21/12/2016

O Egito é aqui? ou: O que deu errado com a Primavera Árabe?


As jornadas de junho começaram com um movimento justo de jovens lutando contra o aumento da passagem de ônibus, sendo que, na 5a. manifestação houve uma invasão de fascistas, o que resultou no MBL, uma sigla que originou-se do trocadilho com MPL: foi o início da derrocada econômica e politica do nosso pais, o que pode ser verificado em gráficos sobre a alteração, para pior, dos nossos índices econômicos a partir de 2013, quadro potencializado pela Operação Destruição a Jato que, como sabemos, foi usada para desferia o golpe contra a democracia e não exatamente para combater a corrupção, afinal de contas os verdadeiramente corruptos assumiram o poder e neste momento os golpistas que tomaram de assalto o cofre desconstroem o Estado brasileiro: estão indo pelo ralo as conquistas sociais alcançadas nos últimos anos, a direita que emergiu das catacumbas ao tomar para si o movimento do MPL, sepulta o projeto de Brasil,  Grande Pais de Classe Média, para dar lugar à velha lógica  da Casa Grande vs Senzala A quem for contar a história deste pais: o momento exato em que a turma do MBL, Vem Pra Rua e Revoltados On Line, autorizados pela policia e pela Globo, tomaram de assalto o movimento do MPL, atentar que eles roubaram inclusive a sigla: MBL é um trocadilho com a sigla MPL... Video imperdivel do registro das hienas saindo das catacumbas para ocupar os holofotes: era o começo de uma trajetória que passou pela eleição do pior Congresso que já tivemos e que deram um golpe de Estado via parlamento e hoje estamos nas mãos dos verdadeiramente corruptos. Se você já assistiu a este video, vale a pena ver de novo...


Este video tem sido constantemente inacessivel, quem puder salvá-lo no Vimeo...
https://www.vice.com/pt_br/article/os-protestos-de-sp-em-7-atos-parte2

Eu já havia postado o video ai que, ao que tudo indica, foi removido ou teve sua URL alterada

http://www.vice.com/pt_br/video/os-protestos-de-sp-em-7-atos-parte2estos-de-sp-em-7-atos-parte2 (link removido)

Sintomático sobre o slogan Não é pelos 20 centavos...e não era mesmo: classe média volta a viajar de ônibus..,.é no que dar carregar o piano sendo que, por falta de esclarecimento, não se sabe aonde colocá-lo, certo

https://josecarloslima.blogspot.com.br/2016/12/classe-media-volta-viajar-de-onibus.html

Que lições podemos tirar da Primavera Árabe

Manifestação na Praça Tharir, no Cairo, em 10 de fevereiro de 2011 (Foto: Jonathan Rashad/ Creative Commons / Wikimedia Commons)
Movimentos foram esmagados por onda autoritária e extremismo; experiência de 1848 pode ajudar a entender o porquê.

