por Jeferson Miola
A delação do diretor da Odebrecht Cláudio Melo Filho vazada pela força-tarefa da Lava Jato é devastadora para o golpista Michel Temer e para o quartel-general do golpe. Não fica em pé uma viga do empreendimento golpista.
Temer derreteu, e o Brasil está derretendo junto. O presidente usurpador perdeu totalmente a capacidade de governar. O país está sendo jogado no precipício que pode causar uma convulsão social: depressão econômica, desemprego próximo dos 15% e calamidade financeira em Estados e Municípios que evoluirá para uma crise humanitária.
O PMDB e o PSDB, partidos da proa golpista, estão diante de enorme responsabilidade histórica. Permitir a continuidade do governo ilegítimo para finalizar os retrocessos anti-povo e anti-nação, é um crime que será cobrado com juros altos no futuro.
O Brasil pede a renúncia do Temer. Segundo pesquisa DATAFOLHA, 63% querem esta saída. É urgente a necessidade de renúncia do Temer. Para evitar uma espiral de calamidade social, o Congresso tem a obrigação de suspender a tramitação da PEC 55/16, da Reforma da Previdência e de outras agendas formuladas pelo governo ilegítimo, e priorizar a renúncia do presidente usurpador e a realização de eleições diretas.
Temer já estava numa situação dramática de sobrevivência desde o cometimento de crime de responsabilidade para patrocinar interesses imobiliários do parceiro Geddel Vieira Lima. Agora, entrou em coma. Seu estado é semelhante ao do enfermo cujas funções vitais estão mortalmente comprometidas e é mantido artificialmente por aparelhos que, a qualquer momento, serão desligados.
Ele é citado 43 vezes nas 82 páginas do depoimento do diretor da empreiteira. É uma notável ficha corrida, só desbancada pelo desempenho do seu preposto, o "Primo" Eliseu Padilha, citado em 45 passagens. O "Angorá" Moreira Franco, outro proeminente integrante do clube dos propineiros, é citado 34 vezes.
Essa turma que tomou o poder de assalto promovia negociatas dentro do Palácio Jaburu. O diretor da empreiteira destaca a solenidade de que se revestia o achaque: "claramente, o local escolhido para a reunião [Jaburu] foi uma opção simbólica voltada a dar mais peso ao pedido de repasse financeiro". Como ficou revelado no caso Geddel, a sede da prática delituosa mudou seu endereço para o Palácio do Planalto.
Além do Temer e de autoridades do coração do Planalto, outros ministros foram denunciados: Mendonça Filho [DEM], José Serra [PSDB] e Bruno Araújo, tucano que em 17 de abril de 2016 proferiu com estridente histeria o voto 342 para o impeachment fraudulento da Presidente Dilma no que a imprensa internacional caracterizou como "uma assembléia geral de bandidos comandada por um bandido chamado Eduardo Cunha".
A cúpula no Congresso, que garantia a sobrevivência do governo golpista, também foi gravemente atingida. O delator citou repasses milionários a Renan, Jucá, Eunício Oliveira, Agripino Maia, Rodrigo Maia, assim como a parlamentares da oposição.
O terrível para Temer e para a sociedade golpista liderada pelo PMDB e PSDB é que a delação de Cláudio Melo Filho é a primeira de um total de 77 acordos de delação firmados só com funcionários e dirigentes da Odebrecht. Além dessas, estão sendo feitas delações por funcionários e diretores de outras empreiteiras. Ou seja, uma tormenta que recém começa.
É óbvio que todas estas circunstâncias eram de conhecimento dos justiceiros da Lava Jato e da mídia desde muito tempo antes da fraude do impeachment, porém foram seletivamente ocultadas para permitir a perpetração do golpe de Estado.
Basta relembrar a famosa lista de Janot ainda de março de 2015 que, todavia, saiu do noticiário e da investigação policial e judicial para não prejudicar a evolução do golpe e também garantir a blindagem do PSDB.
Quem consegue a proeza de fazer desaparecer qualquer vestígio de helicóptero carregado com 450 quilos de cocaína, tem talento suficiente para outros milagres, como de eliminar adversários políticos através de caçadas ideológicas, como a que promovem contra o Lula.
O PSDB, a Globo e a oligarquia golpista arquitetam a sucessão do Temer a partir de 1º de janeiro de 2017 com eleição indireta no Congresso, a tal "assembléia geral de bandidos".
Essa solução é inaceitável, porque será fonte de conflito e tensão social em escala vertiginosa. A saída para o Brasil é a renúncia imediata de Michel Temer, e a convocação de eleição direta em 90 dias. Somente um governo eleito pela soberania popular terá legitimidade e força para evitar que o país caia no precipício.
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