Na Mostra do Filme Livre será exibido no dia 24 de abril, às 21:00 no Cine Odeon BR.
curta Café com Leite está no ar no site Porta Curtas! Assista: no link abaixo
http://www.portacurtas.com.br/Filme.asp?Cod=5673
Crítica do Café na Revista Moviola
Crítica do Café com Leite para a Revista Moviola feita por Fernando Secco."Uma das grandes desvantagens do “gênero” conhecido como “cinema gay” (de ficção, no caso) é que a grande maioria dos filmes se sente obrigado a tocar na questão do homossexualismo como algo ainda em processo de aceitamento, de entendimento. Há, então, uma barreira que acaba separando os filmes “hetero” dos filmes “homo”, como se estes (ainda) tivessem obrigação de lutar contra aqueles, de se afirmar, de levantar a banderia da luta do movimento LGBT a qualquer momento possível (esse problema se dá também, e de modo mais grave, nos documentários, mas disso falo em outro texto).Em alguns momentos de lucidez desse cinema, porém, a barreira que separa esses dois ambientes se dissolve e sequer aparece como questão central. Café com Leite é um desses momentos onde a naturalidade da aceitação do universo gay já está dada e não há estranhamento algum de qualquer personagem com a relação homossexual do filme.É um passo a frente, uma amostra de que a luta pela igualdade só pode ser palpável se essa igualdade estiver estampada na tela.Um documentário da mesma sessão, Cinema em 7 cores, de Rafaela Dias e Felipe Tostes, aborda bem essa questão. Programado como primeiro filme da sessão e do festival (aliás, parabéns para a curadoria pelo encadeamento perfeito da sessão) o média introduz a questão da representação da personagem homossexual no cinema. Seguindo o processo do livro A Personagem Homossexual no Cinema Brasileiro, de Antônio Moreno (um dos entrevistados), o filme traça um panorama da personagem homo e das suas possíveis representações, lançando um desafio para os filmes a seguir de se posicionarem a respeito dessa representação.Um dos problemas levantados por Cinema em 7 Cores é exatamente o que Café com Leite busca suplantar: personagens que consigam tratar o universo gay como natural, como trivial, como irrelevante (no sentido de uma necessidade de auto-afirmação).Café com Leite é, então, um filme de relacionamento desde o primeiro momento. O primeiro plano do filme, onde os dois atores se encontram abraçados na cama numa posição clássica do “cinema hetero” de “homem-mulher” (esta deitada no peito daquele), assim como toda a primeira sequência do filme, já revelam a naturalidade em que a questão vai ser dada.O importante dessa representação é que ela se quebra ao longo do filme. Esse processo de busca de um feminino na relação, comum em filmes homo e, normalmente, responsável por não acarretar uma discussão necessária em cima do gênero das pessoas envolvidas, é totalmente abandonada pelo filme. As personagens trocam e confundem seus papéis de homem-mulher da relação, deixando evidente que não é exatamente assim que se relacionam dois homens (nesse sentido Café com Leite tem, aliás, uma posição parecida com a de O Segredo de Brokeback Moutain, de Ang Lee)Há sim o conflito de aceitação dentro do filme mas é do garotinho que, com a morte dos pais, não consegue aceitar nenhum tipo de intrusão entre a relação dele com o irmão. Sutilmente, o filme coloca a questão sem abordar um conflito homofóbico necessariamente, mas um conflito humano acima de tudo."
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http://www.portacurtas.com.br/Filme.asp?Cod=5673
Crítica do Café na Revista Moviola
Crítica do Café com Leite para a Revista Moviola feita por Fernando Secco."Uma das grandes desvantagens do “gênero” conhecido como “cinema gay” (de ficção, no caso) é que a grande maioria dos filmes se sente obrigado a tocar na questão do homossexualismo como algo ainda em processo de aceitamento, de entendimento. Há, então, uma barreira que acaba separando os filmes “hetero” dos filmes “homo”, como se estes (ainda) tivessem obrigação de lutar contra aqueles, de se afirmar, de levantar a banderia da luta do movimento LGBT a qualquer momento possível (esse problema se dá também, e de modo mais grave, nos documentários, mas disso falo em outro texto).Em alguns momentos de lucidez desse cinema, porém, a barreira que separa esses dois ambientes se dissolve e sequer aparece como questão central. Café com Leite é um desses momentos onde a naturalidade da aceitação do universo gay já está dada e não há estranhamento algum de qualquer personagem com a relação homossexual do filme.É um passo a frente, uma amostra de que a luta pela igualdade só pode ser palpável se essa igualdade estiver estampada na tela.Um documentário da mesma sessão, Cinema em 7 cores, de Rafaela Dias e Felipe Tostes, aborda bem essa questão. Programado como primeiro filme da sessão e do festival (aliás, parabéns para a curadoria pelo encadeamento perfeito da sessão) o média introduz a questão da representação da personagem homossexual no cinema. Seguindo o processo do livro A Personagem Homossexual no Cinema Brasileiro, de Antônio Moreno (um dos entrevistados), o filme traça um panorama da personagem homo e das suas possíveis representações, lançando um desafio para os filmes a seguir de se posicionarem a respeito dessa representação.Um dos problemas levantados por Cinema em 7 Cores é exatamente o que Café com Leite busca suplantar: personagens que consigam tratar o universo gay como natural, como trivial, como irrelevante (no sentido de uma necessidade de auto-afirmação).Café com Leite é, então, um filme de relacionamento desde o primeiro momento. O primeiro plano do filme, onde os dois atores se encontram abraçados na cama numa posição clássica do “cinema hetero” de “homem-mulher” (esta deitada no peito daquele), assim como toda a primeira sequência do filme, já revelam a naturalidade em que a questão vai ser dada.O importante dessa representação é que ela se quebra ao longo do filme. Esse processo de busca de um feminino na relação, comum em filmes homo e, normalmente, responsável por não acarretar uma discussão necessária em cima do gênero das pessoas envolvidas, é totalmente abandonada pelo filme. As personagens trocam e confundem seus papéis de homem-mulher da relação, deixando evidente que não é exatamente assim que se relacionam dois homens (nesse sentido Café com Leite tem, aliás, uma posição parecida com a de O Segredo de Brokeback Moutain, de Ang Lee)Há sim o conflito de aceitação dentro do filme mas é do garotinho que, com a morte dos pais, não consegue aceitar nenhum tipo de intrusão entre a relação dele com o irmão. Sutilmente, o filme coloca a questão sem abordar um conflito homofóbico necessariamente, mas um conflito humano acima de tudo."
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