02/12/2009

Quando dizem que a gente disse o que a gente não disse

Ontem assisti estarrecido o uso de uma frase dita por Lula numa resposta a um repórter, a Globo isolou um pequeno trecho da fala do presidente para dizer que Lula disse o que na verdade não disse, sobre este assunto segue este interessante texto do jornalista Luis Carlos Azenha, em seu viomundo

Consultoria gratuita

por Luiz Carlos Azenha (a propósito das declarações de Lula sobre o escândalo em Brasília, usadas fora do contexto):

Durante a campanha eleitoral americana, em 2008, eu vi com os meus próprios olhos: os autores dos discursos de Barack Obama escreviam os textos de maneira a impedir que a edição das falas do candidato pudesse ser usada contra ele.

Amarravam de tal forma o "pensamento" de Obama que dificultavam -- quando não impediam -- que um editor de televisão pinçasse uma frase para ilustrar um pronunciamento do candidato.

Isso e mais: o blog do Obama -- e dezenas de blogs progressistas -- cuidavam de disseminar os discursos completos do candidato, sem edição, para que os próprios leitores, ouvintes e telespectadores pudessem conferir contra a versão dada pela mídia aos discursos de Obama.

Em casos controversos, o candidato simplesmente não falava: emitia uma nota oficial, curta e grossa, de duas frases. Os editores eram obrigados a reproduzí-la na íntegra e não havia margem para distorções, voluntárias ou involuntárias.

A mídia é uma fera que quer ser alimentada a qualquer custo. Mas o dono da informação pode -- e, nos tempos de hoje, deve -- definir o cardápio. É da natureza da idade da informação.
.

Nenhum comentário: