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Esse texto tem tantos problemas que dá até cansaço ter que rebater as várias confusões (propositais?) que o autor comete.
Em primeiro lugar, que obras tão maravilhosas são essas que a política anterior do Minc tornou de livre acesso e que alcance teve isso?
Diz ele que o Estado fez seu papel republicano e democratizante. Pois bem, que eu saiba a Lei Rouanet continua aí firme e forte e a Globo Filmes lançando uma porcaria atrás da outra.
Mas o pior começa no seguinte trecho:
"Quando se fala em mudar o sinal e reforçar a velha lógica dos direitos autorais o que se está sinalizando? Entre outras coisas que o ministério vai trabalhar entendendo o “direito” do artista (de poucos, diga-se de passagem) como mais relevante do que o da difusão da cultura."
Ou seja, para o Rovai o artista tem que se lascar porque o "direito" do público é maior do que o do criador da obra. Preciso responder a essa bobagem? Sem o artista, o público fica a ver navios, cidadão.
Uma das piores coisas que o fenômeno internet provocou foi essa inversão de valores. Qualquer mané que publique o poemeto mais vagabundo no blog mais tosco de um blogspot ou myspace da vida acha que porque dá de graça o que ninguém lê, que os grandes autores são pilantras porque são editados por casas comerciais.
É a mesma turma que acha que se grava disco em casa com computador.
E que acha normal copiar tudo que encontra pela frente porque é isso o que todo mundo faz.
Diz o Rovai que eu estaria defendendo a indústria cultural e seria contra o conhecimento livre.
Esse é um dos truques da turma digital: quem pode querer ser contra a liberdade?
Só os mais reacionários e estúpidos, certo?
Errado!
Informação NÃO é conhecimento. Ninguém é "contra" o conhecimento.
Curioso notar que é o mesmo truque semântico do PIG e sua "liberdade de imprensa" travestida de "liberdade de expressão".
Ninguém é contra a livre circulação da informação, mas se alguém produziu algum conhecimento e depende da produção desse conhecimento para viver, merece ser remunerado por isso e tem todo o direito de regular a difusão desse conhecimento. Se esse direito, legalmente, se estende aos herdeiros, paciência, procure o deputado ou senador em quem vc votou e peça que se mude a lei.
O que não dá é ficar ouvindo essa ladainha de "livre conhecimento" e demonizar artistas, seus herdeiros e os trabalhadores da indústria cultural (eles existem tb, sabiam?) como se ELES fossem o problema por nós não termos renda suficiente para o acesso aos bens de cultura ou por vivermos em um país que oferece muito pouca cultura ao seu povo de forma socializada e de baixo custo ou a custo zero.
A cereja no bolo é a demonização que é feita no seguinte parágrafo:
"Quando se fala em livre conhecimento, entre outras coisas se quer dizer que se é contra criminalizar alguém por baixar música da internet ou por fazer uma cópia de um livro na faculdade."
Bom, se isso é livre conhecimento, então eu estou fora dessa liberdade. Os dois exemplos me dizem apenas o seguinte: a indústria do disco morreu e não soube colocar nada no lugar e os estudantes universitários estão mais pobres ainda do que nos tempos em que eu fiz faculdade, lá se vão 20 anos...
É óbvio que ninguém vai sair por aí prendendo quem baixou MP3 da web ou copiou um livro no xerox da faculdade. Esses são sintomas de uma sociedade subdesenvolvida como a nossa.
Nosso baixo nível cultural é tão gritante que quem escreve o que o Rovai escreveu sobre xerox de livro mostra desconhecer totalmente a lei de direitos autorais do livro no Brasil: a lei autoriza o xerox de um capítulo ou trecho razoável do livro em catálogo e autoriza a cópia INTEGRAL de livro esgotado!
Ou seja, se o fulano tira xerox de um livro de 200 páginas à venda na praça por 35 reais, o problema é a indústria cultural ou o salário dele que precisou desesperadamente da economia de 23 reais (35 - 10 de xerox + 2 de encadernação)?
"Isso quer dizer que o livre acesso ao conhecimento não pode se submeter ao interesse comercial e privado de alguns, mas não significa que os artistas não devam ser remunerados pelo seu trabalho.
Mas significa sim que nem eles (artistas) e nem ninguém podem ser censores da difusão da obra cultural."
Maravilha! Só não explicou como remunerar os artistas, DENTRO do capitalismo, sem as ferramentas que já estão postas.
