Fiz esta busca como a demonstrar o quanto ainda temos que avançar e nos retificar no campo dos direitos e garantias individuais e coletivos da mulher. Como pode, depois de 100 anos de um discurso como o da 1a. mulher ministra da nossa história, termos regredido tanto neste campo.
Discurso da primeira mulher ministra da história permanece atual. Foto: Arquivo FMG
“A lei equipara a mulher em direitos, mas a realidade ainda não a libertou: as operárias e camponesas continuam sujeitas ao trabalho doméstico como escravas da própria família”, este é um trecho do discurso da primeira mulher ministra do mundo, Alexandra Kollontai, em 1918. Quase cem anos depois, a luta por direitos iguais, valorização e divisão do trabalho doméstico ainda é a uma realidade para mulheres de todo o mundo.
Alexandra Kollontai foi ministra na União Soviética, logo após a revolução de 1917Alexandra Kollontai foi ministra na União Soviética, logo após a revolução de 1917 Alexandra Kollontai fez este discurso às mulheres trabalhadoras da União Soviética pouco menos de um ano após a revolução cujo um dos objetivos era a igualdade de gênero. Ela foi a primeira mulher ministra da história, muito temo antes que as mulheres no restante do mundo tivessem direito ao voto.
Em seu discurso, destaca a importância da divisão de trabalhos domésticos e do cuidado dos filhos de forma a libertar a mulher para que ela possa se integrar à vida em sociedade como os homens e desempenhar papéis importantes. “Em todo lugar a mulher pode votar, ser membro dos sovietes ou comissária. Até comissária do povo!”.
Leia o discurso de Alexandra Kollontai na íntegra:
Camaradas trabalhadoras, por longos séculos a mulher não teve liberdade e direitos, pois era tratada como um mero apêndice, como a sombra do homem. O marido sustentava a esposa e em troca ela se curvava ao seu arbítrio, suportando quieta a falta de justiça e a servidão familiar e doméstica. A Revolução de Outubro emancipou a mulher: hoje as camponesas têm os mesmos direitos que os camponeses e as operárias os mesmos direitos que os operários.
Em todo lugar a mulher pode votar, ser membro dos sovietes ou comissária. Até comissária do povo. A lei equipara a mulher em direitos, mas a realidade ainda não a libertou: as operárias e camponesas continuam sujeitas ao trabalho doméstico como escravas da própria família. Os operários devem agora cuidar para que a realidade tire dos ombros delas o fardo de lidar com os filhos e alivie o peso dos serviços de casa às operárias e camponesas. A classe operária também está interessada em liberar a mulher nessas esferas.
Os operários devem entender que a mulher é tão integrada à família do proletário quanto ele mesmo, pois trabalha nas mesmas condições que o homem. Um terço da riqueza da terra surge das mãos das mulheres, a Europa e a América contam com 70 milhões de operárias. Numa sociedade comunista mulheres e homens devem ter direitos iguais! Sem essa igualdade, não há comunismo.
Então, mãos à obra, camaradas trabalhadoras! Iniciem sua emancipação! Construam creches e maternidades, ajudem os sovietes a criar refeitórios públicos, ajudem o Partido Comunista a criar uma nova e radiosa realidade. Tomem lugar nas fileiras de todos os que lutam pela libertação dos trabalhadoras, pela igualdade, pela liberdade e pela alegria dos filhos de vocês. Tomem lugar, operárias e camponesas, sob a bandeira vermelha revolucionária do vitorioso comunismo mundial.
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