É o mesmo que fizeram após o furacão Katrina. São as vítimas que dão medo a eles; são “outros”, são os negros que levaram a cabo a única revolução escrava vitoriosa na história. Quem pode inspirar mais pavor a eles?
Democracy Now!: E as organizações comunitárias que existem por aqui?
Kim Ives: Ah, sim, As organizações comunitárias. Eu as vi, numa outra noite, na comunidade de Mattheew 25, onde estava hospedado. Um carregamento de alimentos chegou durante a noite sem aviso prévio. Podia ter ocorrido uma batalha campal. Entretanto, comunicou-se com a organização popular local, Pity Drop, que imediatamente mobilizou seus militantes.
Eles organizaram o local e sua cordão de segurança. Formaram uma fila com as 600 pessoas acampadas no campo de futebol atrás da casa, que também é um hospital, e repartiram a comida de forma ordeira e eqüitativa. Foram completamente capazes. Não precisam dos marines. Não precisam da ONU. Não precisam de nenhuma dessas coisas que a mídia, Hillary Clinton e as autoridades estrangeiras nos asseguram que precisam. Essas são coisas que o povo haitiano pode fazer por si mesmo e esta fazendo para si mesmo.
Fonte: Democracy Now!
Tradução: José Carlos Ruy
Aqui a entrevista na íntegra
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Che voltou (Chesrima - I, 6/70)
As nações-rios (Che - I, 5/70)
Ela queria o que?
Uma nação?
Ou apenas um rio tendo às margens direita e esquerda muitas flores pintadas
De Che para seu médico:
Chegará um dia em que existirão pessoas ao invés de nações
Projetos paras as pessoas organizadas a partir dos rios
Foi assim no antigo Nilo
O problemas é que as nações-Nilo desapareceram
E se cada rio fosse uma nação?
O Rio Tietê não chegaria aonde chegou, à degradação completa
Tudo seria diferente sob a lógica dos rios-nações
Che: os nomes da cidades teriam como sobrenomes os seus rios
São Paulo - Rio Tietê
Quais as cidades-irmãs de SP?
Todas aquelas banhadas pelo Tietê
Isto sim, a nova geografia, a realidade de Che
Qual o nome de Porto Príncipe?
Eu quis dizer qual o sobrenome de Porto Príncipe
(Texto em construção)
A bandeira de Che (Cherisma - I, 4/70)
Nos meus sonhos eu carregava nas mãos uma bandeira que não coube nas minhas mãos
(Mãos se escreve mãos = porta)
Na minha geografia não há qualquer diferença entre mão e porta
No sonho desta noite a minha bandeira virou um fusca
O fusca virou uma flor
Um quadro
Eu furtei um quadro e morri
O meu irmão tomou água podre
E morreu
Uma médica para Che (Cherisma - I, 3/70)
Nós esquecemos tão facilmente
Cherisma?
Tanto faz
Chesrima, Cherisma...
Ou simplesmente Che
Os médicos nos mutilam, às vezes curam
Devemos confiar nos médicos?
Quem Che gostaria de ter como mentor
O que Che diria para seu médico?
Quem sabe depois, no momento não
O mundo pode ser salvo a partir de idéias
??????
Como melhorar o mundo
O que fazer para que as coisas não piorem
Cherisma, uma voz ativa do Haiti que se foi
Che.
O mundo dos autistas
Por antonio francisco, no blog do Luis Nassif
“Todo o meu pensamento é visual, como se fossem fitas de vídeos passando na minha imaginação. Até mesmo conceitos mais abstratos como “se dar bem com outras pessoas” são visualizados através do uso da imagem de uma porta. ”
Admirável, esta Temple Grandin, Doutora em Ciências Animais da Universidade Estadual do Colorado. Autista, ela tem vários textos na internet explicando didaticamente para nós como o autista percebe o mundo.
Continue lendo
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24/01/2010
A grande mídia unida contra a democracia
(...)
Terceiro ato
As recentes críticas ao texto-base da Conferência Nacional de Cultura são o ápice da farsa (termo talvez mal-apropriado aqui, já que ela nada tem de cômica). O Estado de S. Paulo, O Globo e a Folha de S. Paulo atacaram o texto por ele dizer que “o monopólio dos meios de comunicação representa uma ameaça à democracia e aos direitos humanos, principalmente no Brasil, onde a televisão e o rádio são os equipamentos de produção e distribuição de bens simbólicos mais disseminados, e por isso cumprem função relevante na vida cultural”.
A contestação foi à afirmação de que há ocorrência de monopólio nos meios de comunicação no Brasil. O trecho fica mais claro se citada a frase imediatamente anterior: “A produção, difusão e acesso às informações são requisitos básicos para o exercício das liberdades civis, políticas, econômicas, sociais e culturais”. É um texto, portanto, que defende as liberdades, e aponta a concentração nos meios de comunicação como ameaça à democracia e aos direitos humanos. Com ele concordariam até os republicanos dos Estados Unidos, como demonstram recentes votações no Congresso daquele país. Mas não os jornais brasileiros.