A frase final, então, que pérola: ele vai me dizer o que fazer com o que eu criei. Falô...
Depois o Zizek escreve que "como uma esquerda dessas quem precisa de direita" e nego acha ruim!
Esse texto tem tantos problemas que dá até cansaço ter que rebater as várias confusões (propositais?) que o autor comete.
Em primeiro lugar, que obras tão maravilhosas são essas que a política anterior do Minc tornou de livre acesso e que alcance teve isso?
Diz ele que o Estado fez seu papel republicano e democratizante. Pois bem, que eu saiba a Lei Rouanet continua aí firme e forte e a Globo Filmes lançando uma porcaria atrás da outra.
Mas o pior começa no seguinte trecho:
"Quando se fala em mudar o sinal e reforçar a velha lógica dos direitos autorais o que se está sinalizando? Entre outras coisas que o ministério vai trabalhar entendendo o “direito” do artista (de poucos, diga-se de passagem) como mais relevante do que o da difusão da cultura."
Ou seja, para o Rovai o artista tem que se lascar porque o "direito" do público é maior do que o do criador da obra. Preciso responder a essa bobagem? Sem o artista, o público fica a ver navios, cidadão.
Uma das piores coisas que o fenômeno internet provocou foi essa inversão de valores. Qualquer mané que publique o poemeto mais vagabundo no blog mais tosco de um blogspot ou myspace da vida acha que porque dá de graça o que ninguém lê, que os grandes autores são pilantras porque são editados por casas comerciais.
É a mesma turma que acha que se grava disco em casa com computador.
E que acha normal copiar tudo que encontra pela frente porque é isso o que todo mundo faz.
Diz o Rovai que eu estaria defendendo a indústria cultural e seria contra o conhecimento livre.
Esse é um dos truques da turma digital: quem pode querer ser contra a liberdade?
Só os mais reacionários e estúpidos, certo?
Errado!
Informação NÃO é conhecimento. Ninguém é "contra" o conhecimento.
Curioso notar que é o mesmo truque semântico do PIG e sua "liberdade de imprensa" travestida de "liberdade de expressão".
Ninguém é contra a livre circulação da informação, mas se alguém produziu algum conhecimento e depende da produção desse conhecimento para viver, merece ser remunerado por isso e tem todo o direito de regular a difusão desse conhecimento. Se esse direito, legalmente, se estende aos herdeiros, paciência, procure o deputado ou senador em quem vc votou e peça que se mude a lei.
O que não dá é ficar ouvindo essa ladainha de "livre conhecimento" e demonizar artistas, seus herdeiros e os trabalhadores da indústria cultural (eles existem tb, sabiam?) como se ELES fossem o problema por nós não termos renda suficiente para o acesso aos bens de cultura ou por vivermos em um país que oferece muito pouca cultura ao seu povo de forma socializada e de baixo custo ou a custo zero.
A cereja no bolo é a demonização que é feita no seguinte parágrafo:
"Quando se fala em livre conhecimento, entre outras coisas se quer dizer que se é contra criminalizar alguém por baixar música da internet ou por fazer uma cópia de um livro na faculdade."
Bom, se isso é livre conhecimento, então eu estou fora dessa liberdade. Os dois exemplos me dizem apenas o seguinte: a indústria do disco morreu e não soube colocar nada no lugar e os estudantes universitários estão mais pobres ainda do que nos tempos em que eu fiz faculdade, lá se vão 20 anos...
É óbvio que ninguém vai sair por aí prendendo quem baixou MP3 da web ou copiou um livro no xerox da faculdade. Esses são sintomas de uma sociedade subdesenvolvida como a nossa.
Nosso baixo nível cultural é tão gritante que quem escreve o que o Rovai escreveu sobre xerox de livro mostra desconhecer totalmente a lei de direitos autorais do livro no Brasil: a lei autoriza o xerox de um capítulo ou trecho razoável do livro em catálogo e autoriza a cópia INTEGRAL de livro esgotado!
Ou seja, se o fulano tira xerox de um livro de 200 páginas à venda na praça por 35 reais, o problema é a indústria cultural ou o salário dele que precisou desesperadamente da economia de 23 reais (35 - 10 de xerox + 2 de encadernação)?
"Isso quer dizer que o livre acesso ao conhecimento não pode se submeter ao interesse comercial e privado de alguns, mas não significa que os artistas não devam ser remunerados pelo seu trabalho.