Há exatos quatro anos, o mundo tremia com os acontecimentos que vinham do Oriente Médio e do Norte da África.
Em um movimento que não havia sido previsto por nenhum analista político, a população egípcia tomou as ruas do Cairo e, após pouco mais de duas semanas de protestos e de ocupação da Praça Tahrir, finalmente conseguiu tirar do poder o presidente Hosni Mubarak, que governara o Egito com mão de ferro por quase três décadas.
A inesperada queda de Mubarak – no dia 11 de fevereiro de 2011 – era o ápice de uma onda que tivera início no mês anterior, na Tunísia. Na capital Túnis, a auto-imolação do jovem camelô Tarek Mohamed Bouazizi serviu como faísca para uma série de manifestações populares que resultaram na renúncia do ditador Ben Ali em janeiro de 2011, após mais de vinte anos no poder.
Como um tsunami, protestos começaram a se espalhar pelo mundo árabe. Na Líbia, demonstrações iniciadas em fevereiro de 2011 levaram a uma guerra civil que resultaria na morte de Muammar Kaddafi, em agosto. No Iêmen, Abdullah Saleh foi deposto após 33 anos no poder. Na Síria, rebeldes chegaram a ameaçar o poder do ditador Bashar al-Assad, em uma guerra que ainda está por ser finalizada.
A inesperada série de deposições de regimes autoritários que dominavam o mundo árabe há tantos anos foi comemorada por políticos e analistas ocidentais, vista como o início de uma onda de democratização no Oriente Médio.
Para alguns, o fato dos protestos terem sido organizados por jovens utilizando como ferramentas as redes sociais e a internet significava o início de uma nova era, em que movimentos sociais horizontais e desvinculados de partidos iriam transformar o mundo.
Cenário desolador
Quatro anos depois, no entanto, o cenário não poderia ser mais desolador.
Enquanto a guerra civil na Síria já deixou mais de 210 mil mortos, partes do país e do Iraque hoje são dominadas por militantes do autointitulado Estado Islâmico, que vêm chocando o mundo pela forma bárbara como tratam prisioneiros, mulheres e crianças de minorias étnicas e religiosas.
No Egito, a situação também não é animadora. Após um golpe de Estado que depôs o presidente Mohammed Morsi, eleito em 2012, o novo presidente egípcio Abdul Fattah al-Sisi vem jogando opositores do regime nas cadeias, em uma escalada autoritária alarmante.
Já a Líbia pós-Kaddaffi tornou-se um Estado praticamente sem governo, onde líderes tribais, milícias e grupos extremistas disputam hegemonia.
A única exceção é a Tunísia, mais estável e onde eleições livres no final de 2014 deram vitória a um partido secular com membros que, no entanto, têm ligações com o regime de Ben Ali.
Diante deste cenário, surge a pergunta óbvia: Como toda aquela esperança trazida pelas ondas de protestos se desvaneceu dessa forma, poucos anos depois de seu início?
Como movimentos populares espontâneos que foram capazes de derrubar poderosos ditadores falharam em trazer mais avanços, abrindo espaço para extremistas e líderes autoritários?
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Manifestação na cidade de Bayda, na Líbia, em 22 de junho de 2011.( Creative Commons / Wikimedia Commons)
Paralelos históricos
Tentar explicar com tão pouco distanciamento histórico o porquê do fracasso da Primavera Árabe é um desafio hercúleo. Até porque, com tantos países e contextos envolvidos, certamente estamos diante de um fenômeno multicausal, em que inúmeras variáveis contribuem para os resultados que observamos.
Mas uma pista importante para entender o que aconteceu pode ter sido dada pelo historiador britânico Eric Hobsbawm, morto em 2012. Em uma entrevista concedida à BBC no final de 2011, o historiador marxista foi enfático sobre o que pensava sobre a Primavera Árabe:
“Isto me lembra 1848 – outra revolução auto-impulsionada que começou em um país e se espalhou rapidamente pelo continente”, disse Hobsbawm.
De fato, os paralelos entre a Primavera Árabe e a chamada Primavera dos Povos, que tomou a Europa e outras partes do mundo em 1848, são surpreendentes. Tanto que a semelhança entre os nomes dos dois movimentos não é mera coincidência.
Como aponta Kurt Weyland neste artigo, os movimentos de 1848 se espalharam de modo incrivelmente rápido pela Europa, em uma época em que não havia telefones nem internet. Num mundo ainda longe da atual revolução nas comunicações, as notícias sobre as revoltas eram transmitidas por uma incipiente rede de telégrafos, trens e navios a vapor, lembram McKeever e Rapport.
Apesar disso, a velocidade com que isto se deu é chocante, mesmo para nossos padrões. Vejamos:
Tudo começou no dia 24 de fevereiro de 1848, quando revolucionários franceses derrubaram o rei Luís Felipe. Três dias depois, a onda de protestos já atingia Mannheim, na atual Alemanha, logo se espalhando para Viena, Berlim, Milão e, em 22 de março, Veneza, onde uma república foi proclamada.
O mundo parecia em chamas, com revoltas em Copenhague e na atual Hungria. Nem o Brasil ficou de fora, onde a Primavera dos Povos inspirou a pernambucana Revolta Praieira, em novembro de 1848.
Como Weyland lembra em outro artigo, assim como aconteceu na Primavera Árabe, o sucesso dos revoltosos em determinados lugares fazia com militantes tentassem repeti-lo em outros países. Ainda como aconteceu na Primavera Árabe, os movimentos de 1848 não tinham líderes formais e pareciam espontâneos.
Em mais um paralelo apontado por Weyland, os dois movimentos, no entanto, acabaram tendo poucos resultados na forma de avanços democráticos no curto prazo.
Enquanto a Primavera do Povos acabou esmagada por uma onda conservadora na Europa, a Primavera Árabe veio a desaguar no cenário que vemos hoje.
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Pintura de Horace Vernet mostra a luta de barricadas nas ruas de Paris em 1848 (Barricade rue Soufflot/ Creative Commons / Wikimedia Commons)
O que deu errado?
Paralelos históricos podem ser armadilhas perigosas – há sempre o risco de um pesquisador escolher cuidadosamente os fatos que mais se encaixam na teoria que quer provar. Por isso, devem ser usados moderadamente, sem a pretensão de estarmos revelando grandes mecanismos que explicam a sociedade.
Mesmo assim, as semelhanças entre a Primavera dos Povos e a Primavera Árabe são tantas que vale a pena nos determos no movimento de 1848 para tentarmos entender o que aconteceu depois de 2011.
Para Weyland, parte da reposta sobre os motivos que levaram esses movimentos a serem esmagados por ondas autoritárias pode estar no modo como eles se organizaram.
Nascidos na forma de redes, tanto os movimentos de 1848 quanto os de 2011 eram, em grande parte, horizontais, sem hierarquias ou lideranças formais.
Na visão do acadêmico, os membros desses movimentos, devido a falta de experiência política, muitas vezes acabavam por ter dificuldades em processar a realidade política que os cercava, valorizando alguns aspectos de maneira demasiada e negligenciando outros, o que fazia com que muitas vezes riscos excessivos fossem tomados.
Neste contexto (ainda segundo Weyland), pequenas derrotas acabavam por desestabilizar o movimento como um todo, e pequenos  sucessos geravam expectativas enormes, logo frustradas, em um fenômeno que acontece mais raramente em organizações mais verticais, como partidos políticos.
Assim, esses movimentos não conseguiram organizar estruturas capazes de implementar estratégias de ação de mais longo prazo, o que contribuiu de maneira aguda para suas derrotas.
Outras pesquisas, como aquela empreendida por Eilstrup-Sangiovanni e Jones, também apontam para dificuldades que movimentos “horizontais” e em rede têm para se adaptar a novos contextos e ambientes. Segundo elas, organizações do tipo enfrentam obstáculos ao tentar conseguir avanços em situações onde uma coordenação mais complexa é necessária.
Diante disso, podemos sugerir que, embora cheios de energia e ideais, tanto os militantes da Primavera dos Povos como os da Primavera Árabe podem ter perdido suas batalhas justamente pelo modo horizontal e anti-hierárquico como se organizaram.
Isso não quer dizer que há uma falha inerente a organizações horizontais ou qualidades intrínsecas em estruturas hierárquicas, mas que ambas podem ter vantagens e desvantagens, dependendo do contexto.
Como vemos, embora paralelos históricos possam trazer algumas vezes armadilhas perigosas, em outras eles podem ser ferramentas importantes para compreendermos o presente e, quem sabe, pensarmos o futuro.
PS- Fiz uma análise mais abrangente sobre movimentos sociais horizontais e o impacto da tecnologia nesses contextos. O texto (em inglês) pode ser conferido aqui.