É preciso deixar claro que “monopólio” ali é usado em sentido amplo e agregador. Até porque, embora a Constituição Federal (de novo...), em seu artigo 220, proíba a existência de monopólios e oligopólios, nunca houve a regulamentação deste artigo. Portanto o Brasil não tem como estabelecer critérios precisos para determinar se há ou não ocorrência de monopólio neste setor. Qual a referência? A propriedade? O controle? A participação na audiência? A participação no mercado publicitário? Todas as democracias avançadas estabelecem medidas não apenas anti-monopólios e oligopólios, mas anti-concentração, combinando os diferentes critérios citados acima. No Brasil, os únicos limites à concentração existentes foram estabelecidos em 1967 e são mais tênues do que os aplicados nos Estados Unidos, França e Reino Unido. O próprio Estadão já tocou, em editoriais recentes, no problema da concentração no rádio e na TV; agora nega sua existência.
Também não passou despercebida pelos jornais a proposta de regulamentação do artigo 221 da Constituição Federal, que prevê a regionalização da produção de rádio e TV e o estímulo à produção independente. A matéria usa uma declaração completamente equivocada do deputado Miro Teixeira para dizer que o artigo não admite regulamentação. Embora haja pareceres que defendem que o artigo pode ser auto-aplicável, o seu inciso III diz justamente que as rádios e TVs deverão atender ao princípio de “regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei”. Isto é, ele não só admite como solicita regulamentação. Bola fora ou má fé?
Outro ponto atacado pelos jornais é o trecho em que o texto defende o fortalecimento das rádios e TVs públicas e sua maior independência em relação aos governos. Diz o texto preparado pelo Ministério da Cultura: “As TVs e rádios públicas são estratégicas para que a população tenha acesso aos bens culturais e ao patrimônio simbólico do país em toda sua diversidade. Para tanto, elas precisam aprofundar a relação com a comunidade, que se traduz no maior controle social sobre sua gestão, no estabelecimento de canais permanentes dedicados à expressão das demandas dos diversos grupos sociais, na adoção de um modelo aberto à participação de produtores independentes e na criação de um sistema de financiamento que articule o compromisso de Municípios, Estados e União”. Assim, o texto defende o controle social sobre as mídias públicas justamente para que estes veículos não sejam apropriados pelos governos. O foco é justamente a defesa da liberdade de expressão para todos e todas. Onde há ataque à mídia? Onde há ameaça à liberdade de expressão?
Dejà vu
Para quem acompanha esse debate, esse comportamento não é novidade, embora o tom raivoso e histérico nunca deixe de assustar. Parte dos meios de comunicação não aceita nenhum tipo de medida que possa diminuir o poder absoluto exercido hoje por eles. Regras que em outros países democráticos são entendidas como condições mínimas para o exercício democrático, aqui são tratadas como ameaças à liberdade de expressão. A grita esconde, na verdade, a defesa de interesses corporativos, em que a liberdade de imprensa se transforma em liberdade de empresa.
A liberdade de expressão defendida por esses setores não é a liberdade ampla, mas a liberdade de poucas famílias. Contra qualquer medida que ameace esse poderio, lança-se o discurso da volta da censura, independentemente de não haver em nenhum desses documentos propostas que prevejam a análise prévia da programação. Independentemente de esses veículos negarem o direito à informação de seus leitores e omitirem informações e opiniões relevantes para a compreensão autônoma dos fatos, agindo de forma censora. Independentemente de os setores proponentes dessas medidas terem sido justamente aqueles que mais lutaram contra a censura estabelecida pela ditadura militar, da qual boa parte desses veículos foi parceira.
Nessa situação, quem deve ficar apreensivo com a reação são os setores que tem apreço à democracia. Como lembra um importante estudioso das políticas de comunicação, foi com este mesmo tom de “ameaça à democracia” que estes jornais prepararam as condições para o acontecimento que marcaria o 1º de abril de 1964. De novo, aqui eles não mostram nenhum apego à Constituição Federal e ao verdadeiro significado da democracia. Obviamente não há hoje condições objetivas e subjetivas para qualquer golpe de Estado, mas os meios de comunicação já deixaram claro de que lado estão.
Aqui o texto na íntegra
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Acusação: EUA podem ter causado o terremoto do Haiti
O Globo
RIO - Em um comunicado divulgado na rede estatal de televisão venezuelana "Vive" e que ganhou eco na imprensa mundial, o governo venezuelano afirma, com base em um relatório preparado pela Frota Russa do Norte, que "o sismo do Haiti foi um claro resultado de um teste da Marinha americana" com "uma de suas armas de (provocar) terremoto". Segundo o documento, o "terremoto experimental dos EUA devastou o país caribenho", informa o jornal espanhol "ABC".
