Por Rodrigo Viana - em seu blog
RAIZES DO BRASIL
É comum ouvir por aí que na História do Brasil não há espaço para revoluções, enfrentamentos, derramamento de sangue. Nosso povo teria uma “índole pacífica” – diziam os livros de Educação Moral e Cívica no fim dos anos 70 e início dos anos 80, quando eu tomei contato com o assunto nos bancos da escola.
A História do Brasil: construída sempre com muita delicadezaÉ comum ouvir por aí que na História do Brasil não há espaço para revoluções, enfrentamentos, derramamento de sangue. Nosso povo teria uma “índole pacífica” – diziam os livros de Educação Moral e Cívica no fim dos anos 70 e início dos anos 80, quando eu tomei contato com o assunto nos bancos da escola.
Trata-se de grossa mentira. Índole pacífica? Trezentos anos de Escravidão foram resultado de “índole pacífica”. O massacre de Canudos revela também nossa índole pacífica? E o Quilombo de Palmares? E tantas outras rebeliões ou revoluções populares – com a dos Alfaiates na Bahia, ou a de Pernambuco em 1817?
Parece-me evidente que a tese do “povo pacífico”, ou da “história sem revoluções”, cumpre um papel puramente ideológico: esconder os conflitos, jogar pra debaixo do tapete a energia reformista ou revolucionária de nosso povo.
Os conflitos existiram, e seguem existindo no Brasil. Isso é uma coisa. Outra coisa é reconhecer que a forma brasileira de enfrentar os conflitos é – quase sempre – dissimulada. Mais um exemplo: há um sujeito por aí que quer convencer os brasileiros de que “Não Somos Racistas”; ele acha que assim vai evitar debates sobre nossa triste herança escravista. Coitado...
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