Por Rogério Martins/LNO
Eu sou pintor e as vezes me encontro com algumas opiniões sobre o que é arte, bem interessantes.
a mais clássica é: "o que você quis dizer com esse trabalho?" ou então, essa do "isso até eu faço!".
Bom, para que entendam rapidamente a questão, sem ter que aprofundar nem fundamentar meus argumentos em simiologia, linha do tempo, estética, harmonia e composição eu digo o seguinte:
"o que você quis dizer com esse trabalho?" A pergunta sempre vem acompanhada da necessidade de que se verbalize a obra, que ela tenha conteúdo literário, daí respondo: nada! Quando eu for dizer alguma coisa eu vou escrever um livro de poema ou prosa. Daí concluo dizendo que o meu trabalho é uma provocação ao que a pessoa em questão pensa, vê, percebe e sente. Aproveito para dar um exemplo e uso para tal a musica instrumental. Ela não diz nada, não tem vocabulário mas te faz sentir alguma coisa quando você a ouve. Você gosta ou não, mas de qualquer modo, ela não deixa de provocar em você sentimentos e sensações e com a arte (inclusive a que não se "entende") é do mesmo modo.
Sobre a expressão "isso ai até eu faço" sou mais economico e respondo: então porque não fez? Agora já está feito! Nesse caso nem entro nas questões teoricas e tecnicas da questão.
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Um comentário:
Olá José Carlos,
Quando li seu post, não pude deixar de rir ao me lembrar de uma conversa que tive com um antigo professor meu de conversação em espanhol. Ele, poeta, pintor, ator de teatro. Pois bem, não sou um "expert" no tema (apesar dele sempre querer me mostrar que eu possuía "pendor" para a área, rs) e mesmo assim ele presenteou-me com uma de suas pinturas abstratas - muito interessantes por sinal. Nesta ocasião, alguns amigos meus estavam presentes e fizeram a pergunta clássica, rs, e ele respondeu meio irritado: "Isto se parece com isto!" Daí eu gargalhei e ele completou: "Um barco se parece com um barco, por 'isto' tem que se parecer com outra coisa?"
Ele já se foi, por conta de um câncer de próstata. Morreu em São Paulo. Eu moro em Salvador. Ele era um andarilho, um vagamundos, como ele mesmo gostava de dizer. Eu queria muito resgatar todo o trabalho dele e publicá-lo, pois este era um sonho que ele alimentava pouco antes de partir. Mas creio não ser possível.
É isto aí. Continue escrevendo, pois seu blog é bem legal.
Gileno Amaral
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