A Frota do Norte, segue o texto, "monitorou os movimentos e as atividades navais americanas no Caribe desde 2008, quando os EUA anunciaram sua intenção de restabelecer a Quarta Frota, dissolvida em 1950".
O relatório compara, ainda, "o teste de duas destas armas de terremoto" realizados na semana passada pela Marinha americana. A experiência feita no Pacífico teria provocado um terremoto de magnitude 6,5 em Eureka, na Califórnia, sem vítimas, "enquanto o teste realizado no Caribe provocou a morte de pelo menos 140 mil inocentes", diz o documento.
Segundo indica o texto russo, "é mais que provável" que Washington "tivesse conhecimento total do catastrófico dano que este teste de terremoto poderia ter sobre o Haiti e por isso posicionou seu comandante do Comando do Sul, o general P.K. Keen, na ilha para supervisionar os esforços de ajuda, caso fosse necessários".
Em relação ao objetivo de Washington com os testes, Moscou e Caracas afirmam que "no resultado final dos testes destas armas está o plano dos EUA da destruição do Irã através de uma série de terremotos pensados para derrubar seu atual regime islâmico".
Por fim, o documento denuncia que "o Departamento de Estado, Agência Americana de Cooperação para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e o Comando Sul dos EUA começaram a invasão humanitária ao enviar pelo menos dez mil soldados e empreiteiros para controlar, no lugar da Organização das Nações Unidas, o território haitiano após o devastador terremoto experimental".
FONTE: oglobo
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Em editorial The Economist, pede para Nações Unidas criar um governo internacional para o Haiti e sugere Lula
A revista inglesa The Economist, lançou em editorial a idéia de as Nações Unidas criarem um governo internacional para o Haiti e sugeriu dois nomes para presidi-lo: o de Lula e o do ex-presidente Bill Clinton. Lula será homenageado em Davos, Suíça, na próxima sexta-feira, pelo Fórum Econômico Mundial, organização que reúne a fina-flor das finanças, com o status atribuído a Clinton.
Lula vai receber o título de Estadista Global
O editor da publicação The Globalist - diário digital com ampla circulação entre executivos apátridas -, Stephan Richter, sugeriu que o Federal Reserve fosse entregue a Lula e não a Ben Bernanke, cuja recondução ainda não foi aprovada pelo Congresso dos EUA. Ele justifica a blague com um dado sério.
Nos sete anos de administração de um e outro, a de Lula, diz, foi mais competente para cumprir um dos mandatos do Banco Central dos EUA: cuidar do emprego e assim reduzir as desigualdades sociais.
A serem assim as qualidades de Lula, segundo o julgamento de seus fãs no exterior, ele deveria é ficar por aqui mesmo ao término de seu governo e se oferecer à candidata Dilma Rousseff, para assumir o Ministério da Fazenda e o Banco Central.
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Arte para Chesmira - I (Chesmira - I, 2/70)
Escreverei muitas cartas para ela
Pintarei flores para Che
Chesmira será rodeada de arte
Os predadores de Che (Notícias Chesmira - I)
Toda a cobertura do vegetal do Haiti virou carvão para ser mandado para o império.
Do lado de cá, uma elite de predadores.
À frente dos governos, gente como o presidente chileno eleito, o bilionário Sebastián Piñera
Foi assim que começou a morte de Che, João, Maria, José, Chesmira...
Como começou a morte de Che (Notícias Cherisma - I)
E olhe lá que eles querem tomar de assalto o Brasil.
Eles não passarão.
23/01/2010
Crueldade (Cherisma - 1/70)
FONTE: viomundo
Pedreiro haitiano diz que país precisa de trabalho e de outra classe dirigente
Porto Príncipe (Haiti) - O pedreiro haitiano Sergio Derat, 44 anos, trabalha para os militares brasileiros no Haiti. Antes, foi cozinheiro e, nos bons tempos, deu aula de francês para crianças em seu país. Ele diz que o Haiti precisa de trabalho e que vai se reerguer com a ajuda humanitária internacional, mas que é necessária outra classe dirigente, que reduza a diferença entre os 10% que detém 90% da riqueza e o restante da população. “O Haiti precisa de um Plano Marshall” (investimento dos Estados Unidos na reconstrução da Europa no período pós-guerra).
Leia mais
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21/01/2010
A Globo é contra a solidariedade do Brasil ao Haiti?
Em clima de comoção, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou nesta quinta-feira (21) na homenagem aos soldados brasileiros mortos no Haiti pelo terremoto que atingiu o país no último dia 12. Ele lembrou a coragem dos militares que fizeram parte da Missão de Estabilização das Nações Unidas no país, chamando-os de "bravos soldados do Exército Brasileiro".
