16/06/2008

Exército e governo devem explicações à sociedade

Por Zé Dirceu

Sob a acusação de transgressão disciplinar, o Exército prendeu o sargento Fernando de Alcântara de Figueiredo, companheiro do sargento Laci Marinho de Araújo, também preso, este acusado de deserção mas, tudo indica, na verdade discriminado pela sua condição de homossexual. Essa história de transgressão disciplinar é desculpa. Usam-na para encobrir o preconceito, que beira a homofobia, em toda essa ação e reação dos militares. Não há como justificar tais prisões, e sua repercussão, então, inventam desculpas estapafúrdias para dissimular a discriminação.O sargento Figueiredo foi condenado a 8 dias de prisão administrativa acusado de transgressão disciplinar: segundo seu advogado, o Exército diz que ele não poderia ter vindo a São Paulo, dar entrevista à TV (acompanhou o companheiro, sargento Laci, numa entrevista ao programa Superpop, de Luciana Gimenez) sem autorização superior e usou um uniforme militar "alterado" nas fotos da revista que fez reportagem na qual o casal assumiu sua relação homossexual.Onde estão o governo, suas instâncias de defesa dos direitos humanos e as demais entidades da sociedade civil que atuam na área e que não cobram, deixam passar sem o devido esclarecimento legal e público, um episódio desses? Não questionam nem as reais razões dessas prisões, sua base legal? O questionamento é a única forma de o assunto ser discutido e de se confirmar a homofobia que gera essas prisões, a discriminação e o preconceito que ainda cercam essas pessoas nas Forças Armadas.Sinceramente, leitores, não há mesmo como não pensarmos em preconceito, em homofobia, diante de medidas tão descabidas. O mínimo que a sociedade exige, e até pelo fato de serem poucas as informações veiculadas, é que o governo, o Ministro dos Direitos Humanos e o próprio Exército esclareçam esta prisão e os fatos e antecedentes a ela relacionados, sob pena de estarmos legalizando no Brasil a homofobia e, o pior, a sua impunidade.
PS: imperdível as opiniões dos leitores em resposta a este texto de Dirceu. Ainda bem que tais opiniões não refletem o pensamento dos brasileiros, esperamos que não. Lendo a opinião de alguns leitores tem-se a impresaão de que nenhum exército do mundo aceita gays em suas fileiras.Até o exército israelense, em estado de guerra permanente, os aceita."Desde Novenbro de 2006, o casamento gay é reconhecido em Israel. A união civil entre pessoas do mesmo sexo é reconhecida desde 1993, e um casal homossexual usufrui de quase todos os direitos de um matrimônio heterosexual. O exército israelense também aceita homossexuais. Aliás, ser homossexual não é empecilho para o serviço obrigatório no exército."Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Homossexualidade_em_Israel

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