Foi muito interessante reconstituirmos esta trajetória da cultura brasileira, uma linha do tempo iniciada com o mutirão sobre o modernismo século passado.
Como diria o insuspeito André Araújo, ficou para trás, lá pelo pelo começo do século passado, o tempo em que uma parte da elite estudava e gostava de arte, o que provocou, por exemplo, a Semana de 22.
"(...) houve uma deterioração extraordinaria da vida cultural em São Paulo a soi disant elite economica de hoje, os noveaux riches da sucata, não tem um só livro em casa, podem ter 100 marcas de whisky mas não tem um livro, revista na mesa Caras e Contigo e olhe lá, se falarmos em Mario de Andrade vão pensar que é um locutor de futebol.
A São Paulo da Semana modernista, do grupo Santa Helena, do TBC, da Vera Cruz, do Museu do Ipiranga, de Tarsila, de Monteiro Lobato, essa São Paulo ficou para trás. Hoje é a São Paulo dos shoppings e das agencias de automoveis importados da Av.Europa. E é isso ai e nada mais. (..)"
Assis, bom comentário. A ditadura do pensamento, através de uma espécie sutil de censura, limita a liberdade expressão de classes marginalizadas, ninguém quer sair por aí sendo o que se é, pois isso implica em ser espancado ou morto nas ruas ou ser abordado a toda hora pela polícia, se for negro então. Há sim uma padronização, uma forçação de barra no sentido da anulação do indivíduo em prol da massificação de um padrão determinado pelos meios de comunicação. Estas figuras abaixo, parecem ser uma pessoa só mas não é o caso, são personagens de um reality show de mulheres ricas, socialites de SP, que transmitem para o restante do Brasil esta ideologia bestializadora. Enfim, nós nos deitamos com Mário de Andrade e acordamos com Silas Malafaia. Triste fim.
Em tempo:
O título desta postagem deveria ter sido Deixando para trás a década de 70 para pousarmos nos dias atuais: A ignorância nos armários da Justiça
Só para encerrar o mutirão, ao contrário do que pensa Gullar, não vejo que o artista tem a obrigação de produzir um objeto ao invés de se expressar enquanto indivíduo livre. Até imagino uma cidade-estado na qual a instância máxima é o Poder Curador, de curar, no lugar do Judiciário, de julgar. Quando ouço advogados nos balções do Forum pedindo certidões narrativas fico me perguntando se a tal certidão não poderia ser alguma coisa escrita por algum paciente em processo de cura, ou seja, tendo um médico como interlocutor ou receptor da sua criação que, como disse, não teria que ser necessariamente uma pintura ou um desenho, sendo isso (um quadro) apenas uma consequência, claro, dentro da demanda expressiva do habitante da cidade-estado. Daí pensar noutra coisa quando espero atendimento observando aquela infinidade de armários do Judiciário que, repito, deveriam servir para guardar outros conteúdos que não contendas entre as pessoas, quem sabe o acerto do indivíduo com ele mesmo, isso antes de tudo, nos arquivos a vida e não a morte, essa história é meio longa, tenho que sair agora, se der na telha continuo depois, fui
P.S.- Explico: Sou advogado, há quem me reconheça como artista mas não sei, sou tão bagunçado, minhas obras não sei onde se encontram. Poderiam estar nos armários da Justiça mas não estão. Preciso de uma máquina fotográfica, os armários da Justiça serão jogados fora: Tudo será digitalizado.Talvez a arte seja isso: Pura incerteza. Talvez Ferreira Gullar esteja certo. Não sei ao certo. Agora sei. Não preciso produzir várias obras para ser isso ou aquilo, uma apenas é suficiente: Um abraço,
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