Mas significa sim que nem eles (artistas) e nem ninguém podem ser censores da difusão da obra cultural."
Maravilha! Só não explicou como remunerar os artistas, DENTRO do capitalismo, sem as ferramentas que já estão postas.
A frase final, então, que pérola: ele vai me dizer o que fazer com o que eu criei. Falô...
Depois o Zizek escreve que "como uma esquerda dessas quem precisa de direita" e nego acha ruim!
1."O fato de o Minc deixar de licenciar o seu site em Creative Commons foi um ato político. Uma declaração de que há uma nova postura no ministério em relação ao debate dos direitos autorais".
Que bom o novo MINC descobriu então que os artistas tambem pagam aluguel.
2. "No governo Lula, o MinC foi aliado da luta para garantir que os bens culturais pudessem ser acessados por toda a população e trabalhou no sentido de construir pontes para debater novas formas de financiamento para o produtor cultural"
Sera que moramos em paises diferentes? No que vivo, vi o povo "ter acesso" a Ivete Sangalo, sertanejos, a musica da pior qualidade, ver filmes contando a historia da vida de sertanejos, mediocres "artistas" de telenovelas "dirigindo" filmes absolutamente horrorosos, o teatro virar continuação da televisão, a pobreza intelectual dominar o ambiente cultural.
Que saiba tambem, a antiga gestão do MINC so foi "discutir" a mudança da lei Rouanet no apagar das luzes.
3."Isso equivale dizer que o Estado fez seu papel republicano e democratizante e não atuou como um despachante de interesses privados ou de corporações".
"Interesse privado" deve ser,por mais incrivel que pareça, o dinheiro para o artista pagar o aluguel. É verdade. "Interesse de corporações" não teve mesmo espaço, logo na gestão do ministro que justificava patrocinio de shows de Ivete Sangalo, "porque não era Madre Teresa de Calcuta para financiar artista sem sucesso".
4."Quando se fala em mudar o sinal e reforçar a velha lógica dos direitos autorais o que se está sinalizando? Entre outras coisas que o ministério vai trabalhar entendendo o “direito” do artista (de poucos, diga-se de passagem) como mais relevante do que o da difusão da cultura".
Simples. No dia em que o artista não tiver mais direito de receber sobre seu trabalho, não havera tambem "direito de difusão", porque não havera o que "difundir".
5."Quando se fala em livre conhecimento, entre outras coisas se quer dizer que se é contra criminalizar alguém por baixar música da internet ou por fazer uma cópia de um livro na faculdade"
Se a musica continuar a ser consumida sem que se pague por ela, vai acabar. Por acaso a quem escreveu a besteira sabe quanto custa uma simples palheta de um fagote ou de um saxofone, ou as cordas de um violoncelo? Por acaso pensa que isso é de "livre distribuição" nas lojas? Quanto aos livros para os estudantes é simples. Que o MEC os distribua.
6. "Que se é contra impedir uma banda do interior de executar Tom Jobim porque não recolheu a grana do ECAD"
São dois problemas. "A grana do ECAD" costuma não ir para o artista. Mas a musica do Tom não pode ser explorada sem que se pague por ela. Alias o trabalho de ninguem deve ser explorado sem remuneração.
7."Que se é contra impedir um grupo de jovens de apresentar um espetáculo de teatro de um autor nacional importante só porque sua família não autorizou".
Ninguem melhor que um filho para saber o que é melhor para a obra de um pai.
8."Ser a favor do livre conhecimento é lutar para que a maior parte dos produtos culturais esteja disponível na rede e que o maior número de brasileiros tenham acesso a eles a partir de um acesso, se possível, público e gratuito à rede".
As pessoas deveriam "ser a favor" da população ser bem remunerada para consumir não so "produtos culturais" mas todos os outros que precisa. O termo "gratuito na rede" esta errado porque produzir cultura tem um custo. No caso quem estaria pagando por essa "gratuidade" seria justamente apenas aquele que deveria receber pela seu trabalho.
9. "Mas significa sim que nem eles (artistas) e nem ninguém podem ser censores da difusão da obra cultural".
Incrivel que pessoas com ares de defensores da sociedade não reconheçam nem o direito de quem produz um trabalho .O artista pode tudo . O João Bosco, por exemplo, pode mudar todas as notas das melodias que compos.O dia em que não for nem reconhecido esse direito dos artistas a ignorancia dominou.
FONTE: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/direitos-autorais-segundo-a-neta-da-lygia-clark?page=2
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