09/03/2017

Centenário do discurso da primeira mulher ministra da história mundial

Este discurso não deixa de ser uma resposta ao discurso de Michel Temer, um dos personagens do golpe misógino.
Fiz esta busca como a demonstrar o quanto ainda temos que avançar e nos retificar no campo dos direitos e garantias individuais e coletivos da mulher. Como pode, depois de 100 anos de um discurso como o da 1a. mulher ministra da nossa história, termos regredido tanto neste campo.


Resultado de imagem para a liberdade guiando o povo
A Liberdade guiando o povo é uma pintura de Eugène Delacroix em comemoração à Revolução de Julho de 1830, com a queda de Carlos X.
Wikipédia


Discurso da primeira mulher ministra da história permanece atual. Foto: Arquivo FMG

“A lei equipara a mulher em direitos, mas a realidade ainda não a libertou: as operárias e camponesas continuam sujeitas ao trabalho doméstico como escravas da própria família”, este é um trecho do discurso da primeira mulher ministra do mundo, Alexandra Kollontai, em 1918. Quase cem anos depois, a luta por direitos iguais, valorização e divisão do trabalho doméstico ainda é a uma realidade para mulheres de todo o mundo.

Alexandra Kollontai foi ministra na União Soviética, logo após a revolução de 1917Alexandra Kollontai foi ministra na União Soviética, logo após a revolução de 1917 Alexandra Kollontai fez este discurso às mulheres trabalhadoras da União Soviética pouco menos de um ano após a revolução cujo um dos objetivos era a igualdade de gênero. Ela foi a primeira mulher ministra da história, muito temo antes que as mulheres no restante do mundo tivessem direito ao voto.

Em seu discurso, destaca a importância da divisão de trabalhos domésticos e do cuidado dos filhos de forma a libertar a mulher para que ela possa se integrar à vida em sociedade como os homens e desempenhar papéis importantes. “Em todo lugar a mulher pode votar, ser membro dos sovietes ou comissária. Até comissária do povo!”.

Leia o discurso de Alexandra Kollontai na íntegra:

Camaradas trabalhadoras, por longos séculos a mulher não teve liberdade e direitos, pois era tratada como um mero apêndice, como a sombra do homem. O marido sustentava a esposa e em troca ela se curvava ao seu arbítrio, suportando quieta a falta de justiça e a servidão familiar e doméstica. A Revolução de Outubro emancipou a mulher: hoje as camponesas têm os mesmos direitos que os camponeses e as operárias os mesmos direitos que os operários.

Em todo lugar a mulher pode votar, ser membro dos sovietes ou comissária. Até comissária do povo. A lei equipara a mulher em direitos, mas a realidade ainda não a libertou: as operárias e camponesas continuam sujeitas ao trabalho doméstico como escravas da própria família. Os operários devem agora cuidar para que a realidade tire dos ombros delas o fardo de lidar com os filhos e alivie o peso dos serviços de casa às operárias e camponesas. A classe operária também está interessada em liberar a mulher nessas esferas.

Os operários devem entender que a mulher é tão integrada à família do proletário quanto ele mesmo, pois trabalha nas mesmas condições que o homem. Um terço da riqueza da terra surge das mãos das mulheres, a Europa e a América contam com 70 milhões de operárias. Numa sociedade comunista mulheres e homens devem ter direitos iguais! Sem essa igualdade, não há comunismo.

Então, mãos à obra, camaradas trabalhadoras! Iniciem sua emancipação! Construam creches e maternidades, ajudem os sovietes a criar refeitórios públicos, ajudem o Partido Comunista a criar uma nova e radiosa realidade. Tomem lugar nas fileiras de todos os que lutam pela libertação dos trabalhadoras, pela igualdade, pela liberdade e pela alegria dos filhos de vocês. Tomem lugar, operárias e camponesas, sob a bandeira vermelha revolucionária do vitorioso comunismo mundial.




Nada de incêndio na fábrica! Esta é a verdadeira história do 8 de março


Golpe misógino faz Brasil retroceder à depressão de 1929

Para Temer o lugar de mulher é no supermercado



GGN: Temer diz que é papel da mulher e não do homem cuidar da casa e dos filhos


Reforma da previdência é boa para os bancos e ruim para as mulheres

Márcia Tiburi: Nós nos tornamos quem somos




Nenhum comentário: