17/09/2011

Intervenção pública pela democratização da comunicação

SPIN - O primeiro momento.


Foi extramamente gratificante sair de casa para fazer hoje esta intervenção pública. A princípio fiquei com receio: eu sozinho nas ruas fazendo isso? Por outro lado eu não poderia deixar de fazer, até mesmo porque já havia prometido às pessoas. Pus a mão na massa, elaborei o texto e sai às ruas. Há muito tempo eu não tinha tido uma experiência tão gratificante. Que os internautas levantem a bunda do sofá e saiam às ruas, que façam alguma coisa pela democratização dos meios de comunicação.


 


O texto em fase de elaboração
 

Leitura atenta da primeira pessoa a receber o texto

Passageiro de ônibus lendo o texto

Outros passageiros lêem de forma atenta


Vendedor de frutas faz sua leitura
O primeiro a receber o texto foi o foi o proprietário de uma lan house, este de camiseta de cor vinho, à direita.

Forma: O segundo momento.

Isso! Feliz com a intervenção pública. As pessoas leram com atenção o texto que, percebi,  foi assimilado de forma fácil.

Conhecimento: O terceiro momento.

O Brasil seria um paraíso para Murdoch, por aqui ele nem teria sido notado, aliás, dias atrás a Veja foi pega fazendo arapongagem, nada aconteceu, tudo continua como antes no Reino de Abrantes. Já na Inglaterra um caso semelhante, as espionagens praticadas por Murdoch, provocaram debate

O marco regulatório da imprensa. No Reino Unido!



Proposta para regular a mídia britânica



Por Martin Wolf, do Financial Times, no blog Viomundo:

Crianças intimidadas cercando o valentão do parque — este é o espetáculo no Reino Unido desde que estourou o escândalo da violação dos telefones pelo [tablóide] News of the World. Como alguém que há muito acredita que a influência de Rupert Murdoch na vida pública do Reino Unido era bastante intolerável, estou encantado ao ver essa reversão de fortunas. Mas raiva não basta. O Reino Unido precisa aproveitar a oportunidade para rever a estrutura e a regulamentação de sua mídia.

A mídia é um negócio. Mas não é um negócio qualquer. Ela não apenas reflete, mas também modela a opinião pública e assim controla uma imensa influência política. É por isso que ditadores buscam controlar a mídia e políticos democratas buscam usá-la. Uma pessoa que controle uma porção substancial da imprensa e da televisão exerce grande influência sobre a vida pública, sem prestar contas a ninguém. Esta é (ou pelo menos era) a posição da News International, [a empresa] do sr. Murdoch.

Alguns poderiam argumentar que, ainda assim, é melhor deixar a questão da propriedade para o mercado resolver e deixar a questão do conteúdo regulamentada apenas sob os direitos da liberdade de expressão, sujeito apenas às leis da difamação ou da invasão de privacidade. Mas a questão da propriedade, sim, faz diferença. A mídia tem uma relação íntima com o funcionamento da política democrática ou, em outras palavras, com a capacidade das pessoas de desempenharem seus efetivos papéis como cidadãos.

Somos tanto consumidores quanto cidadãos, indivíduos em busca de nossas vidas privadas e participantes da vida pública. Liberais clássicos, que começam por assumir que o papel do Estado deveria ser estreitamente circunscrito, enxergam na mídia não mais que uma arena para gladiadores comerciais. Mas, nas palavras de Aristóteles, o homem é um “animal político”. Precisamos tomar várias decisões juntos. No Ocidente fazemos isso através de um estado governado pela lei e responsável perante os governados. Assim, este é um governo do debate permanente. A mídia é o forum para a política democrática. E é por isso que ela é importante.

Diversidade de mídia requer diversidade de propriedade. Mas forças econômicas podem gerar um grau de concentração incompatível com a desejável diversidade. Os políticos, assim, acabam rastejando diante dos proprietários da mídia, que controlam a comunicação dos políticos com o público. Nos piores casos, o proprietário de mídia pode de tal forma torcer e distorcer esta comunicação necessária de forma a transformar a vida pública. Eu argumentaria que o populismo direitista da rede Fox fez justamente isso nos Estados Unidos. Isso não deveria acontecer no Reino Unido.

Ainda assim, paradoxalmente, um proprietário poderoso, como o sr. Murdoch, também pode promover diversidade. O Times — um jornal decente — existe hoje por causa das subvenções da News International. Esta necessidade de apoio reflete parcialmente a situação econômica dos negócios jornalísticos, num momento em que a internet devasta os modelos de negócio tradicionais, baseados em publicidade.
Se tratar a mídia da mesma forma que tratamos as mercearias é um erro grave, é igualmente enganoso ignorar o lado econômico destes negócios. A mídia precisa de financiamento. Se os fundos não vierem do mercado, precisam vir de algum outro lugar. Isso, também, cria riscos, e o domínio pelo Estado não é o menor deles. Cada país terá de conseguir seu próprio equilíbrio, alerta para os dilemas, particularmente em nossa era de profunda mudança tecnológica.

O que agora é necessário é um reexame abrangente do papel e da regulamentação da mídia no Reino Unido. Além disso, quaisquer conclusões desta revisão devem incluir um compromisso explícito com novas revisões futuras, para considerar transformações em andamento na tecnologia e no ambiente de negócios. Tal revisão ampla deveria abranger: lei sobre privacidade e difamação; regulamentação da imprensa; concentração de propriedade dentro e através das diferentes mídias; papel do serviço público de radiodifusão; financiamento público da mídia em geral e da produção de notícias em particular.

Minhas posições preliminares são: a privacidade dos sem-poder precisa de mais proteção e os malfeitos dos poderosos, de menos; a reparação por cobertura maliciosa precisa ser mais dura, preservando a liberdade de expressão; regras para a propriedade cruzada da mídia deveriam ser muito mais duras, com a debatida posição da News Internacional tanto em jornais como na televisão descartada a priori; o país deveria continuar a apoiar a BBC através de financiamento estável, porque ela define a noção do bem público; e deveríamos considerar se a coleta de notícias e análises de alta qualidade merecem financiamento público.
Estes são tempos notáveis. Mas eles também são, até agora, em grande parte uma explosão de raiva daqueles que foram humilhados pela imprensa de Murdoch. A investigação de duas partes planejada pelo primeiro-ministro [David Cameron] sobre o escândalo das violações telefônicas e questões relacionados cobre muito, embora nem todo, o campo necessário.

Não basta acertar as contas com o valentão do parque, ainda que os desvios de comportamento dele tenham sido tão escandalosos. É essencial projetar uma estrutura de regulamentação que preserve a liberdade da mídia, que ao mesmo tempo contenha os abusos, inclusive a concentração de poder sem prestação de contas. Os meios de comunicação são muito importantes para serem deixados à mercê de políticos ou juízes. Mas são também muito importantes para ficar sob proprietários dominantes. O Reino Unido tem uma oportunidade de ouro para encontrar um novo equilíbrio. Se isso acontecer, este escândalo ainda pode dar frutos.

Anexo:

PELA DEMOCRATIZAÇÃO DA MÍDIA


No Brasil a mídia é fortemente concentrada nas mãos de, no máximo, 6 grupos, sendo o mais notável a família Marinho, proprietária das Organizações Globo.

Ao contrário do que ocorre noutros países, por aqui um mesmo detentor de um canal de TV pode ser dono de TV a cabo, jornal, portal de internet, rádio, não havendo qualquer limite a este tipo de concentração.

Além do monopólio em si, ainda há a reserva de mercado na área da comunicação, o que limita a 30% a participação de estrangeiros neste importante ramo da economia que, como se sabe, tem forte peso nos destinos da economia e da política.

No Brasil os serviços de radiotelecomunicação funcionam sob o regime de concessão pública, o que obriga rádios e tvs a seguirem regras tais como qualidade, não partidarismo e imparcialidade, no entanto isso é desrespeitado a todo momento, ficando tudo ao bel prazer dos barões da mídia.

Tal quadro compromete seriamente a nossa democracia, ainda mais se sabendo que, como por aqui tudo pode, não há nem mesmo o sagrado direito de resposta previsto na nossa Constituição Federal, a mídia pode tudo.