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Outras Palavras - www.outraspalavras.net via João Saboia Jr, no GNN: ISIS E A CONEXÃO WASHINGTON - Talmuz AhmadPara crescerem no Oriente Médio e ameaçarem capitais do Ocidente, jihadistas contaram com um apoio essencial: o dos Estados Unidos e seus aliados no mundo árabe Apenas um trecho:As monarquias do Golfo Pérsico lideradas pela Arábia Saudita, a Turquia e os EUA emergem desse imbroglio com pouco crédito.Os sauditas têm continuam focados na mudança de regime na Síria. Isso permitira transformar a guerra civil que se trava lánum grande confronto sectário, no qual Riad apoiara grupos jihadistas, incluindo o Jabhat al-Nusra (um grupo ligado à Al-Qaeda) em sua guerra por procuração contra o Irã. O presidente turco Recep Tayyip Erdogan, nas etapas iniciais do conflito sírio, estava igualmente obcecado com derrubar Assad, visto como um defensor dos curdossírios contra a Turquia. Erdogan permitiu o livre fluxo de jihadistas através da fronteira turca com a Síria, o que reforçou as fileiras do ISIS...continua http://outraspalavras.net/posts/isis-a-conexao-washington/


Video: El Baradei, por um novo mundo árabe, em que a religião se modernize e deixe de se guiar pelo ódio

Os cinco anos da Revolução Egípcia
https://www.wsws.org/pt/2016/feb2016/egpo-f12.shtml

Entrevista com Hamdeen Sabahi, um dos candidatos derrotados de uma esquerda dividida, que teve 3 candidatos contra Mursi, deposto após intervenção militar
http://www.al-monitor.com/pulse/originals/2016/05/hamdeen-sabahi-egypt-president-sisi-tiran-israel-protest.html


O sofrimento de um país Há uma irritação crescente pelos danos que os ataques jihadistas fizeram ao turismo
http://brasil.elpais.com/brasil/2016/01/24/internacional/1453640619_367101.html

Exército do Egito confunde turistas com terroristas e mata 12
http://www.jornalnh.com.br/_conteudo/2015/09/noticias/mundo/216359-exercito-do-egito-confunde-turistas-com-terroristas-e-mata-12.html

Exército egípcio lança ataques aéreos contra Estado Islâmico no Sinai
http://www.jn.pt/mundo/interior/egito-lanca-ataques-aereos-contra-estado-islamico-no-sinai-5444276.html

Frente de Esquerda, ma previsão que não se confirmou
http://brasilsoberanoelivre.blogspot.com.br/2013/07/egito-muda-o-rumo-da-primavera-arabe.html

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