11/04/2012

A morte na visão dos bichos

Com o codinome de Juriti do Cerrado publiquei esta postagem no blog do Luis Nassif

Lembro-me que quando eu era criança e morava na roça,  bois, vacas e bezerros seus mortos. Se uma vaca era abatida hoje para consumo da família,  eu contava até nos dedos: No sétimo dia, por volta de 10 horas,  eu ouvia de longe o prantear dos bichos. Chorando bem alto, em coro, os bichos se aproximavam do local onde a vaca havia sido morta. Bastante agitados e cavucando o chão como que desenterrando um ente familiar, os bichos choravam e em seguida iram-se embora para retornar no sétimo dia da próxima morte. Intrigante este sentimento dos bichos diante da morte do seus.
Não sei se é porque ficam expostas e daí que chama mais a atenção, mas parece que os bichos ficam incomodados ao verem seus entes queridos inertes  e sem vida no asfalto. O ideal seria uma rua para a passagem dos carros e outra in natura passando no fundo das casas(sem quintais) para a interação com o reino animal. Pensando bem todas as crianças deveriam ter esse contato, mas hoje as escolas levam a criançada para os shoppings  centers.
Fui testemunha de vacas chorando, com as lágrimas escorrendo dos olhos,  diante da aproximação do capataz com o machado na mão. Também era costume as ovelha se ajoelhavam ao se verem na mesma situação, não tenho culpa de ter visto tudo isso, vai ver que falta algum parafuso na minha cabeça. 
Fazer o que se esse é verdade. Os bichos tem seus repertórios específicos e este era o daqueles bovinos da raça curraleira, praticamente selvagem, nada de aplicação de hormônios e confinamentos por interesses mercantis. Era tudo muito puro, a indústria da soja acabou com tudo.

Que bom, saber que você tem este privilégio de ter contato diários com a mata, um ambiente para o qual deveriam ir, todos os dias, exceto nas férias, esses jovens sem nem beira, só querem saber de cheirar cola, poderiam ser levados para as plantações,  onde poderiam frequentar boas escolas, bem como ter acesso às artes, não custa nada sonhar, não é mesmo. No final da tarde eles retornariam para o aconchego familiar na cidade-estado.
Sem a música de fundo estas coisas não dizem nada?  Depende do fotógrafo, só mesmo ele, o artista para, através da sua percepção e capacidade de registro, ressignifcar o mundo. O fotógrafo traz em suas mãos não uma uma simples luneta mas um lexômetro, um instrumento de leitura da realidade, através do qual, este mundo até então oculto é colocado diante de nós, para nosso deleite ou reflexão. Assim, o velho mundo desmorona  para dar lugar a uma  realidade até então escondida.
Não ao antropocentrismo.
Gente como Cachoeira deveria pensar duas vezes antes de cometer um crime que poderia levá-lo para a cadeia. Assista ao vídeo e saiba porque. Esse cãozinho poderia muito bem ser do bicheiro que foi pego com a boca na botija.
É de cortar o coração a senciência dos bichos, este desejo de proteção mútua.
Se bem que nos caso do  Cachoeira,  como não ficam tanto tempo no xilindró, seus bichos não sofrem tanto, afinal de contas Daniel Dantas foi solto bem rápido por Gilmar Mendes: Duas vezes em 48 horas, vai ver que os bichos nem sentiram a ausência do dono.
"(...) Quando, eventualmente, os que se vão deixam bem amparados os que ficam, a choradeira é contida, o entêrro é rápido, pois ninguém é de ferro e a vida é curta.
Há ! alguns dirão: mas tem culturas que celebram a morte. Ora, estas são menos hipócritas. Já alcançaram o nirvana(...)" (Jorge Vieira)
kkkkkkkk
Um amigo me contou que não gosta de ir a velório de rico porque sofre um lapso de memória, quer dizer, ato falho, que o leva a trocar o "meus pêsames" por "meus parabéns"...rsss
Falando em sentimento maternal, lembrei-me do dia em que fui perseguido por uma família de cobras, cuja mãe pensei que estava dormindo. Que nada, ela estava apenas disfarçando. O pior de tudo é que não foi somente a mamãe cobra que me perguiu mas toda a ninhada, aquele monte de cobrinhas atrás da mãe querendo me pegar. Haja perna para poder escapar desse instinto maternal.
Ah, me deu uma preguiça de escrever agora, vou deixar os lembretes, depos continuo:
Misantropia -  O pessoal da SUDENE
Descambando na ladeira.
Diante de um carro, um fusca, pela primeira vez.
O medo diante do rio. Colete prá que.
O refrigerante. Foi assim. Na roça não tinha essas coisa de tomar banho em casa. Banheiro nem pensar. Refrigerante tomei pela primeira vez já grandinho. Até hoje lembro. Era guaraná, o líquido entrou rasgando tão desacostumado éramos com essa coisa de tecnologia, coisa fabricada.  Tudo era feito a uma certa distância de casa, num riacho que, no tempo da seca era transformado em poças d´agua. 
A manga

"Os eruditos são aqueles que leram nos livros; mas os pensadores, os gênios, os iluminadores do mundo e os promotores do gênero humano são aqueles que leram diretamente no livro do mundo."
De Arthur Schopenhauer, citado por Assis Ribeiro. 


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