Não podemos ter medo de enfrentar este debate. Caso continuemos omissos por conta do medo de perdermos espaço na mídia ou sofrermos assassinato de reputação, este país jamais será uma grande nação. Precisamos nos indignar contra este estado de coisas e fazer com que políticos, partidos, empresas, governos e cidadãos atentem para esta realidade, debatam o assunto  e aprovem um Marco Regulatório da Mídia.

Reproduza este texto e envie para seus amigos, distribua-o nos ruas, faça alguma coisa.

Pela Democratização da Mídia. Informe-se no Facebook

3 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns pela iniciativa.

Lucio, Taubaté-SP.

Anônimo disse...

Parabéns pela sua iniciativa.
A verdade é que está faltando um texto referência de um projeto de Regulamentação da Mídia que pudesse ser divulgado amplamente. O ideal seria que o Governo da Presidenta Dilma enviasse esse projeto para o Congresso, divulgando-o. Isso criaria uma base concreta para amplo debate.
O assunto é muito específico e envolve o conhecimento do que já consta na atual Constituição Federal,de como funciona em outros países essa regulamentação, de como era no brasil anteriormente etc A maioria da população não tem maiores informações a respeito. E pior, só tem informações a respeito, por meio da mídia conservadora.
Maria Lucia

José Carlos Lima disse...

Maria Lúcia, estava pensando exatamente nisso, de pegarmos o embalo da mobilização das redes sociais e levarmos adiante uma campanha em defesa do marco regulatório das comunicações. Se fizermos isso estaremos ampliando a campanha e afunilando em torno de um ponto específico. Noto que que no momento a campanha está um pouco dispersa, ou seja, pulverizada em slogans tais como a democratização da mídia, corrupção da mídia golpista, etc. Como se vê, estes pontos cabem sim dentro dentro de um tema maior, ou seja, o marco regulatório da mídia, previsto na nossa CF inclusive. Quando saí neste sábado para fazer esta intervenção pública em defesa da democratização da mídia, algo assim meio arte meio filosofia meio cidadania, adorei andar por e ter contato real com as pessoas e o que notei foi que elas não estão alheias ao assunto e se interessam pelo tema. O passo seguinte desta luta, seria, como você diz, ampliarmos a campanha e passarmos a defender o marco regulatório da mídia. É fundamental que levemos este assunto à população, até mesmo para tirarmos da cabeça esses medos encucados pelos barões da mídia que, é claro, querem manter a ferro e fogo o monopólio da informação. As pessoas precisam prestar atenção na forma surrada como a imprensa nacional reage todas as vezes que se toca no assunto quando, como sabemos, sacam de suas cartolas o velho discurso segundo o qual o governo quer estatizar a imprensa ou impedir a liberdade de expressão quando o que se quer é exatamente garantir o direito à expressão a todos, bem como um jornalismo de qualidade, repito, precito constitucional. Com essa imprensa partidarizada até os dentes o país não avançará no sentido de se tornar uma grande nação e de uma população bem (in)formada. A Inglaterra está aprovando seu marco regulatório, nos EUA não há propriedade cruzada na área da comunicação. Porque afinal de contas aqui tem que ser diferente. Uma outra luta que não podemos deixar de lado é a aprovação, pelo Congresso Nacional, do pacote anti-corrupção. Enfim, são várias as reivindicações, o campo progressista tem que por seu bloco na rua, não tem o menor cabimento ver estes velhacos de sempre dando agora uma de arautos da honestidade.
Blogueiros assassinados:
http://www.viomundo.com.br/denuncias/laura-tresca-em-defesa-da-liberdade-de-expressao-dos-blogueiros.html
Pacote anti-corrupção empancado no Congresso Nacional
http://www.viomundo.com.br/politica/carta-maior-leis-anticorrupcao-empacam-no-congresso.html
Corrupção da mídia: Quem financia o Anonymous
http://www.advivo.com.br/blog/iv-avatar-do-rio-meia-ponte/corrupcao-da-midia-quem-financia-o-anonymous