Mais aqui
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Meu comentário
Chamou-me a atenção a chamada do portal para a notícia.
Refiro-me à fomra como o termo "nobre missão" foi colocado na manchete.
É que a grande maioria dos leitores lê apenas a manchete.
É claro que tais leitores mancheteiros, a se guiarem pelo portal da Globo, concluirão que se trata de um erro a missão do Brasil no Haiti.
O discurso subliminar se completa com uma imagem de Lula, de costas.
Pelo jeito as Organizações Globo não considera como nobre a função dos militares brasileiros no Haiti.
Talvez seja apenas uma questão de tempo a Globo começar, de forma aberta e assumida, uma campanha contra o trabalho do governo em prol do Haiti.
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16/01/2010
Noutro local (Saiti - I, 4/70)
Pifou de vez
Volta e meia ele apaga de vez e adeus tudo
Irei pra outro local
Ao conversar com a Lúcia, percebi que ela atentou direitinho para o problema, verifique a conversa no vídeo abaixo
Ela, ao contrário de mim, não sofre de déficit de atenção, pois leu o que estava escrito na tela, o que não fiz
Por isso não entendo o desprezo do Boris Casoy pelos garis
Se bem que a elite, seja a do Brasil, Sudão, EUA ou Haiti, é assim mesmo
Ao povo todas as pragas, o limbo
Qual é o adjetivo pátrio de Saiti?
Saitiano?
Será que a resposta está na web?
Um momento, vou verificar
Voltei com a palavra saikano
Saitiano ainda não existe
Mas a partir de agora existe
Agora sei
Agora sei
Agora sei
Local (Saiti - I, 3/70)
Eu havia saído para aprender o signficado da palavra "saiti"
site, saite, sítio
Caro prof. Moreno, percebi no Sua Língua o uso repetido do termo sítio, como adaptação do inglês site. Como sei que o senhor defende a fluência natural na adaptação das línguas, e não é um purista antiestrangeirismos fanático, estranhei esse uso. Sei que é corrente em Portugal (assim como usam rato para o — hã…— nosso mouse), mas o termo estrangeiro parece ter ficado por aqui. Parece uma adaptação apressada. O termo site se traduz como “local”, “posição”, ou pelo verbo “situar”. Quanto ao significado, sítio é uma palavra muito menos abrangente que local, a tradução correta. Penso que uma adaptação a partir da tradução deveria transformar o vocábulo em local, enquanto uma adaptação a partir da palavra seria mais honesta se se transformasse em site (lido /site/, não /saite/). Gostaria de saber o porquê de sua escolha, principalmente quando o termo original já parece ter se infiltrado em nossa língua. Obrigado Rodrigo Roesler
Prezado Rodrigo, vou examinar cada opção em separado.
Primeiro, se preferirmos usar o próprio vocábulo estrangeiro, vamos optar por
site (obrigatoriamente em itálico, porque é palavra estrangeira), assim como
fazemos até hoje com winchester, standard ou marketing.Segundo, se quisermos adaptar o vocábulo ao nosso sistema
ortográfico e
fonológico, vamos escolher saite — certamente a opção que vai
conquistar a
maioria dos falantes, por seguir a tendência atual de
aportuguesar os vocábulos
estrangeiros indispensáveis. Nota que tua sugestão
final (escrever site e
pronunciar /site/) é inviável, porque fere um
princípio básico dessas
importações: preservar, dentro do possível, a
pronúncia, e não a grafia do
idioma de origem (abat-jour>abajur;
bureau>birô; black-out>blecaute).
Por último, se quisermos
traduzir o termo estrangeiro, vamos ficar com o
vocábulo vernáculo sítio
(como fazem os portugueses — e não vamos ter a
pretensão de, com nossos
raciocínios pessoais, imaginar que eles estejam
errados…). Eu uso sítio (já
escrevi sobre isso) em coerência com a posição que
sempre defendi nesses
casos: as importações só são válidas quando vêm preencher
lacunas existentes
em nosso léxico, e não se justificam quando apenas substituem
um termo que
já possuímos. Louvo a tua pesquisa nos dicionários — o que é bom,
porque
revela cuidado —, mas estranho a tua conclusão de que sítio seja uma
“adaptação apressada”, porque, como dizes, a tradução do Inglês site seria
local, etc., etc. Na verdade, meu caro Rodrigo, o nosso vocábulo sítio
também
significa “local”, como podes constatar pelos sítios arqueológicos e
paleontológicos que se encontram por aí. Podemos, portanto, optar por
qualquer
uma delas — site, saite ou sítio —, conscientes de que cada escolha
vai revelar
uma atitude diferente diante do idioma. Abraço. Prof. MorenoFONTE: Sua língua
O Adoniram Barbosa produziu uma grande obra, mas a Maria Helena não está incluída nela.